Luto Infantil: como ajudar a criança a passar por isso
Equipe Eurekka
O luto pode ser um dos momentos mais dolorosos na vida. E você já parou pra pensar em como uma criança vivencia a perda de alguém muito querido? O luto infantil pode ser um grande desafio para adultos despreparados.
Assim como na vida adulta, não há uma receita pronta para passar por essa fase, porém, existem algumas particularidades quando o luto acontece na infância.
Uma dica fundamental é estar disponível para ouvir e também responder as dúvidas. Nesta leitura, vamos apresentar pra você algumas informações sobre como ajudar uma criança a passar por isso.
Índice
O que é o luto?
O luto é um momento que você precisa viver para entender e se acostumar com a ausência — definitiva ou não — de alguém importante. Além disso, para algumas pessoas, esse período também serve para encontrar um novo sentido para a vida.
O luto não está relacionado só com a morte, mas separações, ausências muito longas ou repentinas, deixar de fazer algo de que gosta muito ou perder o emprego, por exemplo, são algumas situações que merecem esse momento de reflexão.
Esse é um período de adaptação a um novo ciclo. Afinal, o luto é um processo de amadurecimento, por isso é importante passar por ele.
O que é luto infantil?
Para a criança, a dor de perder alguém importante é tão avassaladora, que pode mexer com o seu equilíbrio emocional e fazer da morte uma das experiências mais marcantes de toda a sua vida.
Do mesmo jeito do adulto, a criança passa por seu processo de luto. A diferença é que a duração pode ser maior, já que a noção de tempo das crianças é diferente da nossa.
A reação da criança diante do luto vai depender do vínculo que ela possuía com a pessoa, a causa da morte (se foi rápida ou violenta, por exemplo), como o fato foi contado, se teve chances de falar ou perguntar sobre o acontecimento, a relação com a família antes e após a perda, etc.
Existem três etapas principais no processo natural do luto infantil:
- Protesto: Pode não acreditar que a pessoa morreu e desejar que o outro volte a qualquer custo.
- Desespero e desorganização da personalidade: Mesmo sabendo que a pessoa morreu, a vontade de reencontrá-la não desaparece.
- Esperança: Começa a procurar novas relações e a querer organizar sua vida sem a presença da pessoa que partiu.
Há opiniões muito divergentes sobre o processo de luto infantil. Uma delas é a de que o aparelho psíquico da criança é fraco e, por isso, não está desenvolvido para suportar a tensão provocada por uma perda tão importante.
Contudo, a maioria dos autores concordam que a criança não vive um luto complicado (antigamente conhecido como luto patológico), a criança apenas encara o luto de uma forma diferente dos adultos.
Como a criança lida com a morte?
Dependendo da idade, a criança interpreta a morte de um jeito diferente. Claro que pode variar de criança para criança e também com a proximidade que a criança tinha com o falecido.
Para crianças de 0 a 2 anos, o conceito de morte ainda não existe, então, ela encara isso como falta ou ausência. A vivência do luto é muito parecida com a experiência de dormir e acordar.
Dos 3 aos 5 anos, a tendência é achar que a morte é reversível. Imaginam que podem trazer a pessoa de volta. Entendem o que é dito de forma literal, portanto evite utilizar metáforas.
No período que compreende a idade dos 6 aos 9 anos, a criança já entende que a morte é para sempre. Mas não consegue explicar por que as pessoas morrem.
Acima dos 10 anos, a morte é entendida como inevitável, irreversível e pessoal e as crianças já conseguem explicar a morte como algo natural, físico ou usam a religião para explicar essa perda.
É importante observar o sentimento de culpa, a criança pode achar que a morte aconteceu por causa de algum desejo, por algo ruim que acha que fez ao falecido ou por causa da raiva que sentiu no momento da morte.
A falta de reação diante a morte de alguém muito importante, principalmente se for algum dos cuidadores, também merece atenção, pois a criança pode não ter recebido informações suficientes sobre o fato ou não ter tido oportunidades para expressar suas emoções.
Saiba que o trauma da perda não é o mais marcante para a criança, e sim a falta que a pessoa fará em sua vida e a forma como a família e as pessoas mais próximas irão lidar com a situação.
Quais são os sintomas do luto infantil?
O luto não é uma doença, é um processo, e portanto, não existem sintomas. Apenas quando o luto se torna complicado é que podemos sugerir sintomas, mas é preciso cautela.
Existem alguns detalhes em relação ao luto infantil que variam de acordo com nível de desenvolvimento cognitivo e emocional, da rede de apoio e da natureza do vínculo que foi rompido. Mas em um processo de luto, a criança pode:
- Expressar ansiedade através do corpo e das emoções;
- Agir de forma hostil em relação ao morto por se sentir abandonada;
- Ser hostil com os outros para tentar achar algum culpado pela morte ou pela dor que sente;
- Identificação com o morto. Começa a ter sintomas parecidos com o da pessoa falecida;
- Pânico gerado pelo medo do desamparo. Pode achar que ninguém vai cuidar dela;
- Culpa em relação ao morto, pois pode achar que a morte foi causada por um pensamento ou ato que tenha cometido.
Algumas crianças em luto não sabem lidar com a intensidade de seus sentimentos, têm um medo muito grande. Então, esse medo pode vir acompanhado de ansiedade, raiva, dor e desgosto. Além disso, a forma como os adultos vão acolher esse sofrimento influencia o jeito que a criança enfrentará essa experiência.
Se você precisa de ajuda para falar sobre o luto com alguém, ou se deseja aprender sobre relacionamentos, família, foco, e vários outros assuntos que podem te ajudar no dia a dia, então conheça a Academia Eurekka! São centenas de conteúdos diferentes para você, ensinado pelos melhores psicólogos! Clique no banner pra acessar.
Como trabalhar o luto infantil?
Acredite que a criança é capaz de passar por isso. O universo infantil é cheio de situações de luto: o amiguinho que sai da escola, o brinquedo perdido ou quebrado, o animal de estimação que morre ou foge.
Falar sobre a morte não faz a dor aparecer ou aumentar, portanto, ter um espaço de escuta e de fala traz alívio e ajuda a criança a elaborar essa perda.
Quanto mais falarem sobre esse assunto, mais entendimento teremos e passar por isso será um processo doloroso e não traumático. É importante naturalizar a morte.
O problema não é falar para a criança que existe um ponto final para a vida, mas como isso é dito. Por isso, mantenha uma relação de honestidade.
Não minta sobre o assunto
Mentir sobre a morte pode deixar a criança ainda mais confusa. Tudo o que ela precisa neste momento é de respostas honestas.
Mentir não diminui a dor ou traz a pessoa de volta. Já a verdade, pode trazer alívio, ajuda a aceitar a ausência de quem faleceu e reforça a ideia de que morrer faz parte da vida.
Além disso, falar a verdade, torna você uma espécie de porto seguro. Um dos maiores traumas no luto infantil é a criança não ter com quem conversar sobre o que sente e não ter alguém para responder seus questionamentos.
A criança, independente da idade, percebe quando o adulto oculta algo, e pode ser tomada pela desesperança, pois sente que não tem mais a quem recorrer.
Converse de forma lúdica
Fale de um jeito que a criança entenda, ou seja, converse da mesma forma que você já fala no dia a dia. Usar uma linguagem lúdica não significa ocultar a morte.
Por isso, evite dizer que a pessoa foi viajar, foi para um lindo jardim ou outras coisas desse tipo. Dependendo da idade, a criança pode achar que existe um retorno ou achar que poderá rever o morto em algum momento. Falas desse tipo podem gerar expectativas que não serão cumpridas.
Evite usar metáforas, pois algumas crianças precisam de exemplos concretos para entender o que aconteceu.
Você pode abusar da ternura, mas a mensagem principal precisa ser verdadeira. Lembre-se de que morrer faz parte da vida e este assunto, por mais doloroso que seja, deve ser visto como natural.
Respeite o sentimento da criança
Voltar a brincar ou não falar mais no assunto, não significa que a criança esqueceu ou que a dor já passou. Afinal, o luto infantil tem processos diferentes.
Escute o que ela tem a dizer e deixe que ela faça isso no tempo dela. Não interrompa e evite completar as frases. Se não souber o que dizer, não invente!
Apenas seja sincero e diga que também não sabe o que fazer, que também está triste e que não sabe quando a dor vai passar. Não diga para não chorar, para não sentir raiva ou que o falecido ficará triste com ela.
Qualquer alteração de comportamento pode ser um sinal do luto, até se calar e fingir que nada aconteceu é um indicativo. Procure ajuda especializada caso não saiba o que fazer.
Neste momento, apenas valide os sentimentos e fique junto, mesmo que em silêncio. Demonstre que você estará sempre por perto, mesmo sem saber direito o que fazer.
Faça ela lembrar as boas memórias
As recordações devem ser estimuladas. As lembranças têm o poder de eternizar a vida e os sentimentos daqueles que se foram. Aposte nas fotografias, conte histórias que foram vividas com o ente querido ou fale sobre o jeito da pessoa.
Não tente apagar as memórias e, de maneira alguma, tente colocar alguém para substituir a pessoa que se foi. Se sentir vontade de chorar, não esconda isso da criança, apenas explique que a culpa não é dela, que o seu choro pode ser de saudades ou até de tristeza, mas não deixe a criança com dúvidas.
Esteja por perto para apoiar
É normal não saber o que fazer e, neste caso, às vezes, não há nada mesmo para ser feito. Apenas mostre a sua disposição em estar junto. A criança precisa de alguém que esteja presente e disponível para responder seus questionamentos.
É importante que a criança confie nesta pessoa para poder falar sobre suas dores e dúvidas e é importante que essas perguntas sejam respondidas da maneira mais honesta possível.
Outras formas de ajudar com o luto infantil
- Promover um diálogo seguro e aberto com a família e informar o que aconteceu;
- Permita e encoraje que ela expresse seus sentimentos;
- Seja sincero e expresse suas emoções de forma honesta;
- É preciso paciência. Deixe a criança repetir a mesma pergunta, a mesma fala. Isso faz parte da confusão e do medo que sente;
- Deixar muito claro que a criança terá todo tempo necessário para elaborar seu luto;
- Sempre que a criança sentir saudades, raiva, tristeza ou culpa, é fundamental ter alguém dedicado e compreensivo disponível pra ela;
- A criança precisa ter certeza que continuará sendo protegida;
- Sugerir caminhos para a criança lembrar de quem se foi. Desenhos, cartas e histórias são bons caminhos;
- Não crie expectativas;
- Se necessário, procure serviços especializados;
- Permita que a criança decida se quer participar dos rituais de luto e despedidas.
Terapia Eurekka para superar o luto
Não é uma tarefa fácil falar sobre morte e, quando há criança envolvida, este momento exige mais sensibilidade. E pode ser mais difícil ainda, se o adulto também estiver enlutado.
Por isso, é muito importante que você saiba entender melhor esse sentimento. Ser capaz de explicar o luto para outras pessoas e conseguir ajudá-las de forma ótima é o melhor apoio que você pode oferecer para alguém em luto, acredite. A sensibilidade é muito importante nesse momento.
Você não precisa passar por isso sozinho. A Eurekka pode te ajudar. Temos um time de psicoterapeutas especialistas esperando para te ajudar a melhorar sua relação com o luto e a morte! Por isso, agende sua primeira sessão com um de nossos psicólogos.
Deixe um comentário