A psicologia dos reality shows: por que viciam tanto?
Equipe Eurekka
Desde 2002, todo começo de ano é marcado por um evento aguardado por muitos brasileiros: o Big Brother Brasil. Afinal, esse e outros reality shows são um dos maiores, programas televisivos que mantêm a audiência das emissoras em alta hoje em dia.
Mas, você já se perguntou qual a psicologia por trás deles? Afinal, qual é o segredo para que esses programas sejam tão populares, a ponto de milhões de pessoas assistirem todos os dias, por meses a fio?
Com certeza, existe alguma coisa que explique isso mais a fundo.
E é isso que o texto de hoje vai te contar, assim, você pode entender porque esses reality shows são tão bons em prender a nossa atenção e quais os fatores internos que garantem a diversão ao assistir.
Vamos lá?
Índice
O que são reality shows?
Como o próprio nome já diz, os reality shows são “mostras da realidade”. Por isso, esses programas têm como objetivo simular o dia a dia de pessoas confinadas em um espaço, sem qualquer tipo de contato com o exterior, em uma casa ou ambiente com um pequeno grupo de pessoas.
Dentro desse tipo de programa, há muitos estímulos de competição entre quem está lá dentro, meta de todos que estão lá é ser o vencedor, ou seja, ser aquele que consegue eliminar todos os outros do jogo.
E quem assiste tem a oportunidade de ver de perto a vida e a personalidade dessas pessoas todos os dias, além de assistir às provas, festas, prêmios, brigas, disputas, estratégias e muito mais.
Vários desses eventos tem uma rotina específica e, enquanto isso, os participantes fazem tudo dentro da casa, sabendo que estão sendo vigiados 24 horas por dia: dormindo, comendo, malhando, entre outros.
Todos os reality shows têm suas diferenças, mas existe um aspecto que aparece entre todos eles: as intrigas. Afinal, é comum ver discussões, brigas, inimizades, e tudo que há de pior no ser humano bem ali, na tela da TV. E isso é o que causa o entretenimento.
Mas não é só isso! Existe todo um planejamento para garantir que os problemas destes programas sempre aconteçam. Afinal, é disso que o público gosta e, caso contrário, a audiência cairia muito.
Por que gostamos tanto de assistir a reality shows?
Existem alguns fatores por trás do porquê gostamos tanto de assistir reality shows que vão além de apenas ver as brigas que acontecem lá dentro. Estamos falando do comportamento humano como um todo.
Por isso, separamos alguns desses motivos para que você entenda melhor porque seu amigo ou outra pessoa ─ ou, quem sabe, você mesmo ─ perde suas horas de sono sagradas para ver o programa.
Identificação com os participantes dos reality shows
Você já se perguntou como pessoas comuns, que antes do reality não eram conhecidas, se tornam tão populares? Ou até mesmo porque pessoas famosas ficam com mais fama ainda? A resposta é a identificação.
Afinal, a constante exposição dos participantes às câmeras mostra alguns lados da pessoa que ela pode não ter mostrado antes. Dessa forma, muitas pessoas se enxergam em alguém que está do outro lado das telas, e decidem assistir apenas pela similaridade que veem.
Além disso, é comum “quebrarmos a cara”, como quando a pessoa para quem estamos torcendo se mostra alguém com um caráter que julgamos ser ruim. Assim, quem assiste pode mudar de opinião e decidir torcer para a eliminação da pessoa ocorrer.
Alienação da vida pessoal ao assistir aos reality shows
Você sabe que, às vezes, a vida não está tão boa assim, né? Problemas de saúde, na família, no emprego, estresse exagerado, insônia, etc. Seja como for, assistir a esses problemas pode servir como uma válvula de escape para os próprios problemas.
Afinal, acompanhar a vida de outras pessoas pode fazer você esquecer de todos os problemas que existem na sua vida, mesmo que por pouco tempo. Dessa forma, na tentativa de escapar de tudo isso, aproveitamos para ver umas fofocas no fim do dia.
Isso se torna ainda pior quando, para quem não pode pagar para assistir ao pay-per-view desses reality shows, existem sites ou grupos nas redes sociais que atualizam cada coisa que acontece no mesmo instante. Assim, a pessoa fica mais alienada ainda.
Mas sempre há uma solução para tudo isso! Se você é viciado nas telas, não precisa se livrar de qualquer eletrônico para ter uma qualidade de vida maior. Você só precisa usar com sabedoria! E que tal começar a fazer isso hoje mesmo? Você pode, por exemplo, assinar a Netflix de saúde mental da Eurekka para aprender tudo o que a psicologia tem a te ensinar. Clique na imagem para conhecer:
Podemos conhecer as várias faces de uma pessoa
Imagina você ter a grande chance de conhecer mais a fundo sobre aquele artista de quem você sempre gostou? Então, os reality shows permitem que isso aconteça.
O fato é: muitas pessoas são curiosas sobre a vida dos outros, por pior que isso possa ser, em certos casos.
Dessa maneira, pense que aquele grande fã pode saber como é aquela pessoa de verdade: brigando, sendo falso, dormindo, agindo como se todos os dias fossem um sábado. Isso é uma mina de dinheiro para as emissoras de TV.
Desejo de obter fama de modo fácil em um reality show
Os reality shows sempre foram uma chance de se tornar famoso do dia pra noite. Com a internet se tornando cada vez maior, essa chance se multiplica e a vontade de várias pessoas também.
Por isso, muitos falam que o verdadeiro prêmio desses programas não é mais o valor em dinheiro. Na verdade, o público já considera que o prêmio maior é a imensa quantidade de seguidores que você pode receber nas redes sociais, além dos patrocínios de várias marcas famosas.
No entanto, ao mesmo tempo uma atitude errada pode gerar um cancelamento nas redes sociais, que pode acabar com a reputação e com a carreira de um jogador. Ou seja, estar em um reality é bastante desafiador e pode deixar as coisas bem tensas!
Os estressores dentro de reality shows como o Big Brother
Em primeiro lugar, você pode ter feito ou visto essa pergunta antes: “mas como essas pessoas ficam tão estressadas nesse lugar? Afinal, tem piscina, academia, tantas coisas boas aí dentro!”. Bom, é aí que você se engana.
Na verdade, existem vários estressores dentro desses reality shows ─ coisas feitas para causar muito desgaste mental ─ que vão deixar os participantes mais agitados, mesmo que eles não queiram. Vamos descrever algumas delas:
Câmeras (exposição)
O primeiro de todos são as câmeras. Tudo é gravado, o tempo todo, pra quem quiser ver. Fala a verdade: quem não ficaria tenso só de imaginar que a sua vida vai estar sendo transmitida para todo o país?
Isso pode causar um grande fluxo de processos mentais, ainda mais no começo do programa, quando a pessoa pode evitar falar algo ou fazer alguma coisa para evitar a vergonha ou o julgamento.
Álcool nos reality shows
Todo mundo sabe como o álcool pode transformar as pessoas, pois tem o poder de fazer a pessoa largar todas as coisas que o mantêm sob controle e, dessa forma, os problemas podem surgir.
Quando a pessoa está tomada pelo álcool, ela pode perder toda a inibição da sua imagem e, assim, não se importar com a vergonha pelo que possa acontecer. Essa é outra forma de exposição, e as festas sempre são regadas com muito álcool para os participantes, com a intenção de que isso aconteça.
Monstro (constrangimento)
A punição do monstro é outro estressor que acontece com alguns participantes escolhidos. Assim, a pessoa se fantasia com roupas de pouco conforto ou que causem vergonha e precisa cumprir missões de tempos em tempos. Toda vez que a música tocar, ela precisa fazer a tarefa.
Isso é um fator que, apesar de temporário, pode causar estresse mental, uma vez que não interessa se você está dormindo, cozinhando, tomando banho ou outra coisa ─ você precisa parar tudo para ir, na mesma hora, cumprir a punição.
Quarto branco (privação)
Essa é uma dinâmica que não acontece há alguns anos. Funcionava assim: uma ou mais pessoas eram escolhidas para ir a um quarto especial, como uma espécie de solitária. Lá, as pessoas deveriam passar um certo tempo para serem liberadas, e havia um botão vermelho em caso de desistência.
Desse modo, ou você aguentava ou apertava o botão e sofria uma punição por desistir. O quarto branco era o mais frequente, e era um espaço pequeno, com nada além de uma cama, um banheiro e comida e água. Não havia contato com outras pessoas além dos que estavam junto no quarto.
Isso pode causar muito estresse por alguns motivos:
- Um quarto totalmente branco pode interferir no relógio biológico do corpo e afetar o sono dos participantes.
- O isolamento social pode causar desespero (lembra como foi difícil para nós nos isolarmos na pandemia?) ainda mais quando não se sabe quanto tempo já se passou ao certo
- O tédio pode estressar, justamente pela falta de coisas para se fazer.
Cores vivas na casa dos reality shows
Você já parou para prestar atenção em como a casa desses reality shows são pintadas com cores muito vivas, com várias decorações? Isso não é à toa.
Essa grande variedade de cores gera poluição visual. Então, a vivência constante em um ambiente com muita poluição visual ─ com várias coisas disputando a nossa atenção ao mesmo tempo ─ além de piorar o foco, também vai nos deixando cada vez mais irritados.
Eliminações, provas e dinâmicas
Além disso tudo que comentamos, existe o fator principal da diversão: as provas e o paredão.
As provas sempre têm vários prêmios e benefícios, podendo ser desde uma batedeira nova até um carro zero e a oportunidade de conversar com a família ou ter uma refeição especial!
Ainda, também existem as dinâmicas, que visam criar conflitos entre os membros, com coisas do tipo: “quem vai ganhar o programa”, “quem é duas caras”, “quem é incoerente”, entre outras coisas.
Por fim, temos as eliminações. Essa é a pior punição que um participante pode ter, e isso vem junto de outro problema: as votações do público. Os indicados para a eliminação sempre passam alguns dias sob a tensão de que podem ser eliminados, e isso pode afetar seu comportamento dentro da casa.
Essa relação entre o público e os membros do jogo são a base para ganhar o primeiro lugar: quanto mais querido o público achar o participante, mais tempo ele fica no jogo.
A teoria da comparação social de Festinger
É fato que muitas pessoas se comparam com os membros de reality shows, seja pela fama, pela beleza, pela sorte, ou por qualquer outra coisa. A comparação é algo comum no ser humano, e estamos comparando tudo o tempo todo.
Foi vendo esse fenômeno que, em 1954, o psicólogo Leon Festinger propôs a teoria da comparação social. Ele dizia que o ser humano tem um desejo inato de se avaliar, e, de modo comum, essa avaliação é com relação às outras pessoas.
Quantas vezes você já não se comparou com alguém melhor ou pior que você em algo? Desse modo, Festinger acreditava que essas comparações serviam como uma forma de fazer avaliações mais precisas sobre nós mesmos.
Além disso, existem dois tipos de comparação: para cima e para baixo
- Para cima: quando nos comparamos com alguém melhor que nós, buscamos nos inspirar ou nos motivar no desenvolvimento de certo objetivo.
- Para baixo: quando nos comparamos com alguém pior que nós, desejamos nos sentir melhores com as nossas habilidades atuais.
No entanto, a comparação também tem seus riscos. Afinal, essa prática pode causar baixa autoestima quando tendemos a nos comparar apenas com a melhor pessoa do mundo em algo.
Por exemplo, se você pratica piano, ao invés de se comparar com alguém da mesma classe que é melhor, você se compara com um grande pianista vencedor de prêmios.
Evite esses tipos de medições irreais. Além disso, a comparação também pode fazer você se sentir superior ou alguém que julga os outros pelas habilidades, e isso é uma atitude péssima. Por isso, lembre-se sempre de ser humanizado com as comparações, e não tirar os pés do chão. Seja realista.
Se comparar demais é falta de autoestima?
Você sente que se compara demais com as outras pessoas? E quando assiste aos reality shows, sente isso se intensificar ainda mais? Isso pode ser um grande problema, e seu bem-estar pode cair bastante ao longo do tempo se não cuidar logo disso!
Então, para evitar que isso prejudique sua vida, é crucial melhorar seu autoconhecimento, descobrindo e valorizando todas as suas qualidades e habilidades. Além disso, ter momentos de autocuidado também faz toda a diferença.
No entanto, sabemos que não é uma dica geral que vai mudar sua vida, pois, apesar dessas ações ajudarem de verdade, pode ser difícil aplicá-las por conta própria. É por isso que sempre recomendamos contar com ajuda de pessoas que entendem tudo sobre saúde mental, autoestima, autocuidado e comparação. E para sua sorte, os terapeutas da Eurekka são especialistas em tudo isso!
Então, por que você ainda não clicou aqui e marcou a sua conversa inicial?
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2 replies on “A psicologia dos reality shows: por que viciam tanto?”
Muito bom
Que bom que gostou, Noeme!
Abraços,
Erick da Equipe Eurekka