Como é ter depressão? Relato real de um psicólogo

henrique souza fundador da eurekka

Henrique Souza

Olá, eu sou o Henrique. E oito anos atrás, quando tiraram essa foto aqui embaixo, eu estava saindo da maior depressão da minha vida. Aliás, esse foi um dos primeiros sorrisos sinceros que dei em 2013.

Eu sou psicólogo e co-fundador da Eurekka, a clínica de psicologia que deu origem a este blog que você está lendo. Eu tive depressão e consegui sair dela mudando a minha vida pouco a pouco. 

Então, hoje eu quero te contar como eu deixei a depressão tomar conta de mim e como, com mudanças simples, eu consegui ver ela ir embora. Até o fim deste texto, você não vai apenas conhecer a minha história, mas sim entender como é possível ver a depressão ir embora da sua vida.

henrique saindo da depressão
Henrique Souza em 2013

Como começou a minha depressão?

A minha depressão começou no início do ano de 2013, alguns meses depois de passar na faculdade federal, em um dos cursos mais concorridos: psicologia é claro.

Eu estava realizado. Afinal, ia me mudar para a capital com meus melhores amigos do Ensino Médio e ia viver a vida que todo adolescente de filme americano vive.

Um sonho… não é mesmo?

Mas quando as aulas começaram não foi nada parecido com um sonho. Na faculdade, foi estranho e não me senti muito enturmado. Além disso, eu me via como um cara chato que “forçava a amizade” com todo mundo. E talvez fosse mesmo.

Era como se eu não me encaixasse em nenhum grupo.

Em casa, estava estranho também. Afinal, meus amigos estudavam no mesmo horário e faziam matérias juntos. Já eu estudava à tarde e voltava num horário totalmente diferente. Eles passaram mais tempo juntos e ficaram mais amigos. E eu, que já não me misturava na faculdade, comecei a me isolar em casa também.

Para piorar, eu ainda estraguei a minha rotina. Dormia até 10:30 e ficava até tarde mexendo no Facebook ou vendo gameplay de Minecraft.

Esse era eu. 

O que leva a pessoa a ter depressão? 3 sinais clássicos

Até aqui, você já viu como a minha depressão teve início. Várias coisas erradas que eu fiz e várias coisas erradas que estavam um pouco fora do meu alcance. E aqui eu separei os três pontos principais que, apesar de sutis, contribuiram para começo da depressão:

1. Grandes mudanças

Às vezes, você muda a sua rotina por necessidade. Por exemplo, para estudar na faculdade que eu queria, precisei sair de casa, morar em outro lugar, conviver com outras pessoas... e isso pode causar muito estresse, muita ansiedade e até gerar uma depressão.

No meu caso, eu escolhi a mudança achando que seria positiva, mas não foi.

Por isso, a dica aqui é sempre preparar o seu emocional para aceitar a mudança que está por vir, seja ela boa ou ruim.

2. Não ter amigos

Pode parecer óbvio, mas não é. Afinal, eu tinha amigos. Eu tinha vários amigos. Mas eu me afastei da maioria quando entrei na faculdade, pois a ideia era fazer novos amigos lá.

Talvez eu não tenha me esforçado o suficiente para fazer amigos na faculdade. Mas também não tentei retomar a amizade com meus amigos antigos, ou perguntar como estavam as aulas deles.

Enfim, não mantive contato como deveria. A junção dessas duas coisas, seja por culpa minha ou por azar, me fizeram ficar isolado e triste.

Não ter com quem conversar ou não ter amigos para sair e fazer coisas divertidas podem te levar a depressão. Afinal, você fica muito tempo sozinho com os seus pensamentos. E quanto mais fica sozinho, mais pensa:

  • “Acho que nunca vou conseguir me sentir feliz de novo”
  • “Nunca mais vou conseguir fazer novos amigos”
  • “A minha vida será solitária assim pra sempre?”
  • “Não vale a pena chamar ninguém pra conversar, já estou muito tempo afastado…”

3. Não ter uma rotina

Quando você já está mal, a pior coisa a se fazer é abandonar a rotina. Como eu estudava à tarde, chegava de noite muito elétrico, o que me fazia ir para os jogos e de lá não sair mais.

Comigo foram os jogos, mas pessoas sem amigos e sem rotina podem recorrer a outros refúgios mais pesados. Como, por exemplo: bebidas, drogas, automutilação ou outros tipos de vícios.

Se isolar, seja para o que for, nunca é a melhor solução. Com a rotina distorcida, eu nem mesmo aproveitava a minha família no final de semana. Eu não conseguia conversar, rir ou passar um tempo feliz com eles.

A dica aqui é: se você começar a notar que está empurrando as pessoas para fora da sua vida e seguindo uma rotina que só você consegue acompanhar, tome cuidado.

Na pior fase, lembro de dormir às 03:30, depois de maratonar 20 vídeos inúteis. Antes disso, eu assaltava a geladeira, chorava no travesseiro e pensava: “Será que vai ser assim pro resto da vida?”

Como eu saí da depressão?

Em dezembro, tiraram uma foto de mim — aquela que estava lá no começo. Enfim, eu conseguia ver a depressão sumir. Não imaginei que seria tão rápido, mas foi. Minha depressão durou cerca de um ano.

Alguém já deve ter te falado o contrário, mas depressão não é para a vida toda. Cada caso é um caso, mas a minha cura veio da coisa menos romântica de todas: conviver com outras pessoas e mudar minha rotina. Conversei com meus companheiros de apartamento e saí de lá. 

Mudanças positivas e nova rotina

Na mesma semana, fui acolhido na casa de um grande amigo e de seu irmão gêmeo, pessoas muito divertidas. A gente chegava à noite e conversava, cozinhava, ouvia Death Metal, estudava e ria muito.

Todo dia.

Ou seja, criamos atividades interessantes e coletivas para preencher o tempo.

Eu tinha que sair do quarto para fazer o que precisava ser feito. Foi uma mudança brutal em relação ao que eu estava vivendo antes. Mas os pensamentos estranhos sumiram, eu cuidava mais do sono e fazia exercícios físicos.

Depois, começamos a acordar cedo. Por fim, entrei numa empresa-júnior (que foi onde todo o sonho da Eurekka começou). 

Adquiri novas responsabilidades e coloquei minha energia em um lugar melhor do que o videogame. Quer dizer, eu ainda jogava videogame, mas por prazer, não mais para fugir de uma realidade da qual eu não gostava.

“Tomara que seja assim pro resto da vida!”, eu pensava agora.

E é isso que essa foto esconde: uma depressão vencida com amor e hábitos novos.

Confesso que não fiz terapia na época, mas se eu tivesse feito, eu ficaria melhor ainda e mais rápido.

fundadores da psicoterapia da Eurekka
Henrique, Júlio e Luiz, os fundadores da Eurekka

Como vencer a depressão e ter uma rotina saudável?

Foi assim que eu venci a depressão e, por isso, falo todos os dias na Eurekka que você deveria dar atenção à sua rotina. Eu sou a prova de que criar uma rotina saudável te afasta da depressão.

E se quiser a nossa ajuda para sair do ciclo da depressão e ansiedade através da mudança de hábitos, clique no botão abaixo e conheça o Vencendo a Depressão em Micropassos.

Esse é um programa criado por mim e pelos meus amigos co-fundadores da Eurekka, nele nós te ajudamos a organizar do zero uma rotina antidepressiva e funcional!

Já venceu uma depressão ou está passando por uma? Conte sua luta aqui embaixo! ⬇️

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henrique souza fundador da eurekka

Henrique Souza

Henrique é psicólogo pela UFRGS, atuando na clínica com a Abordagem Analítico-Comportamental, apaixonado por criatividade e comunicação e co-fundador da Eurekka, a startup de Psicologia que se tornou a maior rede de psicoterapia do Brasil. Além de fazer mais de 5000 sessões por mês, a Eurekka também oferece telemedicina, franquia para Psicólogos e outros produtos tanto para quem busca mais saúde e uma vida com propósito, quanto para psicólogos querem alavancar sua carreira.

7 replies on “Como é ter depressão? Relato real de um psicólogo”

me identifiquei com tudo quase, contou sua história e me deixou triste. Você explicou, mas como é possivel superar a depressão sem medicamento?

Oi meu nome é Lauanda e eu não faço idéia do motivo que me faz ficar a maior parte do tempo triste. Notei que desde a infância sou séria e me sinto deslocada. Isso afeta minha vida adulta e eu tenho mtos lapsos de momentos violentos que vivenciei.Eu não tenho amigos nem trabalho eu só existo parece. Enfim eu espero melhorar,gostei de conhecer o Eurekka através do youtube…Eu gosto de ler então me ajuda muito a me afastar da tristeza. Um bj ♡

Não sei o que eu enfrento é uma depressão,mais sei que tenho ansiedade e quando algo me deixa ansiosa,as séries e filmes é uma forma de uso para fugir da ansiedade,mais depois fico triste por ter perdido todo tempo vendo os vídeos em vez de está fazendo algo proveitoso.
Quando quero aprender ou fazer algo diferente tenho muito o desejo, mais não consigo terminar o que começei ou aquele desejo de fazer ele some ou ainda tenho o desejo mais parece que tem um bloqueio para executar( ex aprender inglês),e com resulto fico mais ansiosa por não ser uma pessoa que não consegue concentrar em um objetivo.

Já tive depressão e senti o mesmo que vc, Henrique. Parecia que não conseguia regular minha rotina, deixei de fazer várias coisas que me faziam bem e, no fim, o que resolveu foi ter novas companhias e mudar completamente minha rotina. Adorei o texto <3

Oi, Paula!

Que bom que você gostou e conseguiu se identificar com o texto, ficamos felizes que tenha conseguido regular a sua rotina e se sentir melhor.

Um abraço!

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