The Big Bang Theory: Behaviorismo e análise de personagens
Equipe Eurekka
The Big Bang Theory é uma das séries mais aclamadas nos dias de hoje, ainda mais pelo público nerd. E, se você já assistiu à série, já deve ter percebido o comportamento excêntrico dos personagens, como as dificuldades sociais de Sheldon, a relação de Howard com a mãe e outras questões.
Mas o mais interessante disso tudo é que muitas situações da série estão ligadas a conceitos da psicologia! Desde questões mais óbvias, como a mãe psicóloga de Leonard, até detalhes mais sutis.
E, no texto de hoje, vamos mostrar para você esses momentos em que a psicologia aparece na série e falar um pouco sobre o comportamento de Sheldon e de Raj. Vamos lá?
Índice
Momentos em que a psicologia aparece em The Big Bang Theory
No episódio The Friendship Algorithm, episódio 13 da segunda temporada, Sheldon quer conquistar a amizade de Kripke e, para isso, ele cria o algoritmo da amizade, que é um fluxograma com um conjunto de ações e possibilidades de resposta que levariam à amizade.
Tal algoritmo nos lembra muito a ideia de processamento cognitivo. Os processos cognitivos, que são atividades cerebrais conscientes e inconscientes que nos permitem agir, entender e assimilar fatos no dia a dia, são responsáveis por áreas como a linguagem, memória, raciocínio e outros.
E, o que parece acontecer nesse episódio, é que Sheldon usa esses processos cognitivos para criar estímulos que gerem respostas favoráveis a uma amizade. De modo que ele cria uma linha de possíveis ações baseadas em processos que o ser humano usa enquanto ser social.
A psicologia aparece também entre Howard e sua mãe. Nessa relação, a gente pode perceber uma interdependência muito grande, e isso acontece de forma desproporcional à idade de Howard e também ao que é esperado do comportamento de uma mãe.
A Sra.Wolowitz dificulta o máximo para que o Howard saia de casa, exige dele atenção total e mostra até ciúmes de Bernadette. Por outro lado, Howard gosta demais do conforto de morar com a mãe e tem dificuldades em se mudar. Assim, apesar das brigas, os dois nutrem uma dependência exagerada.
Dois personagens que precisam de terapia urgente, né?
E temos também Beverly, mãe de Leonard, que usa abertamente conceitos da psicologia para falar sobre a criação do filho e explicar eventos familiares e sociais.
O processo de condicionamento operante
Em The Gothowitz Deviation, episódio 3 da terceira temporada, Sheldon usa conceitos do Behaviorismo para fazer testes com Penny.
O Behaviorismo é uma ciência que estuda o comportamento. Ou seja, ela tem como objetivo analisar e testar como o modo de agir acontece, o porquê de ele acontecer e o que faz com que ele aconteça.
E uma das grandes questões do Behaviorismo é a ideia de punição e reforço. Punição é aquilo que você faz quando quer que um comportamento não se repita e reforço é um incentivo para que o comportamento aconteça.
Tanto a punição quanto o reforço podem ser positivos e negativos. Positivo é a adição de algo e negativo a retirada de algo. Por exemplo: tirar o videogame de uma criança, porque ela não fez o dever é uma punição negativa, pois você retirou algo.
Mas se você mandar essa criança lavar a louça, é uma punição positiva, pois você adicionou uma tarefa como castigo. E o mesmo acontece com o reforço, que é o que Sheldon faz com Penny!
No episódio, sempre que Penny faz algo de que Sheldon gosta, ele reforça isso com chocolates. Por exemplo, na primeira vez em que isso acontece, Penny recolhe os pratos da mesa, incluindo o de Sheldon, então ele pergunta se ela aceita um chocolate.
Ou seja, para reforçar um comportamento de que ele gostou, ele usou um reforço positivo (adicionou o chocolate). Assim, Penny faz cada vez mais ações que agradam ao Sheldon para ser recompensada, mesmo que de forma inconsciente.
E o contrário também acontece. Quando Leonard discorda dos métodos do amigo, Sheldon espirra água no rosto de Leonard. Adicionando,assim, uma punição positiva.
Mas isso acontece exageradamente na série! Na vida real a gente não fica usando chocolate e água para controlar os outros, certo?
Análise de personagens de The Big Bang Theory
Que o Sheldon e o Raj agem de modo bem peculiar não é novidade, mas quer saber o que a psicologia pode dizer sobre isso? Então confira!
Sheldon tem Síndrome de Asperger?
A síndrome de Asperger é um transtorno de neurodesenvolvimento que, segundo o DSM V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), deve ser diagnosticado como um transtorno do espectro autista.
Ainda segundo esse manual, pessoas com essa síndrome têm dificuldade em se socializar, iniciar ou responder a interações sociais e se comunicar de forma eficiente. Além de compartilhamento reduzido de interesses, emoções ou afeto.
Elas, no geral, têm uma percepção de mundo diferente e se relacionam de modo incomum. Podendo até mesmo ter a ausência de interesse por pares.
Rotina metódica e fixação por temas considerados interessantes também são traços frequentes.
Além disso, a dificuldade em processar ambiguidade e sentido figurado é outra marca muito forte. Por isso, pessoas que têm a síndrome não entendem bem a ironia e o sarcasmo.
Porém, não há nada que afete a capacidade de aprendizagem.
Assim, por conta dessas características, muitas pessoas teorizam que Sheldon tem a síndrome de Asperger, uma vez que ele:
- Tem dificuldade de se relacionar;
- Não compreende bem o sarcasmo e ironia;
- Tem fixação por trens e bandeiras;
- É metódico, tendo hora exata para ir ao banheiro, dias específicos para ingerir cada comida e o fato de bater sempre 3 vezes na porta;
- Não gosta muito de abraços e contato humano no geral;
- Não entende bem certas tradições e comportamentos sociais.
De acordo com esses sintomas apresentados na série, Sheldon poderia sim ter a Síndrome de Asperger, mas lembrando que tudo acontece de forma exagerada e voltada para o cômico, o que é o objetivo da série.
Porém, por mais que os sintomas sejam compatíveis, isso nunca foi confirmado. Afinal, a mãe de Sheldon nunca recebeu um diagnóstico para o filho, por isso, nós, telespectadores, também não.
Mas, com certeza, a síndrome de Asperger não deixa de ser uma possibilidade.
O mutismo seletivo de Raj
Lembra que, por grande parte do tempo, Raj não conseguia falar com mulheres? Pois é, isso tem um nome e se chama mutismo seletivo.
O mutismo seletivo é um transtorno, geralmente identificado na infância, que pode ser causado pela timidez e ansiedade em excesso e fobia social. Sendo que o ambiente em que a criança está inserida pode influenciar nesse transtorno.
Porém, segundo o DSM V, o mutismo seletivo não causa na causa na criança uma reciprocidade social prejudicada. Ou seja, apesar de em certas situações ela encontrar dificuldades, ela ainda apresenta habilidades comunicacionais apropriadas para determinados contextos!
No caso de Raj, pode ser que ele não tenha recebido o tratamento necessário quando criança e isso acabou se estendendo para a vida adulta. Afinal, o ambiente familiar dele sempre pareceu disfuncional, o que pode ter influenciado em tal problema.
Além disso, é possível ver que em outros contextos ele se comunica muito bem, como no grupo de amigos, trabalho etc.
Porém, assim como no caso de Sheldon, não há um diagnóstico oficial em The Big Bang Theory. Essa é apenas uma possível leitura baseada em sintomas demonstrados pelo personagem.
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