Lobotomia: o que foi essa técnica controversa 

Equipe Eurekka

Na história dos tratamentos psiquiátricos, encontramos diversas técnicas que hoje são consideradas antiéticas. E um desses casos é a lobotomia. 

Sendo tema de filmes, estudos, séries e documentários, essa cirurgia controversa revela um lado questionável das tentativas de tratar as pessoas com transtornos mentais.

E, neste texto, nós vamos explicar o que foi a lobotomia, como os médicos a realizavam e o que se pode dizer sobre ela nos dias de hoke

Boa leitura!

O que é lobotomia e para que servia?

A lobotomia, também chamada de psicocirurgia, era uma intervenção psiquiátrica realizada em pacientes que tinham algum tipo de transtorno mental, como esquizofrenia, transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e depressão

Mas, em alguns casos, até mesmo pacientes com problemas de controle de raiva e dificuldades de aprendizagem já foram submetidos também à lobotomia. 

Quem idealizou essa psicocirurgia foi o neurologista português Egas Moniz, sendo que a intervenção consistia em fazer dois orifícios no crânio e inserir um instrumento de corte no tecido cerebral.

Assim, a cirurgia movia esse instrumento para frente e para trás, cortando as conexões entre o os lobos frontais e o resto do cérebro. 

A ideia era que, ao cortar essa ligação, o paciente apresentasse melhora no quadro psiquiátrico, uma vez que o lóbulo frontal é responsável pelo controle de comportamento, emoções e personalidade

Essa técnica se espalhou por diversos lugares do mundo, como Estados Unidos, Reino Unido e Brasil nas décadas de 1940 e 1950.

Egas Moniz chegou a ganhar o prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina no ano de 1949.

Egas Moniz lobotomia
Egas Moniz e o processo da Lobotomia | Reprodução

Um dos casos em que é possível ver como os lobos frontais interferem nessas áreas cognitivas, é o estranho caso de Phineas Gage. Clique nas palavras grifadas e descubra essa história que rendeu grandes estudos na área da neurologia e psicologia.

Lobotomia transorbital

Impressionado com os resultados aparentemente positivos das psicocirurgias de Egas Moniz, o jovem neurocirurgião Walter Freeman levou a técnica para os Estados Unidos, realizando sua primeira lobotomia em 1936.

Porém, acompanhando de perto as complicações da lobotomia, Freeman criou um novo modelo que fosse mais rápido e barato, visando melhor bem-estar e chance de recuperação dos pacientes.

Ele chamou esse modelo de lobotomia transorbital, o qual era feito com instrumentos de aço parecidos com pontas de gelo que eram martelados no cérebro através de ossos mais frágeis na parte de trás das órbitas oculares

Freeman chegou a realizar essa cirurgia em cerca de 3,5 mil pacientes, sendo que 19 deles eram crianças. A mais nova de que se tem registro tinha 4 anos. 

lobotomia imagens
Walter Freeman realizando a lobotomia transorbital | Reprodução

A lobotomia no Brasil

A lobotomia chegou ao Brasil em meados de 1936, sendo o Hospital Psiquiátrico do Juquery, em São Paulo, o ponto inicial de realização da psicocirurgia.

Além disso, esse hospital recebe o título de maior manicômio da América Latina.

O neurologista Aloysio Mattos Pimenta foi quem realizou a primeira cirurgia, em 25 de agosto de 1936, operando 4 mulheres. Esse úmero que aumentou para 32 pessoas do sexo feminino ao longo de sua carreira. 

Num primeiro momento, a técnica de Egas Moniz foi a mais usada no Brasil, por apresentar uma menor taxa de mortalidade e menos complicações pós-cirúrgicas. 

A lobotomia ainda existe?

Não, a lobotomia passou a ser proibida a partir do Código de Nuremberg em 1947. Porém, no Brasil, ela continuou sendo realizada até 1956, ferindo o Código de Nuremberg.

Por que a lobotomia foi proibida?

A razão dessa proibição, além do processo invasivo e rústico, foram as consequências negativas que superaram uma minoria que teve alguma melhora. Muitos pacientes perderam as capacidades cognitivas, como se comunicar, andar e até mesmo se alimentar. Além da grande taxa de mortalidade. 

No caso das cirurgias de Walter Freeman, por exemplo, a taxa de mortalidade foi de 15%. 

Um dos casos mais famosos é o de Rosemary Kennedy, irmã do que seria o futuro presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy. Rosemary ficou com incontinência e incapacidade de falar após ser submetida à lobotomia quando tinha 23 anos. 

Saiba mais sobre os tratamento psiquiátricos antigamente

Se você quer saber mais sobre a história da psiquiatria e casos que aconteceram aqui mesmo no Brasil, clique aqui e veja este texto sobre o assunto!

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