Psicologia do Trânsito: o que é e como trabalhar na área
Equipe Eurekka
A Psicologia do Trânsito é um campo da Psicologia que estuda o comportamento de quem circula no trânsito. Por que o celular atrapalha na direção? O que leva pessoas a brigarem em seu trajeto? Que fatores podem causar estresse no trânsito? Estes são desafios que psicólogos investigam frequentemente.
Afinal, apesar do que muitos pensam, não são só os engenheiros que analisam aspectos do trânsito, vias e veículos, uma vez que o lado psicológico também interfere muito nessas questões.
Mas como a Psicologia do Trânsito funciona? Neste artigo vamos compreender melhor a definição da área, o que estuda e como o profissional pode atuar para melhorar a qualidade de vida urbana. Vamos lá?
Índice
O que é Psicologia do Trânsito?
Embora a criação do automóvel e a construção de rodovias tenham sido extremamente importantes para a locomoção da população, também ocasionou vários problemas na segurança e na saúde pública.
Dessa forma, a Psicologia do Trânsito surge como uma maneira de contribuir com o tráfego rodoviário e redes viárias urbanas, sendo uma forma de cuidar de seus usuários. Assim, podemos defini-la como sendo o estudo comportamental de todos que fazem uso do trânsito, sejam pedestres, motoristas ou ciclistas.
Visto que o trânsito é um campo multidisciplinar, a psicologia é uma área que pode dialogar com outras como engenharia de estradas e de veículos, medicina do trabalho, estatística, física, ergonomia, sociologia, psicopedagogia e até direito e criminologia.
Saiba mais: Áreas da Psicologia
O que a Psicologia do Trânsito estuda?
O comportamento humano é o principal objeto de estudo da disciplina, visto que o trânsito também resulta dele. Mas como essa relação é compreendida pela Psicologia?
Comportamento das pessoas que estão se locomovendo
Imagine que você passou por um dia estressante e está atravessando a rua com o sinal fechado, mas não percebe que um carro vem em sua direção em alta velocidade. Assim, no trânsito, o comportamento de um indivíduo interfere no comportamento de outro.
Portanto, o tráfego pode ser considerado um espaço importante de trocas sociais que podem ser harmoniosas ou conflitantes. Segundo a Agência CNT (Conferência Nacional do Transporte), o registro total de acidentes nas rodovias federais do Brasil em 2022 foi de 64.447, sendo 82,1% desse número relacionado a acidentes com vítimas (mortos ou feridos).
Além disso, há diversos estudos que apontam para a importância do comportamento durante os conflitos causados no trânsito. Dessa forma, o estudo desses construtos é essencial para compreender como ele é modificável pelo ambiente urbano de forma positiva ou negativa.
Posturas diante de cada função ocupada
Então, como mencionamos, o comportamento no trânsito envolve as reações de qualquer um que se movimenta. No entanto, as atitudes e decisões tomadas podem ser diferentes de acordo com a função que você ocupa.
Por exemplo, você como pedestre pode ter reações diferentes das que você teria como motorista de um carro.
E cabe ao profissional da área entender essa troca de postura e propor soluções harmoniosas de acordo com a Psicologia.
Processos cognitivos usados para se locomover
Você já imaginou quais são os principais fatores necessários para que a sua locomoção aconteça? O comportamento no trânsito envolve uma complexidade e está relacionado a:
- Atenção;
- Detecção;
- Diferenciação;
- Percepção;
- Processamento de informações;
- Memória a curto e a longo prazo;
- Aprendizagem e conhecimento de normas e de símbolos;
- Motivação;
- Tomada de decisões;
- Automatismos percepto-motores de manobras rápidas;
- Capacidade de reagir prontamente ao feedback;
- Previsão de situações em curvas, em cruzamentos e em lombadas.
Ou seja, esses processos estão totalmente ligados com a Psicologia e com seus estudos na área do trânsito.
Como é trabalhar com Psicologia do Trânsito?
Desde a regulamentação da Psicologia no Brasil em 1962, a Psicologia do Trânsito se consolidou como uma de suas áreas de atuação. E após a instituição do Código Nacional de Trânsito, também na década de 60, esse espaço se expandiu.
Assim, o profissional que escolher trabalhar nessa área terá uma série de opções para atuar, desde pesquisas e atendimentos clínicos até perícias e consultórias.
O que um psicólogo do trânsito faz?
O profissional da área pode incluir ações como:
- Prevenir acidentes;
- Perícia em exames com finalidade de readaptação ou reabilitação profissional;
- Tratamento de fobias ao volante.
Contudo, as intervenções não se limitam aos motoristas e não se resumem a avaliações psicológicas. Por isso, o I Fórum Nacional de Psicologia do Trânsito de 1999 elaborou diretrizes que orientam uma atuação ampla e multidisciplinar envolvendo:
- Realização de pesquisas sobre processos psicológicos, psicossociais e psicofísicos direcionados para ações socioeducativas;
- Análise dos acidentes de trânsito e indicações para reduzi-los ou evitá-los;
- Assessoria e consultoria aos órgãos públicos/privados de trânsito.
Onde um psicólogo do trânsito pode atuar?
Para se tornar um psicólogo do trânsito é preciso que o profissional realize uma pós-graduação para se especializar na área e solicite credenciamento ao Departamento de Trânsito. Após isso, é possível estar presente em perícias de acidentes, programas de educação, formação de condutores ou clínica própria.
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Referências Bibliográficas
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CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE, Acidentes e mortes nas rodovias federais custaram ao país quase R$ 13 bilhões em 2022, Brasília: 2023. Disponível em: <https://cnt.org.br/agencia-cnt/acidentes-e-mortes-nas-rodovias-federais-custaram-ao-pais-quase-13-bilhoes-em-2022>. Acesso em: 13 jun. 2023.
SILVA, Fábio Henrique Vieira de Cristo e; GUNTHER, Hartmut. Psicologia do trânsito no Brasil: de onde veio e para onde caminha?. Temas psicol., Ribeirão Preto, v. 17, n. 1, p. 163-175, 2009 . Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2009000100014>. Acesso em: 13 jun. 2023.
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