Polissonografia: para que serve e como fazer o teste do sono

Laura Hoffmann

Você já imaginou o que acontece com o seu corpo enquanto está dormindo? A verdade é que, mesmo em um sono profundo, seu corpo não para: o cérebro e vários outros órgãos precisam continuar ativos. Porém, às vezes, essas atividades podem não funcionar da melhor forma e a qualidade do sono cai. E é para isso que existe a polissonografia, um exame também chamado de “teste do sono”.

Muitas pessoas sofrem com um sono desregulado ou que, mesmo na hora e medida certa, parece não ser o suficiente para que ela se sinta restaurada no dia seguinte.

Assim, quando essas alterações estão presentes, precisamos analisar os padrões do nosso sono em detalhes: e esse é o objetivo de uma polissonografia. Para saber mais sobre como funciona a polissonografia e quais os cuidados necessários para fazer esse exame, continue lendo esse texto!

O que é o exame de polissonografia?

A polissonografia é um exame não invasivo, com o objetivo de acompanhar a atividade do corpo durante o sono. Para isso, se usam alguns sensores colocados no paciente que passam as informações para um computador.

No mesmo exame, são realizados vários testes de acordo com a indicação do médico. A polissonografia pode medir, ao mesmo tempo, a atividade do cérebro, dos músculos, do coração e do sistema respiratório.

Para que serve?

O sono do ser humano tem várias fases diferentes e cada uma delas tem uma função específica. Quando você não está dormindo bem, entender o que acontece durante a noite é um passo importante para melhorar o seu descanso.

O maior objetivo desse exame é simular os padrões do nosso sono e identificar as alterações que podem estar presentes. Dessa forma, o médico pode interpretar os resultados e, se necessário, fazer o diagnóstico de algum problema relacionado ao sono.

Quem deve fazer o exame de polissonografia?

A polissonografia é um exame bem simples. Por isso, ela pode ser feita em pessoas de todas as idades

No entanto, esse não costuma ser um exame de rotina. De forma geral, o médico vai solicitá-lo quando alguns sintomas relacionados ao sono aparecem, como, por exemplo,  pacientes que sentem insônia ou muito sono ao longo do dia. Outras queixas comuns são roncos ou a apneia do sono. Assim, ele pode confirmar se algum distúrbio do sono está presente. 

Existem vários distúrbios do sono, e podemos dividi-los em dois grupos: as dissonias e as parassonias.

Dissonias

As dissonias são alterações que afetam a qualidade ou a quantidade de sono. Sendo assim, podem ser causadas por fatores internos ou externos ao corpo.

Portanto, alguns exemplos bem conhecidos de dissonias são:

  • Insônia: dificuldade para dormir ou para manter um sono contínuo.
  • Hipersonia: sono e cansaço excessivos durante o dia e a noite. Pode ser um sintoma de depressão, assim como a insônia.
  • Apneia do sono: ruídos e interrupções repetidas na respiração ao dormir.
  • Narcolepsia: caracterizada por sonolência diurna excessiva, sono fragmentado à noite e ataques de sono ao longo do dia.
  • Síndrome do sono insuficiente: privação de sono por um período prolongado, causando sensação de cansaço e sonolência.
  • Padrões irregulares de sono: padrão indefinido no ciclo de sono, podendo alternar entre falta de sono e sono excessivo.

Parassonias

Já as parassonias ocorrem quando se têm experiências ou comportamentos atípicos durante o sono. Por exemplo, quando há movimentos anormais do corpo.

Dessa forma, alguns exemplos de parassonias são:

  • Sonambulismo: ativação das funções motoras durante o sono, de forma inconsciente. Nesse caso, a pessoa pode levantar, caminhar e falar enquanto ainda está dormindo.
  • Terror noturno: episódios de despertar parcial durante a noite, acompanhados de gritos, suor e aceleração do coração. De forma geral, esses episódios são esquecidos ao acordar. 
  • Paralisia do sono: incapacidade de se mover ou falar logo ao adormecer ou ao acordar, por um período curto.
  • Bruxismo: hábito de pressionar e ranger os dentes, em especial durante o sono.
  • Enurese noturna: eliminação de urina no período noturno, de modo involuntário.
  • Síndrome das pernas inquietas: forte impulso de mover as pernas, que ocorre de forma mais intensa à noite.

E, caso você se identifique com algum desses casos de dissonias e/ou parassonias, saiba que nossos psiquiatras podem fazer uma avaliação para descobrir se há questões psicológicas envolvidas nesses distúrbios, como a ansiedade e depressão. Assim, se for necessário, ele mesmo pode indicar o exame para você

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Como funciona o exame?

Para realizar o teste de sono, você irá dormir em uma clínica, em uma sala confortável. Então, alguns sensores fixados no seu corpo vão ajudar a monitorar o seu sono.

Hoje, já existe uma tecnologia para fazer a polissonografia domiciliar. Nesse caso, o teste é feito na casa de quem tenha alguma dificuldade de dormir fora ou se locomover. Contudo, o mais comum é fazer o exame em clínicas, laboratórios e hospitais.

Talvez você sinta algum incômodo por dormir em um ambiente estranho, ou por estar com eletrodos conectados ao corpo. Mas não se preocupe: esse é um exame indolor.

Realização do exame

Para começar o exame, você vai precisar deitar de uma forma confortável. Em seguida, a equipe fixa alguns sensores no corpo e no couro cabeludo.

Esses sensores ou eletrodos ajudam a fazer registros. Assim, eles vão acompanhar as ondas cerebrais, o oxigênio no sangue, os movimentos do corpo, a atividade do coração e do sistema respiratório.

O exame tem duração do mesmo tempo de uma noite de sono. Ou seja, cerca de 8 horas. Durante esse tempo, os dados dos sensores são enviados por meio de fios para um sistema no computador.

Por fim, o médico ou o técnico responsável retiram os dispositivos fixados no corpo, e pronto: você estará livre para voltar às suas atividades. 

médico analisando polissonografia no computador

Interpretação dos dados da polissonografia

A partir dos registros dos sensores, o médico pode avaliar o tempo de sono, os despertares noturnos, o ritmo do coração, além de muitos outros fatores. 

Para que isso aconteça, é preciso comparar os dados de todos os sistemas examinados. Além disso, o médico irá levar em conta as características de cada fase do sono.

Depois de analisar todas as informações e considerar o histórico de saúde do paciente, será possível obter o diagnóstico. Assim, o médico e o paciente podem buscar o tratamento mais adequado.

Tipos de Polissonografia

Ao todo, existem quatro tipos diferentes de polissonografia, de acordo com os canais de sinal que o exame capta. Ou seja, todas as funções do organismo que ele monitora: a atividade do cérebro, do coração e dos olhos, os movimentos, a respiração, entre outros.

A polissonografia do tipo 1 (ou basal) é a forma mais completa do exame. Neste caso, se captam ao menos 7 canais de sinal diferentes, ou seja, observa diversas funções do corpo. Por isso, só se pode fazer esse exame em laboratórios de sono, com um técnico especializado.

Da mesma forma, a polissonografia do tipo 2 analisa ao menos 7 canais de sinal. Mas, assim como os tipos 3 e 4, ela pode ser realizada em casa, com um aparelho portátil, e não precisa da observação do técnico.

No entanto, os tipos 3 e 4 captam um número menor de canais. O tipo 3, também chamado de polissonografia cardiorrespiratória, envolve 4 a 7 canais. O tipo 4, por sua vez, se realiza com 2 canais, sendo um deles a oximetria.

Preparo e cuidados para o exame de polissonografia

Mesmo sendo um exame simples, você vai precisar de alguns cuidados para fazer a polissonografia. A seguir, vamos falar sobre o preparo antes, durante e após o teste.

Antes do exame

Como preparação para a polissonografia, você deve evitar bebidas com cafeína até 24h antes do exame. Então, lembre-se de não beber café, refrigerantes e chá preto, por exemplo.

Da mesma forma, se recomenda evitar bebidas alcóolicas 48h antes do exame.

Por outro lado, é vital manter as suas atividades normais ao longo do dia. Você não precisa deixar de tomar nenhum remédio, a não ser por orientação médica.

Durante o exame

No momento do exame, a pele e os cabelos precisam estar limpos com produtos neutros. Para que os sensores fixem na pele, o ideal é não usar cremes, gel ou maquiagem. Além disso, não se deve usar esmalte escuro nas unhas.

Algumas clínicas recomendam que você leve objetos de uso pessoal. Por exemplo, seu travesseiro, o pijama ou uma roupa confortável. Assim, é mais fácil simular o ambiente em que você costuma dormir.

Ademais, fique atento às contraindicações do exame. É melhor transferir para outra data se você estiver gripado, com tosse ou febre, ou com a pele machucada ou irritada. Todos esses fatores podem prejudicar a análise do sono.

Caso você esteja voltando de uma viagem com mudança de fuso horário, também se recomenda remarcar. Afinal, isso pode afetar seu ciclo de sono e interferir nos resultados.

Depois do exame

No final do exame, você poderá voltar às suas atividades normais sem problemas. Não há necessidade de repouso, nem de cuidados especiais.

Dentro de alguns dias, os resultados serão enviados e o médico pode fazer a análise.

Quanto custa um exame de polissonografia?

Um exame de polissonografia pode custar entre R$ 600 e R$ 2000. Esse valor depende do local em que é feito e também da quantidade de funções monitoradas.

Por outro lado, esse exame pode ser coberto pelo SUS ou pelo plano de saúde, se houver a indicação médica adequada.

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