O que é a DBT e como fazer a análise em cadeia
Equipe Eurekka
As terapias comportamentais contemporâneas surgiram na década de 80 como uma nova proposta para tratar transtornos, comportamentos nocivos e relações desadaptativas aos pensamentos. Sendo que, dentro dessa onda, temos a DBT (Terapia Comportamental Dialética) e ferramentas como a análise em cadeia.
A DBT tem se mostrado muito útil e de extrema importância para tratar determinados tipos de casos, por isso é essencial que você, psicólogo, saiba como aplicar esse tipo de terapia nos atendimentos.
E para ajudar você, neste texto nós vamos explicar o que é a DBT, o que é a análise em cadeia e como isso funciona na clínica.
Boa leitura!
Índice
O que é a DBT?
A DBT é uma abordagem terapêutica criada pela doutora, psicóloga e professora Marsha Linehan em 1984.
O objetivo inicial da Terapia Comportamental Dialética era modificar comportamentos de suicídio dos pacientes, sendo esse tratamento muito útil para tratar pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline.
Segundo o artigo Terapia comportamental dialética: um protocolo comportamental ou cognitivo? (2016), o índice de comportamento suicida em pessoas com Borderline é bem alto.
Hoje, a DBT também é usada para tratar diversos transtornos, como alimentares e de personalidade.
Assim, podemos dizer que a Terapia Comportamental Dialética é uma forma de intervenção efetiva para pacientes com alta desregulação emocional, ações autolesivas e comportamento suicida.
Quanto à estrutura de atendimento, as sessões podem ser feitas individualmente ou em grupo. Porém, mesmo na individual, o modelo da DBT pressupõe um momento em grupo, além do momento semanal individual com o psicólogo.
Isso acontece a fim de ajudar o paciente a treinar habilidades que serão úteis nas diversas esferas da vida dele.
E o que é a análise em cadeia?
A análise em cadeia é uma ferramenta usada para identificar as variáveis ambientais que levaram o paciente a ter comportamentos nocivos.
Os resultados da análise servem para autoconhecimento do paciente e atualização da formulação de caso para o psicólogo. Isso permite um maior entendimento sobre o que faz com que padrões desadaptativos persistam.
Sendo assim, a análise em cadeia é uma espécie de análise funcional.
Quando o profissional identificar um comportamento-problema, ele irá se aprofundar nos fatores e acontecimentos que tornaram uma atitude extrema efetiva no curto prazo, porém muito prejudicial a médio e longo prazo. Com essas informações à disposição, torna-se mais fácil de encontrar a melhor forma de intervenção.
Como fazer uma análise em cadeia na DBT?
Confira agora o passo a passo para fazer a análise em cadeia na DBT durante o atendimento clínico.
Identificação dos antecedentes
A primeira etapa da análise em cadeia é identificar os fatores de vulnerabilidade, os eventos desencadeantes e os elos que geram o comportamento-problema.
Essa etapa é muito importante, pois é nela que o terapeuta irá entender o contexto e os gatilhos que fazem com que o paciente aja de determinada maneira.
Abaixo, seguem as especificações desses 3 pontos a serem analisados:
Fatores de vulnerabilidade: hábitos, contexto e variáveis em que a pessoa está inserida que possam estar deixando-a suscetível ao comportamento-problema. Como, por exemplo: dormir mal, não se alimentar direito, fazer uso de medicamentos, ter emoções intensas e outros.
Eventos desencadeantes: esse é o gatilho para o comportamento alvo, o evento em específico que contribui para ação, sendo que eventos mais próximos do comportamento geralmente têm mais influência. Podem ser eventos internos ou externos.
Elos: Emoções, pensamentos, expectativas, regras, sensações, sentimentos, impulsos e ações presentes nesses eventos desencadeantes que irão culminar no comportamento em questão.
Análise comportamental
Depois de analisar os antecedentes, você irá chegar ao comportamento problema. Percebe que funciona como uma trilha linear?
Nesse momento, é a hora de analisar a ação desadaptativa em si, por exemplo: comer compulsivamente, se automutilar e outras ações tóxicas que podem ser o problema central.
Aqui é importante responder às perguntas: qual a intensidade, duração e frequência? O que acontece? Quando? Onde? Como? Com quem?
Consequências
Nessa etapa, o terapeuta deve analisar como o paciente se sentiu depois do comportamento alvo, identificando os efeitos a curto, médio e longo prazo.
Isso inclui pensamentos, emoções, sentimentos, condição física, saúde no geral e ações do paciente para consigo mesmo e/ou para com os outros.
Além disso, o profissional também deve observar os sinais que tornam o comportamento mais provável de acontecer novamente.
Como intervir
Após tomar total conhecimento dos antecedentes, do comportamento nocivo e das consequências, será possível elaborar um plano de intervenção prático e eficaz.
Para isso, o psicólogo deve-se voltar novamente ao comportamento, de modo a ajudar o paciente a perceber esse padrão, assim como suas causas e gatilhos.
A ideia é que, através de intervenções específicas, treino de habilidades, autoconhecimento e autorregulação, o paciente consiga ter mais consciência física e emocional, aprendendo ele mesmo a manejar seu comportamento e seus pensamentos.
Então, resumindo, a análise em cadeia fica assim:
Exemplo de caso com análise em cadeia
Confira agora um exemplo de caso da análise em cadeia na DBT, disponibilizado por Nione Torre, mestre em Psicologia Clínica na área do comportamento.
Esse relato foi originalmente publicado por Leonardi, J e Joshua, D. (2017).
- Paciente: mulher de 47 anos
- Tempo de terapia: 13 meses
- Diagnóstico: bulimia nervosa
Fatores de vulnerabilidade: Stress acentuado por causa do trabalho e lanches/refeições rápidas na hora do almoço.
Eventos desencadeantes: afirmações do tipo “Exausta, que dia horrível!”, “Estou muito estressada” e “Vou ver TV e comer…assim relaxo”.
Elos: pensamentos como “Droga!..Que raiva… por que não posso comer tudo que quero? Por que tenho que me frustrar? Já não chega tudo que passei hoje? Amanhã não como! Pronto…resolvido!” e “Já que vou enfiar o pé na jaca mesmo quero provar tudo que tem na geladeira e no armário”.
Comportamento: Comer exageradamente
Consequências a curto prazo: “Por que faço isso comigo?” e “Quero me livrar disso! Vou vomitar tudo antes que alguém chegue!”.
Consequências a longo prazo: Esofagite e desgaste nos dentes, além de irritabilidade, choro e desespero.
Solução de problemas: exposição, manejo de regras e autorregras, treino de habilidades, clarificação e administração de contingências e estratégias para lidar melhor com os sentimentos/pensamentos evocados a partir de estímulos ambientais.
Resultado ao longo dos 13 meses: Antes do tratamento a paciente apresentava de 4 a 5 episódios bulímicos por semana, depois esse número caiu para 3 a 4 episódios quinzenais, logo após a paciente progrediu para 30 dias sem recaídas até que chegou a 3 meses sem episódios (momento que era o atual do estudo na época).
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