O que é Ansiedade Tóxica? Como reconhecer e se curar

Laura Andrelynne Durans Duarte

A gente precisa falar sobre a ansiedade tóxica, que é quando a ansiedade passa do nível saudável. Mas você sabe quando identificar se a sua ansiedade está passando do nível natural e aceitável?

A ansiedade pode ficar tóxica toda vez que você tem algum sintoma físico e uma preocupação excessiva em relação a um problema. Porém, essa preocupação não se transforma em atitudes práticas para resolver o conflito.

Ou seja, quando, em vez de conseguir usar a ansiedade para sentar e estudar, você fica remoendo aquele problema na sua cabeça e nada acontece na prática. Por isso, neste texto, vamos ver os problemas de conviver com uma ansiedade tóxica e dicas para lidar com ela.

O que é ansiedade?

A ansiedade é uma resposta natural do corpo humano a situações de risco ou que exigem uma maior cautela ao agir. Ela funciona como se fosse um alarme, então, nos sentimos ansiosos, em especial, diante de situações que não conhecemos.

Os sinais mais comuns da ansiedade são: preocupação intensa, tremores, sudorese, respiração ofegante e palpitações cardíacas. Tais sinais aparecem tanto com a ansiedade natural, quanto na ansiedade tóxica.

Ansiedade natural x Ansiedade tóxica

Se a ansiedade é essencial para o ser humano, por que ela é um problema para muitas pessoas então?

Em níveis saudáveis, a ansiedade é essencial para a nossa sobrevivência, pois nos alerta sobre situações futuras em que devemos tomar cuidado e agir de forma cautelosa. Assim, graças a essa habilidade, a espécie humana conseguiu sobreviver e se desenvolver ao longo dos anos.

Entretanto, se esse “alarme” é disparado em situações que não envolvem risco, isso passa a ser um problema: a ansiedade tóxica. Dito isso, ela aparece em momentos que não têm um perigo real. Por exemplo, dar uma palestra, fazer uma prova ou uma entrevista. Dessa forma, em níveis excessivos, a ansiedade traz consequências graves para o dia a dia do ansioso.

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Quando a ansiedade se torna tóxica?

Para muitas pessoas, conviver com a ansiedade é um problema. Além dos sintomas físicos que ela traz, também provoca a vontade de fugir das coisas que deixam a pessoa apreensiva. Então, isso vira um enorme círculo vicioso: quanto mais o ansioso foge das situações que causam ansiedade, mais ela aumenta. Pois o corpo se acostuma a não enfrentar tais situações, ou seja, a ansiedade tóxica te paralisa.

Esse ciclo de fuga resulta em vários problemas que, no geral, estão presentes na vida de todo ansioso e mudam a sua rotina por completo. Assim, são essas queixas que mais levam pessoas com ansiedade à terapia.

4 consequências de conviver com uma ansiedade tóxica

Imagine a seguinte situação: você foi chamado para uma entrevista de emprego em uma grande empresa, onde você sempre desejou trabalhar. Com esse exemplo em mente, vou te explicar o que aconteceria se você tivesse ansiedade tóxica e como iria, de modo muito provável, se comportar nessa situação.

1. Você vive menos o momento presente

É natural se afastar do motivo que gerou a ansidade, ou evitar situações que podem “ativar” esse motivo de novo. Além disso, a pessoa com ansiedade tóxica também antecipa a ansiedade, como se ela vivesse em um momento que ainda não aconteceu.

No caso da entrevista de emprego, não há como pular esta etapa. Ou seja, para que você tenha a chance de ser contratado pela empresa, a entrevista é uma etapa que você precisa fazer.  

A pessoa com ansiedade tóxica não consegue se concentrar no momento presente, já que ela está sempre pensando em como vai lidar com os sentimentos ansiosos futuros. Nesse sentido, as experiências reais são vistas de outra maneira, pois elas sempre são marcadas pelas emoções que a ansiedade tóxica provoca nesses momentos.

No exemplo da entrevista de emprego, aconteceria algo mais ou menos assim: você chegaria ao local de entrevista já com muita ansiedade. Enquanto um dos funcionários te mostra as instalações da empresa, você não consegue prestar atenção no passeio.

No momento da entrevista, boa parte do seu foco seria dissipado pela ansiedade, o que faria seu desempenho cair e iria afetar a sua apresentação.

2. Você se isola do mundo (pessoas e atividades)

Se lembra de alguma vez que você pensou em desistir de fazer algo que nunca havia feito por sentir ansiedade? Nessas situações, diante do desconhecido a ansiedade é natural. Porém, quando ela é em excesso (portanto, tóxica), ocorre uma grande evitação frente a situações novas e, até mesmo, situações conhecidas. Isso leva a pessoa ansiosa a se isolar de suas atividades e relações pessoais.

O medo de se sentir ansioso também afeta a interação da pessoa ansiosa em seus círculos sociais, de forma que ela passa a deixar de frequentar certos lugares e falar com certas pessoas. Este é um dos fatores que associa o transtorno de ansiedade à depressão.

Pois, ao se afastar de atividades prazerosas e úteis, de amigos e familiares, a rotina da pessoa perde as fontes de prazer e maestria (sensação de fazer algo útil) que estavam no dia a dia.

Como isso se encaixa no nosso primeiro exemplo? Bom, uma das situações possíveis é que você falte à entrevista de emprego. Mas, digamos que você tenha passado na entrevista de emprego.

O que pode acontecer é que, sabendo como você se sentiu ao estar naquele lugar no dia da entrevista, você decide não aceitar o emprego, por achar que a ansiedade irá atrapalhar mais uma vez o seu desempenho no trabalho.

3. Você desmarca compromissos

Ao se aproximar de um compromisso importante, é comum sentirmos um pouco de ansiedade. No caso da pessoa que convive com ansiedade tóxica, a ansiedade faz com que ela desmarque o compromisso, por mais importante que seja. E o mais grave de tudo isso é a privação de conquistar avanços e experiências importantes na vida.

O exemplo da entrevista de emprego é uma situação que mostra isso com clareza: se você desmarcar a entrevista antes que ela aconteça, você pode estar desistindo de uma grande oportunidade para a sua carreira.

4. Você não aceita desafios e não sai da sua zona de conforto

Seguindo o exemplo da entrevista de emprego, se você desmarca, falta ou rejeita o emprego, está deixando de aproveitar uma boa chance, certo? Isso é algo comum na vida de pessoas que convivem com ansiedade tóxica, pois a constante ansiedade leva a pessoa a não aceitar desafios que poderiam ser ótimas para vários aspectos da vida, sejam eles profissionais, acadêmicos ou pessoais.

Além disso, pessoas ansiosas costumam estar sempre em sua zona de conforto, pois o corpo está acostumado a não enfrentar as situações de aflição. Muitas vezes, isso parece o melhor a se fazer, pois a ansiedade tóxica é incapacitante em várias tarefas do dia a dia.

Porém, ao se restringirem a uma certa porção do mundo e viverem só nela, as pessoas ansiosas deixam de viver novas experiências que poderiam ser prazerosas.

Ansiedade tóxica tem cura?

Não podemos afirmar que a ansiedade tóxica tem cura, mas há muitas formas para aliviar esse sentimento. Nesse sentido, as terapias comportamentais contextuais e a terapia cognitivo comportamental são as mais indicadas para tratar a ansiedade tóxica e as consequências associadas.

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Dicas práticas para vencer a ansiedade

O primeiro passo é conseguir reconhecer quando você fica ansioso e quais gatilhos estão envolvidos. É necessário saber distinguir tais momentos para conseguir pôr em prática as técnicas de relaxamento mais ensinadas na terapia: grounding e respiração diafragmática.

Grounding

O grounding é uma técnica que consiste em prestar total atenção em coisas do ambiente. No geral, se usa seguinte regra:

  • 5 coisas que se pode ver;
  • 4 coisas que se pode tocar;
  • 3 coisas que se pode ouvir;
  • 2 coisas que se pode cheirar;
  • 1 coisa que se pode sentir o gosto. 

Respiração diafragmática

A respiração diafragmática consiste em uma respiração compassada e profunda. Ela é feita da seguinte forma: inspire fundo contando até 4, segure o ar contando até 2 e solte o ar contando até 6, Então, repita a respiração o quanto precisar, prestando atenção nas reações do seu corpo.

Mindfulness

Mindfulness, que é a base das terapias comportamentais contextuais, também é uma prática bastante utilizada no tratamento. Consiste em manter o corpo parado, prestar atenção às sensações dele e focar no presente. Essa técnica auxilia o ansioso a relaxar corpo e mente.

Como a ansiedade é uma emoção que se inicia no corpo, tais técnicas são excelentes quando se trata de relaxar o corpo para, depois, relaxar a mente. Afinal, se a respiração está ofegante e o coração está palpitando, pensar positivo não vai adiantar para enfrentar a crise de ansiedade.

Micropassos

Por último, é importante você saber que a ansiedade é superada aos poucos. Dessa forma, dar um primeiro passo muito grande pode acabar deixando você com mais ansiedade ainda.

Por exemplo, se você tem medo de dar palestras, dar uma palestra para 500 pessoas logo de cara não é uma boa opção. No geral, é mais efetivo que você comece aos poucos: se apresente no seu quarto, sozinho, depois para um familiar, para seus amigos, e assim por diante.

A atitude dos micropassos é importante para que você se acostume com a ansiedade durante as situações. Lembre: mesmo sentindo medo e ansiedade, é importante você não deixar de enfrentar a situação. Para isso, use as técnicas de respiração e grounding para te ajudar.

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Laura Andrelynne Durans Duarte

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