Narcolepsia: o que é, causas e principais sintomas
Brenda de Castro Igino
Você sente sintomas como sonolência excessiva diurna (SDE), sono noturno fragmentado e ataques de sono durante o dia? Estas são manifestações que podem fazer parte da narcolepsia, uma condição clínica que os médicos podem tratar.
O maior problema dos médicos no diagnóstico e tratamento da maioria dos distúrbios de sono é o fato de que as pessoas não conhecem os sintomas e não falam desses sintomas nas consultas. Por isso é tão importante espalhar informação confiável sobre o tema.
Neste artigo, você vai encontrar o que é narcolepsia, quais suas causas e consequências, explicação dos sintomas e tratamentos.
Índice
O que é a narcolepsia?
A narcolepsia é um distúrbio de sono causado por uma mudança no equilíbrio de substâncias químicas no cérebro, que costuma surgir no fim da adolescência ou até os 50 anos, sendo um pouco mais comum em homens. Depois de se estabelecer, a condição se torna crônica.
A qualidade do sono impacta de forma direta a qualidade de vida. Por isso, pessoas com narcolepsia podem ter o seu bem-estar afetado por conta dos sintomas deste transtorno.
O ideal é que o sono seja reparador. Ou seja, capaz de te deixar disposto ao acordar. Além disso, o sono deve respeitar a duração certa de cada faixa etária.
Para adultos, o melhor é dormir de 7 a 8 horas; já adolescentes devem dormir de 9 a 10 horas por noite. Outro fator que atrapalha a qualidade do sono são os despertares noturnos, um dos responsáveis pelo cansaço, indisposição e baixo rendimento ao acordar.
Sintomas da narcolepsia
Os sintomas que vamos ver a seguir são os mais comuns na narcolepsia. São eles: sonolência excessiva diurna, sono noturno fragmentado e ataques de sono a qualquer hora do dia. Vamos entender mais sobre eles agora.
Sonolência excessiva diurna (SDE)
Uma das primeiras manifestações e das mais comuns é o sono exagerado durante o dia, que ocorre mesmo que o portador tenha dormido bem na noite anterior. Pode incluir ataques de sono a qualquer hora ou lugar, como dormir durante conversas, dirigindo ou manuseando máquinas.
Sono noturno fragmentado
É quando você acorda várias vezes ao longo da noite. Isso atrapalha a qualidade do sono e pode aumentar os ataques de sono no dia seguinte.
Paralisia do sono
Com a paralisia do sono, a pessoa não consegue falar e se mexer no início ou fim do sono. Isso dura alguns minutos e pode ser uma experiência assustadora.
Cataplexia
É a perda súbita e reversível da força muscular consciente. Este é um sintoma exclusivo da narcolepsia e se desencadeia por fortes emoções.
Alucinações
São sonhos que ocorrem na mudança entre vigília e sono. O medo e o terror acompanham estes sonhos; fenômenos táteis, visuais e auditivos também podem ocorrer.
Causas da narcolepsia
Agora que você já sabe o que é e os principais sintomas da narcolepsia, pode estar se perguntando: por que a narcolepsia ocorre?
A causa ainda não é bem clara. Porém, os médicos acreditam que os principais fatores que causam este distúrbio são um desequilíbrio em substâncias químicas do cérebro, fatores genéticos e baixa produção na síntese de hipocretina. Esta é uma substância química que nos mantêm acordados durante o dia.
Diante disso, quais são as consequências de não dormir ou dormir mal? Elas podem ser biológicas, causando cansaço, indisposição, falha de memória e dificuldade de atenção e concentração. Além disso, pode haver também hipersensibilidade sonora e luminosa e mudança de humor.
Além disso, podem ser proximais. Ou seja, que interferem nas atividades do dia a dia da pessoa, gerando mais faltas no trabalho, mais riscos de acidentes, interferências em relacionamentos e cochilos ao volante.
O terceiro tipo de consequências são as que se observam a longo prazo, como perda de emprego, sequelas de acidentes e surgimento e piora de problemas de saúde.
Diagnóstico de narcolepsia
Vamos falar do diagnóstico? A presença de sonolência excessiva e cataplexia confirmam o diagnóstico sem a necessidade de testes clínicos. Mas e se o paciente não tiver cataplexia, ou ainda não a tiver desenvolvido? Nesses casos, os médicos pedem que a pessoa faça a polissonografia, além do teste de latências múltiplas do sono (TLMS).
Caso o TLMS não seja conclusivo, ainda pedem para fazer a tipagem do antígeno HLA. Se for positivo, deve se prosseguir com a dosagem de hipocretina tipo 1 no líquido cefalorraquidiano.
Polissonografia
É um exame não invasivo, que avalia a atividade respiratória muscular e cerebral durante o sono. Ademais, ele serve de exame complementar e estabelece o diagnóstico da narcolepsia. Esse é um diagnóstico diferencial, pois alguns sintomas também são comuns a outros distúrbios do sono.
Teste de múltiplas latências do sono
Após fazer a polissonografia, recomendam o TLMS, que monitora breves períodos de sono, as sonecas e o despertar, em ambiente especial. Esse teste, assim como o anterior, não é específico da narcolepsia. Portanto, seu resultado pode ser inconclusivo.
Dosagem de hipocretinas
Depois de fazer a tipagem de antígeno HLA, prosseguem com a dosagem de hipocretinas no líquido cefalorraquidiano. Para isso, fazem uma punção lombar para colher o líquido. Por fim, enviam ao laboratório onde a vão dosar a hipocretina.
Escala de Epworth
Além desses exames, você pode precisar fazer a Escala de Sonolência de Epworth. Este é um teste subjetivo, que o médico pode aplicar para medir o nível de sonolência diurna do paciente.
Muitos países usam este exame, em vários distúrbios de sono. Além disso, o próprio paciente responde às perguntas. A escala tem 8 situações e cada uma pode ter de 0 a 3 pontos. Portanto, a pontuação varia entre 0 e 24 pontos, sendo que, a partir de 10, já avaliam como sonolência diurna excessiva. Por fim, lembre que só um profissional de saúde capacitado pode interpretar de forma correta o exame.
Qual o tratamento da narcolepsia?
Para tratar a narcolepsia, há formas sem remédios. Além disso, o médico pode passar remédios para o paciente. Não obstante, a escolha de como tratar vai depender do quão grave está a doença. Vamos ver mais sobre isso a seguir.
Tratamento não farmacológico
Os médicos recomendam algumas medidas gerais e não farmacológicas para aumentar a qualidade de vida do paciente. As recomendações gerais são:
- Planejar um breve cochilo, que é sempre reparador nos ataques de sono que ocorrem;
- Se atentar aos sentimentos que levam à cataplexia, pois, em geral, as emoções são gatilhos;
- Evitar tomar álcool e produtos que causam sono, pois podem piorar o quadro;
- Evitar dirigir ou operar máquinas, pois pode pôr em risco a vida das pessoas.
Tratamento farmacológico
No tratamento farmacológico, as principais drogas são:
- Modafinila
- Metilfenidato e seus derivados, anfetaminas ou oxibato de sódio
- Certos antidepressivos supressores de sono REM
Modafinila é um fármaco usado para aumentar a vigília de ação prolongada. Além disso, pode ajudar pacientes com SDE leve e moderada. Contudo, os efeitos colaterais incluem náuseas e cefaleia, e pode reduzir o efeito de contraceptivos orais. O armodafinila é uma opção ao modafinila e, portanto, há benefícios e efeitos adversos parecidos.
Se usa metilfenidato ou derivados de anfetamina se o paciente não responder ou não tolerar a modafinila. Contudo, eles têm efeitos colaterais mais fortes. Por exemplo: agitação, hipertensão arterial, taquicardia, infarto agudo do miocárdio (secundário à vasoconstrição), mudanças no apetite e mudanças no humor (p. ex., reações maníacas). Além disso, há altas chances de uso abusivo.
Os médicos usam oxibato de sódio para tratar SDE e cataplexia. Entre os sintomas colaterais estão: cefaleias, náuseas, tonturas, nasofaringites, sonolência, vômitos e incontinência urinária. Além disso, algumas vezes, também há sonambulismo.
Além disso, esse é um fármaco classe III com potencial para abuso e dependência. Por fim, os médicos não o indicam para pacientes com deficiência de desidrogenase succínica semialdeído. Esta é uma doença congênita do metabolismo dos neurotransmissores. Ademais, pacientes com doenças respiratórias não tratadas devem usar com cuidado.
A narcolepsia é uma doença crônica. Apesar de não ser grave, pode comprometer a qualidade de vida de quem a possui. Por isso, é vital saber reconhecer a doença, seus sintomas e quando procurar ajuda médica, pois se trata de uma condição clínica tratável.
Por fim, é vital enfatizar que só um profissional qualificado vai identificar a doença e prescrever o melhor tratamento.
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