O caso de Phineas Gage: saiba tudo sobre essa história

Equipe Eurekka

Alguém já te contou uma história que parecia absurda, mas era real? Na história humana, existem muitos eventos inexplicáveis. E o caso de Phineas Gage é um deles.

A história desse homem muito sortudo gerou ─ e ainda gera ─ muito debate ao redor do mundo. Assim, Phineas foi responsável por trazer muitos avanços na área de estudos do cérebro, e o acidente trouxe algumas descobertas para a ciência.

Aliás, você já se perguntou se é possível sobreviver a um acidente que danificou grande parte do cérebro? E se sim, quais seriam as graves consequências?

No texto de hoje, você vai saber tudo sobre essa curiosa história, então continue a leitura e descubra as respostas para essas perguntas e muito mais!

O início da história de Phineas Gage 

Phineas Gage era um homem norte-americano comum. Ele nasceu em Grafton (New Hampshire, EUA), era saudável, tinha seus pais ainda vivos e, segundo relatos, era alegre, humilde, tranquilo e muito fácil de lidar. 

Aos 25 anos, ele trabalhava na construção de uma linha de trem. Seu trabalho era limpar o local de colocação dos trilhos. Dessa forma, era muito comum que Phineas tivesse que usar pólvora para explodir grandes rochas e liberar o caminho para a construção. 

E foi nessa situação que algo deu errado. 

O acidente

No fim da tarde de 13 de setembro de 1848, Phineas estava usando uma grande barra de ferro, com cerca de um metro e meio. Ele iria usar a barra para colocar pólvora dentro de um pequeno buraco feito em uma rocha, para explodi-la.

Mas o que ninguém esperava era que uma pequena faísca, gerada pela barra de ferro, entrasse em contato com a pólvora. E esse erro fatal gerou uma grande explosão fora de hora e algo terrível ocorreu.

A explosão fez a barra de ferro atravessar o crânio de Phineas Gage. 

o curioso caso de phineas gage
Reprodução

A lesão

A barra entrou pela bochecha esquerda de Phineas, passou pelo seu olho esquerdo, atravessou a parte frontal do cérebro e saiu pela parte superior de sua cabeça. 

Como você pode imaginar, as consequências foram muito graves. O olho esquerdo de Phineas foi destruído e a barra danificou o lobo frontal do cérebro, sendo o córtex pré-frontal a parte mais afetada. 

Ele perdeu 15% de massa cerebral. 

Mas o mais assustador é que ele sobreviveu. 

Quem o socorreu foi John Harlow, o médico local, e fontes dizem que Phineas ainda recobrou a consciência, no lugar do acidente, e conseguiu até andar e falar com o médico. 

Foi uma recuperação difícil, mas apesar disso, algum tempo depois, Phineas Gage foi liberado para ir para casa e conseguia agir de modo normal. Falava, caminhava, realizava atividades do cotidiano e trabalhava.

Tudo parecia estar bem. Pelo menos era o que eles achavam. 

As mudanças no comportamento de Phineas Gage

Com o passar dos dias, as pessoas próximas de Phineas, ainda mais seus pais, começaram a perceber que seu comportamento não era mais o mesmo. 

Ele havia se tornado uma pessoa agressiva, rude, com surtos de raiva, linguagem ofensiva, não ouvia conselhos e parecia não se importar mais com as consequências de suas ações. 

E, por causa desse temperamento difícil de lidar, Phineas foi demitido da ferrovia em que trabalhava. Os palavrões e o modo agressivo fizeram com que não fosse possível mantê-lo no ambiente de trabalho. 

Você se lembra do doutor John Harlow que resgatou Phineas? Pois é, ele começou a suspeitar que esse comportamento não era causado pelo trauma de ter sido desfigurado, mas sim porque partes específicas do cérebro de Phineas Gage haviam sido afetadas. 

E, após anos de estudos, a ciência comprovou a teoria de Harlow.

O desfecho da história

Então, após ser demitido da ferrovia, Phineas passou por diversos trabalhos, como cocheiro no Chile, ajudou na fazenda da família e até mesmo fez apresentações em circos.

Mas sua personalidade difícil não era adequada para nenhum desses lugares. 

Por fim, Phineas começou a sofrer convulsões cada vez mais fortes e voltou de vez para a casa de seus pais. E, em 21 de maio de 1860, ele faleceu com 37 anos

O Dr. John Harlow só ficou sabendo da morte do rapaz 4 anos depois e, quando isso aconteceu, ele pediu autorização para a irmã de Phineas para que o corpo fosse exumado e ele pudesse estudar o crânio. Pedido que foi concedido. 

Hoje o crânio de Phineas Gage pode ser encontrado no Warren Anatomical Museum, museu de medicina da universidade de Harvard. 

crânio de phineas gage exposto no Warren Anatomical Museum
Reprodução | Digital Collections and Exhibits

A contribuição do caso para a neurociência 

Durante muito tempo, não se sabia ao certo como o cérebro humano funcionava e como ele afetava a personalidade e o modo de vida das pessoas. Mas, o caso de Phineas Gage foi de grande ajuda para que os pesquisadores pudessem compreender mais sobre as funções cerebrais.

O que ocorreu com Phineas Gage prova que grande parte da personalidade do indivíduo é produto do cérebro. E é bem simples de entender o porquê.

Lembra que a parte mais afetada do cérebro de Phineas foi o lobo frontal? Então, hoje se sabe que essa parte é responsável pela personalidade, emoções, linguagem, movimentos voluntários, habilidades cognitivas e interação social do indivíduo. 

O que é comprovado pelo fato de o comportamento de Phineas ter sido alterado após sofrer uma lesão nessa área. 

Além disso, como citado antes, a parte mais afetada do lobo frontal de Phineas foi o córtex pré-frontal. Hoje em dia, se sabe que é a área específica associada à personalidade, comportamentos cognitivos e até mesmo controle sobre os pensamentos.

Dessa forma, o estudo do acidente de Phineas contribuiu para que a neurociência entendesse que cada parte do cérebro é responsável por algo em específico. Desse modo, qualquer acidente e alteração dessas áreas irá refletir no modo de ser e agir do indivíduo.

Como Phineas Gage também contribuiu para neuropsicologia 

A neuropsicologia é uma das áreas da psicologia que age em conjunto com estudos da neurologia, de modo que os profissionais dessa área possam avaliar, investigar e pensar em possibilidades de tratamentos para distúrbios na mente.

Por exemplo: se uma criança tem dificuldade de socialização, o neuropsicólogo irá investigar se alguma área do cérebro está afetada e como tratar esse problema.

E o caso de Phineas Gage contribuiu com estudos dessa área, pois a mudança no seu modo de agir, após o acidente, revela que alterações e danos no cérebro podem afetar o modo de ser da pessoa e gerar comportamentos não saudáveis, para si e para outros.

E a partir da mudança comportamental de Phineas, a neuropsicologia pôde entender que a harmonia das relações entre as partes do cérebro é essencial para se ter a saúde física e mental em dia.

Outro ponto importante é que, quando foi possível observar essa relação entre cérebro e comportamento, os psicólogos puderam compreender melhor como o ser humano age em diferentes momentos da vida e como é possível entender e tratar certos comportamentos. 

Um exemplo disso foi a descoberta de que o córtex pré-frontal é a última área a se desenvolver no cérebro humano. Sendo que ela só fica completa entre 20 e 25 anos. 

E isso foi um passo muito importante para a neuropsicologia, porque assim foi possível entender o comportamento difícil que muitos adolescentes apresentam. Então, quando essa área não está completa, pode se ter dificuldade em controlar a impulsividade e tomar decisões mais racionais. 

Dessa forma, fica claro que, apesar de ter sido algo muito trágico, o caso de Phineas contribuiu para que a neuropsicologia pudesse perceber e compreender melhor a relação entre as áreas do cérebro e o comportamento do ser humano. 

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