Pessimista ou preguiçoso? Entenda a conexão
Henrique Souza
Por que nós somos tão pessimistas? E por que nossa mente tem tantos pensamentos negativos? Se você é o tipo de pessoa que se tortura um pouco, que não consegue ser gentil consigo mesmo, e que talvez desista dos seus objetivos antes mesmo de tentar, então esse texto é para você. Afinal, como saber se você é pessimista ou preguiçoso?
O pessimismo trava a vida de muitas pessoas e, por isso, a psicologia estuda esse fenômeno para entender melhor como ele funciona, mas, principalmente, para descobrir como passar por cima dele.
Hoje vamos conversar sobre por que nós somos tão pessimistas e entender um dos principais combustíveis do pessimismo. E, no final, tem um desafio especialmente para você que quer começar a mudar de vida!
Índice
Uma vilã por trás do pessimismo
O grande motivo por trás do seu pessimismo e da vontade de fazer as coisas, mas que nunca se concretiza, pode ser uma vontade automática de poupar energia. Em outras palavras, pode ser que seja preguiça.
Mas calma, ninguém está chamando você de pessimista ou preguiçoso! Nós sabemos que muitas vezes é difícil lidar com a falta de vontade, de encontrar motivação e fazer o que precisa ser feito.
A lógica é muito simples. Todo mundo quer muito fazer exercício físico, mas a academia é muito longe. Sendo assim, você tem um problema. Então, você começa a contar para as pessoas sobre seu problema e elas sugerem soluções, por exemplo, que você faça exercícios em casa, que tente fazer corrida no parque ou pule corda no intervalo do trabalho.
Mas, logo depois que você escuta as ideias de solução, a primeira coisa que faz é procurar motivos para dizer o porquê aquilo não vai funcionar: você não tem equipamentos e não se adapta a exercícios em casa. O parque é muito perigoso ou você não tem um tênis nem tempo para isso. Fazer exercício no trabalho é ruim porque gosta de usar o intervalo pra outras coisas e, dessa forma, as desculpas para a preguiça vão surgindo. Assim, fica difícil saber se você é pessimista ou preguiçoso, mesmo.
Pessimismo e criação de desculpas
Sendo assim, você está travado em um problema. As pessoas estão tentando oferecer soluções e a sua mente está criando desculpas para não fazer aquilo. E aí, você acha que isso é ser pessimista ou preguiçoso?
Acontece que, quando falamos de desculpas, a gente sabe que, por um lado, elas são verdadeiras. Afinal, você não gosta de almoçar com pressa, não tem equipamento ou o parque perto da sua casa é perigoso.
Mas será que o real motivo desses pensamentos, lá no fundo, não é preguiça? Como saber se você é pessimista ou preguiçoso? Vamos fazer uma análise: a consequência de você aceitar qualquer uma dessas soluções que estão propondo para você é que você vai ter que mudar algum hábito, vai ter que fazer algum esforço na sua rotina, e claro, gastar energia.
Agora, qual é a consequência de aceitar as desculpas que você está criando? De se convencer de que seu problema não tem solução? Quando você se convence de que seu problema não tem solução, você simplesmente continua vivendo a sua vida sem gastar tanta energia.
Preguiça, autossabotagem e zonas de conforto
Esta é uma forma de criar uma zona de conforto e de desenvolver um sistema de autossabotagem: você tem a solução para o problema, mas se convence de que não consegue fazer e cria obstáculos para que continue na mesma situação.
Muitas vezes, nossa mente cria desculpas, motivos, argumentos e linhas de raciocínio, não porque ela está em busca da verdade, mas porque ela está em busca de gastar a menor energia possível. E você, aceitando as desculpas que a sua mente cria, acaba se tornando uma pessoa ótima em criar desculpas para se manter na zona de conforto. E, assim, fica difícil identificar, por conta própria, se você é pessimista ou só preguiçoso demais.
Pessimismo e economia de energia
O nosso cérebro é programado para poupar energia. Muito do que ele faz gira em torno disso, o que é algo muito bom porque permitiu que o ser humano evoluísse e chegasse onde está hoje. Mas, com esse padrão de tentar economizar sempre, ele se torna um pouco “mão de vaca” às vezes, e isso faz com que você poupe em situações em que seria melhor gastar.
É como se sua mente enfeitiçasse você com um único objetivo de vida e assim o gasto de energia é mínimo.
Quando você resolve fazer mudanças na vida, ter bons relacionamentos, fazer meditação e exercícios e outras tantas atividades, sua mente tenta sabotar tudo isso, inventando desculpas. Então, a verdadeira mudança de vida é perceber que ela está fazendo isso com você e, a partir daí, você terá controle da situação.
O objetivo do feitiço é fazer você ficar parado sem gastar energia. Qual é a grande vantagem da pessoa pessimista? Como o problema não tem solução, ela não gasta energia fazendo coisas diferentes. Assim, o cérebro faz o que já está programado para fazer e, por isso, se sente bem e confortável.
Você está mentindo para si mesmo?
Então, quando você está com preguiça de sair, por exemplo, e alguém te propõe tomar uma cerveja de noite, a não ser que seja uma pessoa muito íntima, você não vai dizer: “Estou com preguiça. Não quero ir hoje.” É normal que você pense em motivos justificáveis para não ter que sair de casa. Então diz: “Olha, eu tinha planejado fazer alguma coisa/ estou um pouco doente/não, eu preciso dormir bem hoje.”
Você faz isso porque não quer dizer para a pessoa que você só não quer fazer aquilo. Agora, é exatamente isso que acontece no seu diálogo consigo mesmo! Às vezes, você sabe o que deveria e gostaria de fazer mais, mas você faz porque você não quer.
Só que, como você não quer dizer para si mesmo que o motivo da sua paralisia é simplesmente não querer, você tenta justificar de outras formas. Daí vêm as desculpas de tempo, equipamento, dinheiro e tudo mais.
Prazer imediato x Longo prazo
Um dos motivos dessas desculpas, especialmente para questões de disciplina como guardar dinheiro, comer de forma saudável e fazer exercício, é que a recompensa para esses comportamentos está lá na frente, daqui meses ou anos. Por outro lado, comer chocolate, ficar dormindo e comprar coisas fúteis tem um efeito imediato de prazer.
Assim, você empurra esses objetivos importantes lá para frente, enquanto se ocupa com as coisas agradáveis do agora.
Isso acontece porque é muito mais fácil você colocar o esforço difícil da sua vida no futuro do que no presente. Você pensa em deixar essas tarefas chatas pro seu “eu do futuro”. E, dessa forma, vêm as ideias de “segunda-feira eu começo a dieta vegetariana“. Mas o que você está construindo é só uma vida mais difícil para o seu eu do futuro.
Enfrentando o pessimismo e a preguiça
Com tudo isso em mente, está na hora de dar passos contra essa maré para que você possa começar a colocar sua vida nos eixos.
Questione suas desculpas
Olhe para os seus pensamentos hoje e para as desculpas que você tem inventado e faça o seguinte: Ao invés de tentar responder a essas relutâncias e objeções da sua mente, tente argumentar contra os seus pensamentos. Em vez disso, olhe para a motivação que existe por trás de seus pensamentos e se pergunte: eu estou sendo pessimista ou preguiçoso?
Será que você não está só achando muito trabalhoso fazer o que quer e, por isso, procurando motivos pra não fazer?
Torne o primeiro passo mais fácil
E se você só ignorar esses pensamentos e abrir um vídeo de 5 minutos de meditação ou mindfulness? Ou talvez, se você fizer 5 abdominais? Ler um parágrafo do seu livro? Essas opções vão encontrar menos resistência mental do que praticar por horas qualquer uma dessas atividades. São micropassos!
Lembre-se que seu cérebro é uma máquina de poupar energia. Sendo assim, fazer com que o início seja mais fácil é uma ótima estratégia para quebrar as barreiras de economia de energia que seu cérebro cria de forma automática.
Leia também: Como parar de procrastinar? 5 dicas para dias mais produtivos
Pare de esperar o momento perfeito
Pare de deixar pra começar só quando você tiver todos os equipamentos, quando morar em outro lugar, quando terminar a faculdade, quando virar o ano ou trocar de trabalho. O melhor momento para você começar é agora!
Pode ser que, começando agora, o início não seja o ideal com tudo que você gostaria, mas ver os primeiros passos do processo sendo dados, vai motivar a criar hábitos e mantê-los. Com isso, aos poucos, você vai aperfeiçoando as suas condições.
Além disso, a terapia é um ótimo lugar para você entender melhor os seus pensamentos e pensar em bons micropassos para resolver seu problema. Clique aqui para marcar uma conversa inicial com a gente!
Desafio final
Você quer chegar no próximo fim de semana, olhar para a semana que passou e sentir que fez a sua vida valer a pena nos últimos dias? Quer ter certeza de que seu potencial está sendo explorado? Quer dar espaço para ser amoroso, gentil, disciplinado e trabalhador dedicado, como você sabe que pode ser?
Então, o que você vai fazer quando sua mente começar a criar desculpas? Você vai agradecê-la e dizer: “Olha, obrigado, mente. Eu sei que seu trabalho é economizar energia.” Isso mesmo, você vai discutir com ela.
Depois disso, você vai bolar o seu micropasso para aquela tarefa. Vai escolher a menor atitude possível relacionada ao que você quer e começar a fazer. Por exemplo, você estava tentando começar a fazer exercício e seu plano era ir 4 vezes por semana à academia, mas por isso não estava conseguindo? Então seu micropasso pode ser fazer 10 polichinelos. Só isso.
Pense nos seus objetivos, na sua realidade e, dentro dela, crie a sua primeira pequena atitude em direção a um objetivo maior.
Deixe um comentário