Transtornos alimentares na pandemia: 3 sinais de alerta
Guilherme Cardoso da Silva
A pandemia causou o isolamento social. Por isso, muitas coisas mudaram na rotina da maioria da população. Uma delas foram os hábitos alimentares. Com isso, muitas pessoas tiveram transtornos alimentares na pandemia.
Se alimentar é um ato comum para o ser humano. Não só é considerado algo prazeroso pela maioria, como também é sinônimo de comemoração, descanso, felicidade, encontro com familiares e amigos e por aí vai.
E nesse momento, em que você fica mais em casa, em home office, o ato de se alimentar também fica limitado. Afinal, os acessos a bares e restaurantes foram proibidos. E daí, como fica a relação com a alimentação? Será que ela não sofre mudanças?
Vamos conferir alguns sinais de que é preciso ficar atento à alimentação em momentos pandêmicos para que você evite (ou saia de) transtornos alimentares na pandemia.
Índice
O que são transtornos alimentares
A nossa existência está ligada ao ato de comer. Então, é normal que, ao longo da vida, a pessoa passe por várias etapas que envolvam a sua alimentação.
Essa relação, como todas as outras, pode ser ou não saudável. Como o próprio nome sugere, os transtornos alimentares interferem na relação da pessoa com a comida. Os mais comuns são anorexia nervosa, bulimia nervosa e o transtorno de compulsão alimentar. E os transtornos alimentares na pandemia que tiveram mais diagnósticos também foram estes.
O peso do isolamento social nos transtornos alimentares
O ser humano é um ser social. Portanto, precisa fazer contato com outras pessoas, nem que seja só para observá-las. Durante a pandemia, se ouviu muito a expressão “novo normal”. Mas não tínhamos parâmetro para saber como isso funciona. Afinal, é a primeira vez que as novas gerações passam por um momento pandêmico.
Em março de 2020, aqui no Brasil, iniciamos um isolamento social, que, ao que parecia, duraria algumas semanas, mas já se aproxima dos dois anos. E, diante de tantas notícias ruins da pandemia, alguns pontos ficam em segundo plano, mas não deixam de ser vitais.
Assim, é bem provável que este foi o motivo dos transtornos alimentares na pandemia terem crescido tanto. Dessa forma, é vital que as pessoas saibam que o isolamento social traz efeitos colaterais para as pessoas, e isso vai refletir de várias formas na população.
Transtornos mentais
Há poucas décadas, tratar vários transtornos era algo muito rudimentar. Afastavam algumas pessoas do convívio social por terem modos de agir que fugiam do “normal”, e pessoas depressivas eram taxadas de preguiçosas, fracas. Além disso, não era incomum alguém comentar que depressão era “frescura”.
Mas a verdade é que ninguém está livre de desenvolver um transtorno mental, desde os mais brandos até os mais agressivos. Eles podem ocorrer em várias fases da vida, com ou sem um motivo específico. Então, é bom ficar atento, tanto na sua vida, como na vida de pessoas com que você convive. Assim, notando alguns sinais, pode-se tomar atitudes visando a solução dos problemas enquanto eles ainda são pequenos.
Compulsão alimentar e obesidade são transtornos alimentares?
O transtorno de compulsão alimentar é a ingestão compulsiva de alimentos, e isso causa um certo sofrimento. Via de regra, pessoas que têm compulsão alimentar manifestam episódios compulsivos pelo menos uma vez por semana. Com frequência, comem muito rápido, sem apreciar o alimento e, muitas vezes, sem estarem com fome.
É comum que pessoas com transtorno de compulsão alimentar tenham sentimento de culpa atrelado a esse processo. Por isso, tendem a comer de maneira compulsiva quando estão sozinhos, para esconder este modo de agir. Nesse caso, o isolamento tem um “benefício” óbvio para a compulsão: você está sempre sozinho, então desenvolver transtornos alimentares na pandemia como este é muito mais fácil.
Por causa da frequência desses episódios, não raro as pessoas que têm esse transtorno estão acima do peso, ou são obesas.
Anorexia Nervosa e Bulimia
A anorexia nervosa é um transtorno alimentar com o medo excessivo de engordar. Isso faz com que a pessoa restrinja demais a ingestão calórica, pois quer ficar com um peso muito abaixo do considerado normal e saudável.
Já a bulimia, também conhecida como bulimia nervosa, é um transtorno alimentar com a compulsão alimentar, seguido de comportamentos compensatórios inapropriados, como a purgação. A purgação é ato de expelir ou expulsar o alimento de alguma forma. Transtornos alimentares na pandemia têm também uma via mais fácil de ter a purgação, já que tem menos gente por perto para “vigiar” ou notar o problema.
Como o estresse afeta o apetite e o comportamento alimentar?
Existem muitas maneiras de lidar com o estresse, já que cada pessoa tem as suas “válvulas de escape”. O grande problema é que algumas pessoas têm “válvulas” saudáveis, ao passo que outras nem tanto.
Outro grande problema é o próprio estresse. Embora seja difícil de evitar alguns episódios estressantes, aprender a lidar com certos problemas pode ser uma forma interessante de tirar o estresse. É o clássico “não são as coisas, mas a forma como enfrentamos as coisas”.
Veja bem: algumas pessoas descontam o estresse na comida. Se tiveram um dia estressante, buscam no prazer de comer esse alívio. Porém, o principal problema são os alimentos mais palatáveis. Ou seja, aqueles que dão mais prazer e, no geral, têm muito açúcar e gorduras. Isso resulta em um alimento com muitas calorias, o que favorece o aumento de peso. Portanto, transtornos alimentares na pandemia, que também aumentou o sedentarismo, podem trazer a obesidade também à tona.
3 sinais de que você pode ter um transtornos alimentares
A auto-observação é uma tarefa que exige bastante cautela, por isso, não é uma missão simples. Não raro as pessoas estão afundadas em um problema e não se dão conta, mesmo tendo a sua frente muitos sinais. Portanto, é bom ficar atento a três importantes sinais de transtornos alimentares na pandemia, em que, no geral, você conta com menos ajuda. Acompanhe!
1. Perda ou ganho de peso repentinos
O peso é algo relativo, pois varia de acordo com a sua altura, com a massa muscular ou e até mesmo com a sua estrutura óssea. Porém, é inegável que o peso total é um bom parâmetro.
Você pode nem perceber, mas existe uma força que sempre atua para manter o seu peso em uma média. A isso se dá o nome de “set-point”. Por mais que você pegue mais pesado em uma semana, tendo um aumento de peso, só o fato de voltar à rotina fará com que ele volte ao que era antes. Já percebeu isso?
O mesmo ocorre quando você pega uma gripe ou uma virose. O seu peso tem uma queda aguda, mas ao se recuperar, você não precisa fazer uma grande mudança na rotina para que ele volte.
E o que eu quero dizer com isso?
No geral, que não é normal que você tenha uma perda ou ganho repentino de peso. Fique atento a isso.
2. Sensação de descontrole com a comida
Você já teve a sensação de que perdeu o controle da ingestão de uma refeição?
Você começa a comer, tem uma sensação muito boa, muito prazerosa, e a impressão que você tem é a de que não quer que aquele momento acabe. E é nesse momento que você tem a impressão de que perdeu o controle sobre a ingestão dos alimentos.
Você come, come, e parece que a sensação de “estou satisfeito” não vem, e você não consegue parar de ter aquela sensação tão agradável. Fique atento! Apesar de ser comum ter prazer em comer, há um limite.
3. Dietas restritivas e exercícios em excesso
A verdade é que os dois pontos vistos antes, via de regra, fazem relação com esse aqui.
É muito comum que dietas restritivas, tanto em calorias quanto em tipo de alimentos, tenham como efeito colateral a perda e o reganho de peso (o famoso efeito sanfona), e também é responsável pela sensação de descontrole (o que é muito comum nas famosas “refeições livres”).
A refeição livre é para que você possa compartilhar de um bom momento com pessoas importantes para você, e/ou para comer aquele alimento que você sabe que não é a opção ideal, mas que faz bem para o seu psicológico. No entanto, quando a refeição livre vira uma válvula de escape, um “agora eu estou livre para comer tudo o que eu aguentar”, tem coisa errada.
Junto a isso, vêm os exercícios em excesso, que podem tanto ser os causadores desse processo, já que você tem uma rotina tão pesada e estressante de exercícios que a comida vira uma recompensa, quanto ser o resultado do comer exagerado, um “já que eu perdi o controle na comida, vou compensar com mais exercícios”.
Como tratar transtornos alimentares na pandemia?
Mas calma! Você não é o primeiro, nem o último a passar por isso. E, felizmente, a ciência vem estudando casos como o seu e já tem algumas soluções.
Psicoterapia e remédios psiquiátricos
De nada adianta ter a melhor dieta em mãos se você não consegue colocá-la em prática…O que isso quer dizer é que, se você tem uma boa dieta “no papel”, mas com frequência perde o controle sobre a comida, o seu maior problema é psicológico, não nutricional.
E se você tem um problema no tornozelo, não há motivos para tratar o ombro, certo? Então, se o seu problema é psicológico, é necessário buscar um psicólogo.
Reeducação alimentar
O fato de você precisar de algumas sessões de terapia e medicação para tratar o seu transtorno alimentar, não exclui o acompanhamento nutricional.
Muitas pessoas precisam de “reeducação alimentar” e outras até mesmo de educação alimentar, pois não aprenderam a comer direito.
Hoje há muita informação nutricional. Mas, se você busca algo no site errado, com a blogueira errada, com o nutricionista que parou na década de 80, há o risco de cometer muitos equívocos. E para que as coisas aconteçam de maneira correta, é preciso quebrar muitas crenças. E acredite, muito mais difícil do que criar um hábito do zero, é mudar um hábito consolidado.
5 dicas para não piorar os transtornos alimentares na pandemia
A quarentena mudou muito a vida de todos e essas mudanças também ocorreram na alimentação. Então, confira algumas dicas específicas sobre esse assunto:
Prefira alimentos naturais e nutritivos
Aquela máxima de “descasque mais e desembale menos” é bastante válida.
Apesar de não ser um crime inafiançável ingerir alguns alimentos “industrializados”, o ideal é dar prioridade para alimentos “naturais”. Gosto de usar esses termos entre aspas, pois é uma generalização chamar de “industrializado”, e não quero cair em um apelo naturalista pelos alimentos (que muitas vezes acaba caindo em certos equívocos).
Mas, sim, nada substitui o arroz com feijão, a proteína magra, vegetais variados e o azeite de oliva, com uma fruta de sobremesa. Nenhuma barrinha de proteína vai chegar perto do que é essa refeição. Mas isso não impede que você faça uso desse tipo de alimento em momentos que eles tenham um bom “custo-benefício” na sua rotina.
Coma com calma e atenção
Ainda que você coma conversando com outra pessoa, ou mesmo que você coma assistindo a um vídeo, ou a uma série, tente prestar atenção no que você está fazendo. Já ouvi relatos de pessoas que terminaram de comer uma boa fatia de bolo, e ao terminar relataram:
– Nossa, eu nem percebi que comi.
Você tem noção que ingeriu muitas calorias, de um alimento muito palatável, e nem aproveitou isso?
Mastigue! Esse trabalho mecânico da mastigação é importante para o processo de digestão. Mastigar é facilitar a posterior absorção de nutrientes dos alimentos, e de quebra, ajuda a ter a sensação de saciedade.
Evite ter muitas guloseimas em casa
Hoje há uma facilidade muito grande de ter doces à disposição, pois eles estão por toda a parte. Então, busque não tê-los em casa. Ao invés disso, opte por frutas que são mais doces ou, até mesmo, vitaminas.
Aprenda a lidar com os sentimentos sem usar a comida
Se você “encher a cara” de doces pois tem um problema, você terá dois problemas.
A sua ansiedade pode até ser eliminada por um momento com um chocolate, mas a um custo muito elevado.
É como matar os piolhos da cabeça com socos. Pode até matar os piolhos, mas há métodos mais inteligentes.
Comer algumas guloseimas pode aliviar um sentimento incômodo, e isso ocorre à base de neurotransmissores no seu cérebro. Mas é nesse mesmo local, no seu cérebro, que você sabe, na verdade, que essa não é a escolha ideal.
Então, ao invés de recorrer aos doces, a ansiedade pode ser amenizada com respiração diafragmática, com a técnica de grounding, com uma caminhada leve em algum local agradável.
Busque ajuda profissional
Enfrentar um problema psicológico não é a mesma coisa que quebrar um braço ou ter um resfriado. Mas uma analogia interessante é que as pessoas não pensam duas vezes antes de buscar um profissional ao quebrar um braço, mas às vezes demoram meses, anos, ou nunca vão a um psicólogo.
Outras são muito resistentes a experimentar uma medicação psiquiátrica, como se aquilo fosse o certificado de que a pessoa é “louca”, ou outro rótulo do tipo. Mas ao ter um resfriado, passa na primeira farmácia e compra três ou quatro remédios diferentes.
Uma das coisas que eu aprendi aqui na Eurekka é que quando você está em alto mar, se afogando, não avalia se a boia que jogaram para você é boa ou não, você se agarra nela. Depois que você eliminou o risco maior, você tem condições de avaliar quais serão os próximos passos.
Você não precisa mais ser refém da comida
Você percebeu alguns desses sinais em você mesmo ou em alguém querido? Desenvolveu transtornos alimentares na pandemia? Nós queremos te ajudar a sair dessa.
A Eurekka é uma clínica de psicologia que ajuda centenas de pessoas com terapia online e presencial. Então, se você tem algum tipo de transtorno alimentar ou conhece alguém que esteja sofrendo com disso, podemos e queremos ajudar.
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