Vaginose bacteriana: o que é, sintomas e como tratar

Flavia Caroline Barddal

A vaginose bacteriana é uma das vaginites que ocorrem com mais frequência entre as mulheres com vida sexual ativa e em idade reprodutiva. Além disso, ela é uma das principais causas do corrimento anormal.

Neste texto, você vai saber o que é a vaginose bacteriana, os principais sintomas dessa infecção e as características que o corrimento pode apresentar. Também há uma explicação sobre a diferença entre candidíase e vaginose bacteriana, bem como os seus riscos e tratamento. 

O que é vaginose bacteriana? 

A vaginose bacteriana é uma infecção que ocorre devido à proliferação anormal de bactérias naturais da vagina. Os microrganismos vivem em equilíbrio na vagina. Porém, devido a mudanças no pH, podem ocorrer alterações na microbiota vaginal, causando a diminuição dos lactobacilos e o crescimento anormal de bactérias anaeróbicas.

Diversos fatores podem levar a alterações na microbiota vaginal, como estresse, imunossupressão, uso prolongado de antibiótico ou corticoides, diabetes, ansiedade, imunidade baixa, tabagismo e alimentação inadequada.  

A principal bactéria responsável por essa infecção é a Gardnerella vaginalis. Entretanto, outras bactérias também podem causar vaginose, como a Mycoplasma hominis, Ureaplasma urealyticum, e algumas do gênero Mobiluncus e Fusobacterium.

A vaginose bacteriana não é uma infecção sexualmente transmissível (IST). Pois as bactérias que causam esse tipo de vaginite estão presentes de forma natural no corpo humano.

Ter bactérias é normal!

bactérias vaginose bacteriana

Ao contrário do que as pessoas imaginam, as bactérias e fungos possuem um papel importante para nossa saúde. Pois eles têm a função de proteger nosso corpo de alergias e infecções. Assim, esses organismos formam a microbiota, que está presente em todo o corpo, como a boca, estômago, intestino, pele, olhos, entre outros.

A vagina também possui uma microbiota própria, que é composta por um conjunto de microrganismos que vivem em equilíbrio. Eles funcionam como uma barreira protetora contra as bactérias que podem ser nocivas à vagina. Esses microrganismos são, em sua maioria, lactobacilos.

Os lactobacilos têm a função de manter o pH ácido. Além disso, eles criam um ambiente que impede a proliferação de microrganismos invasores. Os bacilos de Doderlein se encontram em maior quantidade e representam 85% da microbiota vaginal. Porém, ela se difere das microbiotas de outras partes do corpo visto que apresenta lactobacilos de diversos tipos, como o Lactobacillus crispatus (a espécie mais comum), Lactobacillus gasseri, Lactobacillus vaginalis, entre outros. 

Esses bacilos podem sofrer variações ao longo do ciclo menstrual da mulher devido à diminuição do estrogênio, que é um nome genérico dado a todos os hormônios que atuam no controle da ovulação e no desenvolvimento de características femininas. Por conta da diminuição deste hormônio, ocorre uma queda na produção de lactobacilos e um aumento do pH vaginal. Portanto, essa região fica mais suscetível a infecções.  

Sintomas de vaginose bacteriana

dor vaginose bacteriana

No geral, os sintomas da vaginose bacteriana são: ardência, dor ao urinar, queimação, vermelhidão e coceira no exterior da vagina, ou na vulva.

Contudo, metade das mulheres não apresentam nenhum sintoma

Características de corrimentos infecciosos

A vaginose bacteriana pode causar um corrimento vaginal com odor forte e desagradável, semelhante a “peixe podre”. Este corrimento pode ter a coloração, aspecto e quantidade variáveis, além de ser mais perceptível após a relação sexual.

O corrimento pode apresentar uma coloração amarelada, cinza ou branca com uma textura granulosa. 

Diagnóstico

O diagnóstico é feito através de exames laboratoriais, a partir dos sintomas apresentados. 

O ginecologista pode solicitar um exame chamado preventivo, ou Papanicolau. Nesse procedimento, o médico irá colher amostras de secreção para avaliar o pH vaginal e a presença de bactérias típicas causadoras de vaginose bacteriana. 

Os critérios mais utilizados para confirmar o diagnósticos são:

  • Presença de um corrimento homogêneo, fino, branco-acinzentado, que reveste as paredes vaginais;
  • pH vaginal maior que 4,5;
  • Teste de Whiff ou teste das aminas positivo. Este teste identifica a presença do odor de peixe podre após adição de um reagente, hidróxido de potássio, em uma amostra do corrimento vaginal da mulher;
  • Presença das clue cells em uma amostra do corrimento. As clue cells são células epiteliais vaginais com cocobacilos em sua volta. É o critério mais confiável para resultado positivo de vaginose bacteriana.

Além disso, em casos de vaginose recorrente, o médico pode solicitar exames de urina. 

Vaginose bacteriana é falta de higiene íntima?

higiene vaginose bacteriana

Por conta do odor forte, muitas mulheres acreditam que a vaginose bacteriana é causada pela falta de higiene. Por isso, elas acabam aumentando a higiene íntima, com o uso de sabonetes mais agressivos, ou utilizando as duchas vaginais. Contudo, é importante ressaltar que o odor não está ligado à falta de higiene íntima, e sim à infecção. Além disso, o excesso de higiene pode agravar a situação. Por isso, o ideal é buscar um médico e iniciar o tratamento.

Candidíase ou Vaginose? Qual a diferença? 

A vaginose bacteriana e candidíase são confudidas com frequência, visto que os sintomas são similares. 

A principal diferença é: a candidíase é uma infecção causada por um fungo chamado Candida albicans. Além disso, os principais sintomas são o corrimento branco espesso, uma coceira intensa, vermelhidão, inchaço e fissuras. Outra característica importante é que a candidíase não apresenta odor forte.   

Tratamento de vaginose bacteriana 

O tratamento para vaginose bacteriana é feito por meio do uso de antibióticos, como o Metronidazol ou Clindamicina. Além disso, outros medicamentos podem ser indicados pelo médico, por exemplo, o Secnidazol ou Azitromicina. 

O remédio pode ser na forma de comprimido ou pomada. Também é importante lembrar que o medicamento deve ser usado por 7 dias seguidos, sem interrupções, mesmo se melhorarem os sintomas.   

Algumas mulheres podem ter infecções recorrentes de vaginose bacteriana. Ou seja, elas apresentam a infecção mais de uma vez no ano. Nesses casos, o tratamento é feito com o uso prolongado de antibiótico, podendo durar de 4 a 6 meses.

Durante o tratamento, não é indicado o consumo de bebidas alcoólicas e se deve evitar relações sexuais.  

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Riscos da vaginose bacteriana 

Essa infecção pode causar complicações, sobretudo, em indivíduos com a imunidade baixa, ou nos casos em que a vaginose não foi tratada corretamente. Além disso, mesmo mulheres que não apresentam sintomas, podem desenvolver complicações. 

A vaginose bacteriana pode aumentar os riscos do indivíduo adquirir outras infecções sexualmente transmissíveis, como tricomonas, AIDS e herpes. Como também pode dar origem a doenças inflamatórias pélvicas (DIP).

Mulheres grávidas devem ter um cuidado extra, pois a vaginose bacteriana representa um fator de risco e pode ocasionar um parto prematuro. 

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Flavia Caroline Barddal

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