Mecanismos de enfrentamento: o que são e como funcionam
Equipe Eurekka
Você já notou como as pessoas costumam ter diferentes reações quando passam por situações difíceis? Algumas parecem virar um robô, outras saem apontando o dedo para todo mundo, enquanto outras preferem pegar toda a culpa do mundo para si. Chamamos todas essas estratégias de mecanismos de enfrentamento.
Neste texto, você vai entender o que são estes mecanismos, por que eles surgem e quando podem ser benéficos para a nossa saúde mental. Além disso, vamos te mostrar a importância da terapia nessas situações de ameaça e de sentimentos negativos.
Boa leitura!
Índice
O que são mecanismos de enfrentamento?
Mecanismos de enfrentamento é o nome que se dá para estratégias que usamos para lidar com situações difíceis. Elas ocorrem no nível cognitivo e comportamental, e não costumam ser algo que a gente pensa antes de fazer; simplesmente acontecem!
Estes mecanismos também podem surgir com outros nomes, como estratégias de enfrentamento ou coping, nome comum no exterior.
Como eles funcionam?
Esses mecanismos surgem quando passamos por uma situação de ameaça ou de dano, por exemplo.
Em algumas situações, temos respostas automáticas. Isso quer dizer que, dependendo do contexto, nós já sabemos como agir, o que falar ou que caminho seguir.
Em outras situações, contudo, a gente não sabe muito bem o que fazer. E é nesse caso que surgem os mecanismos de enfrentamento.
Contextos de uso dos mecanismos de enfrentamento
As estratégias de enfrentamento surgem em contextos de ameaça e dano, como já falamos antes. Isso significa que o “habitat natural” dessas estratégias são momentos de dificuldade, que nos causam desconforto e/ou dor.
Veja quais são os contextos mais comuns, dos dias atuais, para mecanismos de enfrentamento.
Pandemia do COVID-19
A pandemia do coronavírus foi, com certeza, um contexto de insegurança, ameaça e dor para muitas pessoas. Por isso, desencadeou vários mecanismos de enfrentamento.
Afinal, essa era a forma que o nosso corpo encontrou para lidar com uma situação que não era familiar. Como estávamos vivendo em estado de alerta, o coping vem à tona, como se controlasse, dali em diante, a forma como vamos lidar com aquela nova situação.
Problemas no relacionamento
Dificuldades podem surgir em qualquer relação, seja ela amorosa ou não. No trabalho, no colégio, dentro de casa…
Esses problemas podem engatilhar dentro de nós sentimentos negativos e, de novo, um estado de alerta, como se estivéssemos vivendo em ameaça.
Luto
Muitas pessoas não aprendem a lidar com o luto antes de ter que lidar com tal situação. Como a morte ainda é um tabu, isso dificulta muito a compreensão e aceitação do luto.
E isso, por sua vez, desencadeia mecanismos de enfrentamento, já que não costuma ser natural ou rotineiro para as pessoas ter de lidar com o luto.
Quanto mais você evitou o luto no passado, mais fortes tendem a ser os mecanismos de enfrentamento para que você seja capaz de lidar com a situação agora.
Tipos de mecanismo de enfrentamento
Não existe só uma forma de estratégia de enfrentamento; como as pessoas agem e pensam de formas diferentes, as estratégias de coping também variam.
Por isso, separamos os quatro tipos de mecanismos de enfrentamento para que você entenda a diferença entre eles. Será que você consegue identificar o seu?
Acusação
Sabe aquela pessoa que sempre transfere a culpa de qualquer problema para as outras pessoas envolvidas? Sem nunca assumir responsabilidades ou entender o seu papel nos resultados que o grupo obteve?
Então, esta é uma pessoa que lida com situações de ameaça através do mecanismo de acusação. Dessa forma, a pessoa nunca precisa parar para refletir sobre suas ações e as consequências destas.
Ao transferir tudo para os outros, fica “mais fácil” levar a vida sem sentir culpa ou outros sentimentos negativos. No entanto, essa resolução não costuma se sustentar a longo prazo.
Afinal, não resolve o problema em si. Por exemplo, se ela acha que a culpa da sua falta de dinheiro é da empresa que paga menos, ela continuará sem dinheiro, porque não fez nada para mudar essa situação.
Além disso, pode deixar o seu círculo de relacionamentos menor, já que as pessoas se sentem atacadas — com razão — e tendem a se afastar.
Fuga
A teoria comportamental usa este termo com muita frequência. A fuga consiste em tentar sair de perto da situação que causa desconforto ou nos faz sentir ameaçados.
Vamos supor, por exemplo, que seu parceiro sempre reclama de algumas situações dentro do relacionamento. Para resolver essa situação, o ideal seria sentar, conversar, aceitar as críticas construtivas e trabalhar para melhorar a relação.
No entanto, a pessoa que obtém a fuga como mecanismo de enfrentamento estará sempre fugindo de situações de conversa. Talvez fuja até do parceiro!
Essa evitação pode gerar alívio momentâneo, por escapar da conversa chata ou das críticas que causam dor; contudo, não consegue se sustentar no longo prazo, pois o relacionamento demanda conversa e entendimento.
Ou seja, assim como os outros mecanismos de enfrentamento, não serve para muita coisa além de um descanso mínimo. A melhor forma é sempre encarar a situação, mesmo com medo, mesmo com desconforto.
E se você sente que tem fugido de situações que incomodam e que existem coisas que precisam ser resolvidas, mas você não tem tido coragem para revisitar isso, a terapia é o que você precisa para resolver suas questões e ser, finalmente, feliz!
Racionalização
Algumas pessoas tendem a racionalizar situações que são difíceis para elas no âmbito emocional. Ou seja, ao invés de se permitir sentir a dor e passar por aquele momento difícil, o indivíduo passa a racionalizar e congelar suas emoções.
Mais uma vez, esta estratégia pode ser útil para que a situação se resolva, já que a racionalização tende a colaborar com formas de resolução do conflito, mas não vai causar benefícios para a saúde mental.
Afinal, é preciso entrar em contato com o que se sente para que possa “digerir” a situação e voltar a um estado de bem-estar.
Se você “congela” as suas emoções, elas ainda estão dentro de você, embaralhadas, confusas e doloridas, e podem acabar explodindo em um outro momento.
Apaziguamento
O indivíduo apaziguador prefere levar a culpa por todas as situações do que ter que participar ou presenciar uma briga. É claro que essa culpabilização não é benéfica, pois faz com que os demais também não aprendam a assumir suas responsabilidades.
É preciso que se entenda por que essa pessoa não suporta uma briga; por que ela não permite que os outros sejam responsáveis pelos seus atos; e por que ela prefere ser a culpada de tudo que ocorre ao seu redor.
A partir dessas reflexões, fica mais fácil fazer com que a saúde mental fique estável e equilibrada, e essa pessoa poderá compreender melhor o seu lugar no mundo.
Por que os mecanismos de enfrentamento são importantes?
As estratégias de coping são vitais para que a gente tenha o primeiro contato com a situação de ameaça sem que a gente sofra um colapso mental.
Quando são adaptativos, os mecanismos de enfrentamento nos ajudam a acolher o ambiente e agir sobre ele mesmo quando há um sinal de alerta no nosso cérebro. Isso ajuda a reduzir o estresse e produzir mais bem-estar.
No entanto, quando os mecanismos de enfrentamento não são adaptados da forma correta, ocorre o que citei antes: produzem alívio no curto prazo, mas consequências negativas no longo prazo. Chamamos isso de coping negativo.
Saiba mais sobre seus mecanismos de enfrentamento na terapia
Na terapia, você conhece mais sobre si mesmo e sobre sua forma de agir no mundo. Assim, conhecer seu mecanismo de enfrentamento vai fazer você entender por que isso ocorre.
Tendo maior autoconhecimento, você também é capaz de pensar qual seria a melhor forma para você se relacionar com os outros ao seu redor. Dessa forma, você pode enfrentar situações difíceis sem precisar de “armaduras” que mais te incomodam do que ajudam.
Na Eurekka, os psicólogos estudam muito sobre mecanismos de enfrentamento e estão disponíveis para te guiar na busca de autoconhecimento e independência emocional.
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