Psicologia explica: por que as pessoas gostam de crimes reais?
Equipe Eurekka
Verdadeiros delitos chocantes, eventos estranhos, reviravoltas envolventes e finais não resolvidos. Tudo isso tem despertado a atenção de muita gente. Mas, afinal, por que as pessoas gostam de crimes reais?
Há editoras especializadas em livros sobre o tema, podcasts investigativos, filmes muito bem produzidos e séries chamativas nos streamings. Isso tudo mostra que o gênero true crime tem conquistado espaço notável na mídia.
Então, se você adora esse assunto e deseja saber o motivo dessa relevância que só vem aumentando, a psicologia tem a resposta!
Acompanhe o texto de hoje para saber mais a respeito do true crime, o que influencia uma pessoa a consumir conteúdos assim e mais.
Boa leitura!
Índice
O que é true crime?
Conhece Dexter, Ted Bundy ou Jack, o Estripador?
Bom, se já ouviu falar de alguns desses nomes clássicos, sabe que são assassinos que existiram para além da ficção. O gênero true crime envolve esses e outros criminosos reais que, por conta de suas famas e peculiaridades no envolvimento com suas vítimas, tiveram seus casos de crime levados à TV e ao cinema, por exemplo.
Enquanto algumas pessoas passam longe de se informar sobre relatos brutais, outras ficam fascinadas com os detalhes de cada evento feroz. É como o grande mestre do terror, Stephen King, diz em seu livro Sombras da Noite (2012) : a maioria das pessoas tem, na mesma medida, interesse, curiosidade e repulsa por eventos macabros. É uma curiosidade pelo inexplicável e pelos mistérios da mente humana.
A mídia, por sua vez, percebe o interesse e resolve transformar esses acontecimentos em conteúdos a serem consumidos. E dá muito certo.
O aumento de produções sobre crimes reais
Ousados e com o propósito de chamar a atenção, os crimes reais têm recebido um espaço considerável na televisão, no cinema e na literatura.
Até mesmo crimes brasileiros ganharam destaque para além dos jornais, como o Caso Richthofen que virou um filme de duas partes em visões distintas de um mesmo fato: A menina que matou os pais e O menino que matou meus pais.
Illana Casoy, autora e criminóloga, comenta que a curiosidade pela mente humana faz com que haja um aumento na procura por títulos do true crime, e isso justifica a demanda em investir nesse mercado de entretenimento.
Por que as pessoas gostam de crimes reais?
Os crimes reais já têm seu espaço reservado na mente de várias pessoas. Fora os elementos de suspense e mistério que nos estimulam a saber mais sobre os casos como se tivéssemos investigando junto com a polícia ou envolvidos, há ainda outras justificativas.
Primeiramente, de acordo com psicólogos e psiquiatras especializados no tema, há alguns motivos pelos quais as pessoas gostam de casos criminais, por exemplo, o sensacionalismo feito pela mídia, tratando criminosos como celebridades a serem acompanhadas.
Além disso, também existe o prazer diante da punição que o criminoso vai ter. Desde muito tempo atrás, fomos ensinados a assistir pessoas sendo castigadas por seus crimes, como quando, na história, havia execuções em praça pública. Isso gera uma sensação de conforto de que a “justiça foi feita”.
Ainda há, segundo psicólogos, um certo mecanismo de nossas cabeças que alivia a violência que existe dentro de todos nós quando consumimos conteúdos do gênero true crime.
Assim como filmes praianos nos relaxam ou os românticos liberam sensações de amor, os de brutalidade ativam nossa violência interna com segurança e até mesmo alguns hormônios são liberados, como adrenalina.
Saiba mais: filmes de terror e o psicológico.
O grande número de mulheres que consomem true crime
De um jeito curioso, estudos mostram que há um certo público em específico que se interessa mais pelo true crime: as mulheres.
O motivo, segundo especialistas, se relaciona com o fato de que a maioria das vítimas desses crimes são as próprias mulheres.
Isso faz com que haja um reconhecimento ao ver o true crime, pois muitas delas já passaram, passam ou têm receio de vivenciar momentos de agressão e manipulação vinda de outros homens, assim como as vítimas das histórias contadas.
Ademais, nos depoimentos, elas afirmam que ver como os criminosos agem nos filmes e documentários é uma forma de elas aprenderem a se proteger. É como se os true crimes dessem dicas práticas às mulheres do que não fazer.
Gostar do gênero true crime faz mal?
A verdade é que crimes não são coisas boas. São violentos e retratam cenas repugnantes que podem acontecer com qualquer um. Entretanto, dar evidência a alguns crimes reais faz com que casos inacabados ganhem atenção suficiente para que sejam reabertos e solucionados.
Um exemplo disso é o assassinato de Jackie Hogue mostrado pela série de investigação Cold Justice, que gerou uma nova investigação do caso e descobriu novas evidências que apontaram o marido de Jackie como culpado pela morte.
Então, afinal, true crime faz mal ou não?
A resposta depende de como você reage ao que consome. Se assistir conteúdos criminosos te dá muito medo, pode não valer a pena por conta de gatilhos, paranoias, traumas e afins. Por outro lado, se acredita que te não te traz problemas e assim que você termina o conteúdo está com a cabeça tranquila, tudo bem.
Porém, há um verdadeiro alerta em que é preciso ter muita atenção. Ele acontece quando começamos a notar uma certa romantização desses crimes reais. Por isso, é preciso ter cuidado e entender que pessoas sofreram de verdade com aquilo e que, de modo algum, podemos transformar criminosos em celebridades. Como é o caso de pessoas no halloween se vestindo de Jeffrey Dahmer.
Imagine ser parente de uma das vítimas e, de repente, ver pessoas se vestindo como o assassino? Assustador, não é?
Saiba a verdade sobre a Psicopatia aqui.
O problema da romantização de crimes reais
A recente adaptação da Netflix feita por Jeffrey Dahmer sobre os crimes reais viralizou e, inclusive, gerou alguns escândalos sobre até que ponto essas histórias devem ser vendidas e reduzidas a meros espetáculos.
Algumas situações como essa retratam o problema na glamourização de crimes reais: a idolatria que traz, por consequência, a banalização de situações que merecem condolências.
Enquanto existem conteúdos sobre crimes que nos fazem entender a desigualdade, o preconceito, a injustiça e até mesmo um sistema judiciário falho na sociedade em que vivemos, há, por outro lado, adaptações invasivas que não respeitam as vítimas, deturpam fatos e endeusam criminosos.
Em conclusão, esses crimes reais mal adaptados não podem ter holofotes, pois servem para lucrar ao nos enganar e fazer com que admiremos coisas que merecem repúdio porque não estão de acordo com a justiça e com a verdade.
Como consumir e lidar com true crime?
Ao consumir e lidar com o true crime, precisamos fazer algumas perguntas a nós mesmos: essas obras são informativas ou apenas persuasivas? Qual o impacto desses conteúdos sobre quem assiste? Esses true crimes podem ser usados como instrumentos positivos para combater a violência?
De acordo com o médico psiquiátrico Leonardo Cruz, em entrevista ao jornal Metrópoles sobre a romantização do caso de Dahmer citado anteriormente, um true crime abordado da forma correta sempre mostrará a perspectiva da vítima ou do crime, e não um lado tendencioso do criminoso.
O especialista ainda diz que devemos ficar atentos se as obras respeitam os inocentes envolvidos:
“Quando a gente tem uma vítima de violência, a gente tende a evitar em uma primeira abordagem que ela reconte essa história, porque isso pode causar uma revivência da violência. Quando isso é demonstrado numa série de alcance global, com certeza, a privacidade, a dor, foi rompida e essas pessoas podem voltar a experimentar esse sofrimento”.
Saiba mais sobre assuntos curiosos na Academia Eurekka
Seja maratonando séries criminais, ouvindo podcasts de investigação, assistindo a filmes e documentários sobre crimes reais ou, até mesmo, lendo livros sobre casos criminais reais, é fato que o true crime é um assunto curioso e que desperta o desejo de muitas pessoas em saber mais sobre.
Além do true crime, existem outros temas diversos relacionados à mente humana que prendem o nosso interesse. Nosso instinto de curiosidade nos faz querer desvendar o desconhecido, ainda mais quando envolve a complexidade da mente!
Portanto, se você é daqueles que adora aprender coisas novas a respeito do ser humano, a Academia Eurekka é seu estilo. Nela, é possível aprender sobre Psicologia e os vastos assuntos que se encaixam dentro da análise do comportamento humano e seus processos mentais!
Aliás, na Academia Eurekka, você tem acesso a materiais completos e pode até mesmo participar de grupos exclusivos e dividir suas experiências com outras pessoas.
Ficou interessado em saber mais? Clique aqui.
3 replies on “Psicologia explica: por que as pessoas gostam de crimes reais?”
Eu consumo o conteúdo e pra mim é interessante ver a perspectiva dos policiais, da perícia e o modus operante do Algoz, na verdade o que mais me interessa é entender a parte científica dos casos pelo modo de agir o que geralmente acaba perfilando o assassino!
Gosto muito do gênero de true crime, principalmente pelas histórias envolvendo toda a investigação até o desfecho dos casos.
Realmente acompanhar a investigação de gêneros true crime é bem instigante! Ficamos felizes que tenha gostado do conteúdo!
Abraços,
Gabi da Equipe Eurekka