Um estudo sobre distopia: da Psicologia à Literatura
Equipe Eurekka
A distopia é um conceito que aparece em muitos campos, desde o cinema até os estudos da mente. Tem gente que até defende que a nossa realidade hoje é um tipo de distopia! Então, pensando na relevância desse tema, o texto de hoje é um estudo sobre distopia.
Por aqui você vai entender o que é a distopia, qual a diferença entre utopia e distopia e exemplos de estudos sobre a distopia no ramo da Psicologia e da Literatura!
Vamos lá?
Índice
O que é distopia?
A distopia é a criação ficcional de uma sociedade futura que é organizada de forma negativa, totalitária, opressiva e prejudicial à maioria dos seres humanos.
Nesse mundo distópico, é feita uma projeção dos tempos presentes no futuro. Ou seja, essa realidade distópica é o produto negativo das ações de hoje.
Outro fato importante estudo sobre distopia, no geral, mostra são aspectos como: um centro de poder que domina os outros, tecnologia avançada, falta de liberdade individual e condições de vida desfavoráveis para a maioria das pessoas.
Utopia x Distopia
Assim como a distopia, a utopia também é uma projeção para o futuro, porém a utopia se trata de um ideal a ser alcançado, um futuro que, na visão subjetiva de cada pessoa, seria a sociedade perfeita.
“Szachi (1972) explica que a palavra utopia tem etimologia grega e significa lugar não existente. Sobre essa origem, Chauí afirma que o não lugar é aquele que não tem nada em comum com a sociedade em que vivemos, havendo um abismo absoluto entre esses dois polos.” (ESPIRITO SANTO, 2021, p.8).
Porém, diferente do que muitos pensam, a utopia e a distopia não são contrárias. Isso porque ambas se constituem de: uma “projeção para o futuro” e uma organização social. Ou seja, elas se baseiam em uma mesma premissa.
Assim, esses termos se diferem apenas no sentido de que a utopia seria uma projeção positiva, a utopia seria uma projeção negativa.
Mas, ainda assim, o que é positivo para um, pode ser negativo para outro. Então, por conta dessa subjetividade de cada um, o que é utópico para um pode ser distópico para outro.
Nos exemplos que vamos dar mais à frente, você vai ver como o estudo sobre distopia apresenta isso na prática!
Estudo sobre a distopia e utopia na Psicologia
No artigo Análise do Comportamento e Planejamento Cultural: Utopia ou Distopia?, César Antonio Alves da Rocha analisa as propostas do renomado psicólogo e pesquisador Skinner, de modo a responder se o planejamento cultural proposto pelo psicólogo seria algo distópico ou utópico. Sendo que, por fim, ele propõe uma relativização da teoria Skinneriana de modo que ela seja vista para além desses conceitos.
Além disso, esse artigo apresenta uma reflexão sobre a subjetividade no conceito de distopia e utopia, uma vez que o autor fala sobre como o avanço da ciência tem dividido opiniões. Para alguns, é a beleza do progresso humano, já para outros, seria um grande perigo.
Ou seja, o estudo sobre distopia na psicologia nota que, para alguns, o avanço científico seria utópico, para outros, distópico.
Estudo sobre a distopia na Literatura
Um estudo bem legal sobre distopia na Literatura é o artigo O “Panoptismo” e a desconstrução da identidade distópica: Uma leitura comparativa entre a Aia e Winston.
Nesse artigo, Larissa do Espírito Santo irá analisar a ideia do Panoptismo nas obras: 1984 e O Conto da Aia, sendo essas duas obras que retratam sociedades distópicas.
O Panoptismo é uma ideia de vigilância e controle em que o vigia tem uma visão completa de toda a área e de todos que ali estão inseridos. Um exemplo comum disso são construções que têm um pátio circular e um lugar central de vigilância que dá para observar todo esse pátio.
Assim, esse artigo analisa como as sociedades distópicas de 1984 e O Conto da Aia usam dessa forma de controle para gerar temor e limitar a liberdade.
Livros sobre distopia
Além dos estudos sobre distopia já publicados, confira agora alguns livros incríveis sobre o assunto! Com certeza, eles vão mudar o modo como você vê o mundo e gerar perplexidade.
1984
Esse livro de George Orwell foi publicado em 1949, por isso ele traz na narrativa o futuro distópico no ano de 1984.
O personagem principal é Winston, um inconformado com o sistema totalitário em que vive. Nessa sociedade, o Grande Irmão ( Big Brother) controla tudo e todos, de modo que todos devem obediência a ele.
Na história não há liberdade alguma. O governo é quem escolhe os empregos, as relações são apenas para procriar, a comida é racionada e há vigias por todos os lados.
Em todos os lugares, há a frase “O Grande Irmão está de olho em você”, assim todos vivem cercados pelo medo e opressão. O mundo é feito de verdades manipuladas, de modo que ninguém sabe o que realmente aconteceu no passado e nem o que acontece no presente.
A língua foi alterada para ser mais mecânica que reflexiva e sentimental, transformando pessoas em robôs que amam o Grande Irmão.
Será que Winston conseguirá escapar?
E vale lembrar que aqui podemos ver um grupo que vive bem, aquele que está no poder, enquanto a sociedade vive mal, entrando na dicotomia entre utópico e distópico, afinal para os líderes esse modelo cruel era muito bom.
O Conto da Aia
Escrito por Margaret Atwood o livro se passa em um país chamado de República de Gileade, que antes eram os Estados Unidos. Essa nova sociedade é comandada por um grupo extremista religioso e é dividida em hierarquias: Comandantes, Esposas, Tias, Marthas, Não mulheres e outros.
Os Comandantes são o poder máximo, e apenas homens fazem parte. Discordar desse poder pode levar à tortura e morte. Além disso, mulheres perdem seus direitos e precisam seguir fielmente os novos padrões da religião do país.
E nessa sociedade, há um grande problema: por conta da radiação da guerra, a maioria das mulheres se tornou infértil, de modo que a taxa de natalidade caiu muito. Então, para resolver essa questão, foi criado o grupo de Aias, mulheres férteis que têm a única função de procriar e dar filhos aos Comandantes e às suas Esposas, já que essas seriam inférteis.
Assim, as Aias não têm direito algum e vivem sob ameaças, estupros e abusos físicos e mentais.
Fahrenheit 451
Esse romance distópico de ficção científica foi escrito por Ray Bradbury em 1953. O autor o escreveu no momento pós Segunda Guerra Mundial, ou seja, ele vivenciava um momento delicado e triste, quando o mundo vivenciou muitas mortes e censura.
No livro, acompanhamos a história de Guy Montag que é um bombeiro, até aí tudo parece normal, não é? Na verdade nem tanto, porque a função dos bombeiros é um tanto inusitada: ao invés de apagar incêndios, a função deles é queimar livros.
Nessa sociedade distópica, os livros eram vistos como algo ruim e subversivo, assim o estado faz de tudo para que as pessoas não tenham acesso a esse tipo de conhecimento.
O livro é cheio de simbologias, como o título, por exemplo, já que 451 fahrenheit é a temperatura necessária para queimar o papel.
Como o mundo distópico pode afetar a mente
Consumir estudos sobre distopia e livros sobre o assunto gera desconforto para nós, afinal o objetivo é esse: chocar e trazer reflexões.
Não há problema algum em ler distopias e estudos a respeito, até porque é importante consumir esse tipo de conteúdo para começarmos a ter um novo olhar sobre o mundo ao nosso redor.
Porém, é preciso ser cauteloso, pois obras assim podem abordar temas sensíveis, como estupros, torturas e questões existenciais, por isso podem não ser uma boa ideia para quando a pessoa estiver frágil por algum motivo ou enfrentando transtornos que a deixe mais vulnerável a tais questões.
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Referências
ESPÍRITO SANTO, Larissa do. O “Panoptismo” e a desconstrução da identidade distópica: Uma leitura comparativa entre a Aia e Winston. 2021. 26 f. Dissertação (Trabalho de Conclusão de Curso), Universidade Federal de São João del-Rei. São João del-Rei, 2021.
ROCHA, César Antonio Alves da. Análise do Comportamento e Planejamento Cultural: Utopia ou Distopia?. 2018. 201 f. Dissertação (Doutorado), Programa de Pós Graduação em Psicologia do Centro de Educação e Ciências Humanas da Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, 2018.
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