Microbiota intestinal e saúde mental: qual a relação?

Guilherme Cardoso externo

Guilherme Cardoso da Silva

Tenho certeza que toda vez que você pensa na regulação do seu intestino, a ideia é retirar as dores abdominais, evitar diarreia e outros incômodos. Mas você sabia que o bem estar da sua microbiota intestinal (flora intestinal) está ligado ao seu bem estar emocional?

E é sobre essa conexão entre intestino e cérebro que você lerá agora. Confira!

O que é microbiota intestinal?

A microbiota intestinal se compõe pelos microrganismos que estão no nosso intestino. O que nos interessa aqui é a observação das bactérias do intestino grosso, pois é lá que a mágica acontece.

Microbiota intestinal x Saúde mental: como uma influencia a outra?

Sintomas gastrointestinais são comuns em pessoas com distúrbios neurológicos e mentais. Mas, infelizmente, podem não receber a devida relevância.

A serotonina é uma substância química envolvida na regulação do humor, mas o que muitos não sabem é que a sua maior parte se encontra no intestino. Então, se o sistema gástrico não está funcionando bem, a pessoa pode ter alterações no humor.

Eixo Cérebro-Intestino

O eixo cérebrointestino ocorre via nervo vago, que é uma ligação importante entre os dois órgãos. Ele se origina no cérebro e desce até o intestino, passando por diferentes órgãos pelo caminho.

Os nervos são como fios e transportam impulsos elétricos que carregam instruções ou percebem mudanças. Nesse sentido, os impulsos do nervo vago transportam informações sobre o que o intestino está fazendo.

O nervo vago leva ao cérebro os sentimentos mais básicos. O frio na barriga, uma pontada “na boca do estômago”, o intestino solto em situações de nervosismo, tudo isso tem origem no intestino.

Cérebro e o intestino têm uma ligação íntima, e, mais do que isso, de mão dupla! Ou seja, não apenas as emoções afetam o funcionamento do intestino, mas a atividade intestinal pode afetar seu estado de humor e seu comportamento.

Seria muito prático ingerir algumas bactérias e aumentar os níveis de serotonina. Mas é claro que a coisa não é assim tão simples.

O aumento de algumas bactérias aumenta os níveis de outro composto químico no sangue, o triptofano, o qual pode ser convertido em serotonina.

Dessa forma, não é nenhum exagero dizer que a conexão entre o intestino e o cérebro tem a capacidade de o deixar feliz.

Além disso, em casos de depressão profunda, em que os pacientes se mostram incuráveis por substâncias químicas e terapias comportamentais, médicos já interferiram nessa ligação.

Microbiota intestinal e neurotransmissores

Os impulsos elétricos no nosso cérebro têm uma origem química na maioria das vezes. As substâncias que iniciam esses impulsos nervosos são os neurotransmissores. Esses são, na maior parte, gerados no nosso corpo.

No entanto, as células humanas não são a única fonte dessa substância. A microbiota desempenha um papel importante nesse processo, gerando substâncias que agem da mesma forma ao estimular o nervo vago.

Como as bactérias agem no intestino?

Além de construir algumas vitaminas essenciais, as bactérias são capazes de decompor algumas fibras “duras”, por exemplo.

A sua presença altera a forma e a composição química do intestino. Essas mudanças permitem uma maior captação de energia dos alimentos.

O intestino, assim como a nossa pele, exerce uma função de barreira interna. Se algo de errado passar por essa barreira, podemos enfrentar sérios problemas.

Entretanto o intestino é muito mais frágil que a pele, uma vez que possui apenas uma camada de “grossura”. Além disso, suas células não são tão grudadas quanto as da pele, existindo pequenos espaços entre elas.

Esse espaço só pode permitir que algumas substâncias passem. Porém, dependendo do estado do intestino, esse filtro fica prejudicado e você pode adoecer.

Psicobióticos

Foi descoberto que camundongos depressivos ficavam mais animados graças a determinadas bactérias, e que ratos mudavam de comportamento quando recebiam bactérias intestinais de outros.

Eureka! Nascia o conceito de “psicobióticos”.

De forma resumida, são bactérias que possuem potencial para atuar do ponto de vista psicológico. Em alguns casos elas têm aplicação em doenças como a depressão.

Por fim, alguns estudos foram feitos em humanos. E a boa notícia é que a grande maioria dos “coquetéis de bactérias” tiveram algum efeito sobre a psique humana.

O psicobiótico substitui os remédios psiquiátricos?

A decisão de tomar um remédio psiquiátrico é algo delicado. Parte, ou ao menos deveria partir, de uma análise criteriosa de um médico capacitado, e da real intenção do paciente de iniciar esse tratamento.

Da mesma forma, seria errado pensar em substituir um remédio prescrito por um profissional capacitado, por algumas bactérias.

O que pode ser observado é que as bactérias não provocam mudanças repentinas de humor, mas influenciam aos poucos. Em geral, em três ou quatro semanas após a ingestão e até determinado ponto.

O tempo é curto, já que os próprios remédios psiquiátricos costumam demoram algumas semanas para fazer efeito. A questão é o quão efetivo é o medicamento e as bactérias para cada caso. 

Em casos mais complexos, talvez não seja uma alternativa. Mas em situações mais leves, utilizar algumas bactérias pode ser de grande valia.

É possível curar ansiedade e depressão com a microbiota?

Reforço que esse texto não tem a intenção de dar uma poção mágica e saliento que o seu caso pode ter pouca relação com a saúde intestinal. Mas e se for o seu caso? E se a sua saúde intestinal estiver em grande parte ligada com o problema psicológico que tanto lhe afeta?

Uma equipe de cientistas do Canadá descobriu que alterar a microbiota intestinal de camundongos dando a eles antibióticos, os deixava menos ansiosos na hora de explorar um ambiente novo.

Seguindo o experimento, trocaram a microbiota de duas raças de camundongos, uma ansiosa e outra calma. Após isso, descobriram que os níveis de ansiedade entre as raças se aproximou um do outro, afetando até mesmo sua coragem para explorar ambientes desconhecidos.

A nossa personalidade não é apenas baseada na nossa criação. Agora, imagine pensar que somos mais do que produto de nossos genes, mas sim que temos uma personalidade composta também pelas bactérias que vivem em nosso intestino.

microbiota intestinal

Benefícios de uma microbiota intestinal bem cuidada

As melhoras podem estar relacionadas ao humor, estresse, momentos depressivos e ansiosos, desempenho em esportes, aproveitamento de vitaminas, doenças já instaladas, problemas intestinais, disposição, sono, entre outros.

Parece exagero, mas, se você parar para pensar, a microbiota pode ajudar, ao menos até certo ponto, em vários aspectos do funcionamento do nosso corpo, até mesmo pois muitos fatores estão interligados.

Pode-se afirmar que uma microbiota saudável e, por isso, diversa, deixa a pessoa menos suscetível a doenças. Além disso, você fica com um metabolismo mais eficaz (menos suscetível a engordar).

Como saber se a minha microbiota precisa de cuidados?

Alguns sinais são bastante claros, embora quando alguns problemas viram rotina, eles pareçam normais. A correria do dia a dia também pode favorecer essa falta de percepção.

Antes de mais nada, não é saudável ficar dias sem evacuar. Se você fica três dias sem fazer o “número 2”, mesmo que coma pouco, isso não é normal.

Ter diarreias frequentes também não é um bom sinal. E isso vai muito além de apenas ir ao banheiro. Nesse caso, talvez você não está tendo uma boa absorção dos nutrientes, e isso pode desencadear uma série de problemas.

Se o seu caso não é tão drástico assim, ou seja, nem constipação (intestino preso), nem diarreia, mas ainda assim você quer ter uma ideia da saúde do seu cocô, você pode conferir no material abaixo:

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Por fim, alguns outros sinais podem indicar que a sua microbiota não está lá essas coisas são dores intestinais e até mesmo mau hálito podem indicar que há um desequilíbrio das suas bactérias intestinais.

5 dicas para melhorar a microbiota intestinal

  1. Coma uma boa porção de vegetais no almoço e no jantar
  2. Consuma frutas
  3. Consuma boas fontes de gordura
  4. Ingira EPA e DHA (presentes no ômega 3)
  5. Ingira bastante água (entre 30 e 50 ml por kg de peso)

Mesmo com essas dicas, sabemos que pode ser difícil montar uma dieta que envolva todos os nutrientes necessários para a sua saúde. Por conta disso, a Eurekka possui médicos e nutricionistas que podem te ajudar nesse processo! Marque já a sua consulta nutricional e garanta o seu bem-estar.

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Alimentos que melhoram a microbiota

De maneira geral, 3 elementos são fundamentais para alimentar as nossas bactérias boas: fibras, fitoquímicos e ômega 3. São os famosos prebióticos.

A boa notícia é que muitos alimentos possuem mais do que uma das três indicações acima.

Vamos a dicas práticas:

  • Coma vegetais fibrosos nas refeições principais, assim você já estará ofertando fibras e fitoquímicos, como no brócolis, por exemplo.
  • Nas frutas, você também terá fibras e fitoquímicos.
  • Gorduras boas, como o azeite de oliva (fonte de ômega 9) também é uma fonte rica de fitoquímicos.
  • O ômega 3 está mais presente em alguns peixes, ao menos pensando em EPA e DHA, apresentando uma boa absorção pelo corpo. Uma fonte interessante, por exemplo, é o salmão.

Para quem não gosta muito, pode ingerir o suplemento de ômega 3 mesmo. Mas procure comprar o ômega 3 isolado, não os compostos de ômega 3, 6 e 9. Temos muitos alimentos fontes de ômega 6, e ingerir mais dele não seria proveitoso para a maioria das pessoas.

Então, a dica é: coma vegetais da maneira mais variada possível. Aquele clichê da nutrição segue valendo: o prato deve ser colorido.

Um mix de vegetais no almoço, com brócolis, couve-flor, cenoura, cogumelos e tomate, seria uma ótima pedida!

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