Estudo sobre Transtorno Explosivo Intermitente 

Equipe Eurekka

Conhecido como Síndrome do Hulk, esse transtorno gera grandes prejuízos para quem sofre com ele. Assim, é necessário que os psicólogos estejam cada vez mais inteirados sobre o assunto e aptos a indicar o tratamento correto. Por isso, a Eurekka preparou para você um material completo sobre TEI e ainda a descrição de um estudo sobre Transtorno Explosivo Intermitente

Neste texto, você vai encontrar a classificação desse transtorno nos principais manuais diagnósticos, os sintomas, as causas, pesquisas recentes sobre o TEI e qual o melhor tratamento para esse caso.

Boa leitura! 

Classificação do Transtorno Explosivo Intermitente 

O transtorno explosivo intermitente é caracterizado por frequentes explosões de raiva que envolvem destruição de objetos e agressões tanto físicas, quanto verbais. Sendo que tais ações podem ser direcionadas a si mesmo ou a terceiros.

No DSM – 5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais), ele se encaixa na categoria de Transtornos Disruptivos, do Controle de Impulsos e da Conduta. Já no CID – 10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde) é encontrado pelo código F63.8 na categoria Outros transtornos dos hábitos e dos impulsos.

Transtorno explosivo intermitente sintomas

Segundo o DSM – 5, os sintomas para identificação do TEI são:

  •  Explosões comportamentais recorrentes em uma média de duas vezes por semana, durante um período de três meses. Tais agressões verbais ou físicas são direcionadas a pessoas, objetos ou animais, mas não causam danos, destruição e lesões físicas;
  • Três explosões em um período de 12 meses envolvendo danos, destruição e/ou lesões físicas;
  • Agressividade desproporcional ao evento ocorrido;
  • Explosões de raiva não premeditadas e sem objetivo tangível;
  • O indivíduo sofre e tem consequências muito ruins nas mais diversas áreas da vida por conta das explosões de agressividade;
  • Idade cronológica de pelo menos 6 anos;
  • As explosões não são bem explicadas por mais nenhum outro transtorno, condição médica ou efeitos fisiológicos de substâncias.

homem falando no celular com raiva mostrando a importância do estudo sobre transtorno explosivo intermitente

O que causa o transtorno explosivo intermitente?

Ainda de acordo com o DSM – 5, há três tipos de situações que podem ser classificadas como fatores de risco e prognóstico. Sendo elas: fatores ambientais, genéticos e fisiológicos.

Em relação aos fatores ambientais, pessoas que sofreram algum tipo de trauma físico e emocional, durante as duas primeiras décadas de vida, têm mais chance de desenvolver o transtorno. 

Já nos fatores genéticos e fisiológicos, indivíduos que têm parentes de primeiro grau com TEI têm mais chance de também desenvolver esse transtorno. Além disso, estudos de gêmeos têm mostrado uma certa influência genética substancial para a agressão impulsiva. 

E também observa-se em pesquisas que pacientes com transtorno explosivo intermitente têm certas anormalidades serotonérgicas em termos globais e no cérebro. Além de maior e mais intensa resposta da amígdala a estímulos de raiva.

Por fim, tem se observado que pessoas do sexo masculino são mais suscetíveis a esse transtorno.

Como, por exemplo, um estudo que mostra que das pessoas internadas em um hospital psiquiátrico 2% tinham TEI e 80% dessas pessoas com o transtorno eram homens. 

Esse estudo foi desenvolvido pelo Centro Universitário de Belo Horizonte, e tem como título Projeto de Intervenção: As Particularidades da Raiva e as Intervenções em Casos de Diagnóstico de Transtorno Explosivo Intermitente (2021). Foi escrito por Gabriela Leonita Vieira Souza, Karolina Barbosa da Silva Gomes e Sindy Kayhamma Domingos Oliveira, todos concluintes do curso de Psicologia.

Estudo sobre o Transtorno Explosivo Intermitente: relato de caso

Em trabalho intitulado Intervenção cognitivo-comportamental em transtorno explosivo intermitente: relato de caso (2009), as autoras, Tania Maria da Cunha Doutel Barreto, Carla Rodrigues Zanin e Neide Aparecida Micelli Domingos, pontuam a pouca quantidade de estudos sobre o TEI em comparação com a grande gama de pesquisas sobre transtornos de humor ou de pensamento. 

Assim, elas se propõem a realizar um relato de caso de um paciente com Transtorno Explosivo Intermitente e como a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) ajudou na redução de sintomas e queixas relacionados ao TEI. 

O paciente é um homem de 46 anos de idade e casado há 25 anos (na época do estudo), pai de três filhas, autônomo, superior incompleto, evangélico e residente em uma cidade do interior de São Paulo. 

No estudo, as autoras ressaltam que ele procurou a terapia por vontade própria a fim de tratar os ataques de fúria frequentes e a perda de controle emocional. Além de outros sintomas físicos como dores de cabeça, pressão na nuca, língua grossa e aperto na mandíbula.

homem na psicoterapia

Primeiro passo do tratamento

O primeiro passo do tratamento foi obter informações clínicas a respeito de questões neurológicas do paciente. Além de exames complementares, a fim de saber se o transtorno estava relacionado com efeitos fisiológicos causados pelo uso contínuo de Carbamazepina 400 mg/dia.

Depois de excluir essa hipótese, também foi feito o diagnóstico diferencial que descartou a possibilidade de Transtorno de Personalidade Antissocial, Transtorno de Personalidade Borderline, Episódio Maníaco e a Esquizofrenia.

Dessa forma foi confirmado o TEI no paciente com características de personalidade emocionalmente instáveis e traços de personalidade obsessivo, paranóide e narcisista como fatores predisponentes.

Após a confirmação, a primeira fase foi acolher o paciente para criar um ambiente de confiança, segurança e colaboração.“Para facilitar a revelação e minimizar as negações e autodefesas, utilizaram-se perguntas estruturadas, inicialmente não confrontativas, porém específicas sobre seu comportamento violento.” (BARRETO; ZANIN; DOMINGOS, 2009, p.71). 

Ainda nessa fase, ocorreu a diminuição da medicação de Carbamazepina 400 mg/dia para 200 mg/dia, depois de exames complementares. 

Uma técnica que também foi muito útil e mostrou bons resultados foi o uso do registro diário, de forma que o paciente anotava a situação, o pensamento automático, significado do pensamento automático, reação emocional, reação comportamental e reação fisiológica.

Assim, o paciente foi capaz de começar a perceber quais situações geravam os impulsos agressivos e como contornar isso, de modo a corrigir os pensamentos distorcidos, como “tenho que me impor mesmo causando frustração nos outros”. 

Dessa forma, a partir desses resultados, as autoras relatam que foi possível inserir orientações mais cognitivas, como: 

  • Treino da assertividade;
  • Treino de habilidade sociais;
  • Treino em autoinstruções

“A exposição e a prevenção de resposta foram utilizadas durante todo o processo de intervenção nas atividades do dia a dia, monitorando pensamentos antecipatórios geradores de comportamentos agressivos e discriminando todos os passos para a solução de problemas relacionados a estes. A estratégia de pausa ou time-out nas relações interpessoais ansiogênicas apresentou-se como um instrumento positivo no controle do impulso agressivo e na reestruturação cognitiva.” (BARRETO; ZANIN; DOMINGOS, 2009, p.73).

Resultado da primeira etapa 

As autoras relatam que a primeira fase obteve sucesso e muitos resultados positivos, uma vez que as queixas do paciente diminuíram, houve redução de sintomas do TEI e também do desconforto físico.

Além disso,as autoras mostram também que houve a aquisição de um novo repertório cognitivo e comportamental e aprendizado de estratégias de enfrentamento apropriadas

Segunda etapa

Nessa etapa, as autoras pontuam que os encontros passaram a ser quinzenais e com foco em técnicas de reestruturação cognitiva, checagem dos sintomas físicos, manutenção dos passos para a resolução de problemas, treino de assertividade e checagem de repertórios cognitivo-comportamentais. 

Além disso, ocorreu o incentivo à continuidade de práticas sociais prazerosas e exercícios físicos. 

“Neste mesmo período, o paciente participou de concurso, para exercer a função de perito em um órgão público local. Foi aprovado, contratado, e desempenha suas funções satisfatoriamente até o momento.”(BARRETO; ZANIN; DOMINGOS, 2009, p.74).

Resultados finais do estudo sobre Transtorno Explosivo Intermitente

Por fim, as autoras concluem que as intervenções cognitivo-comportamentais foram muito eficientes no tratamento do TEI.

E que, nesse caso, o tipo de intervenção proporcionou ao paciente lidar com menos ansiedade em certas situações estressoras, buscar soluções adaptativas, reaprender a assertividade, desenvolver habilidades para resolver problemas e estratégias para compreender melhor o ambiente social. 

Tratamento para Transtorno Explosivo Intermitente

Como o artigo citado acima mostrou, a terapia é essencial para tratar o Transtorno Explosivo Intermitente, pois com a ajuda do Psicólogo o paciente aprende técnicas para lidar melhor com estímulos que causam estresse, entender e controlar as emoções, entre outras. 

A Cognitivo Comportamental é uma ótima abordagem para o TEI, já que tem mostrado ótimos resultados a partir da análise de pensamentos frequentes, crenças e padrões comportamentais.

“A proposta da TCC é auxiliar o paciente a desenvolver estratégias de enfrentamento em situações diversas, através da compreensão do seu padrão de comportamento, tanto o indesejado quanto o desejado (KUNZLER, 2008, apud KUNZLER, FERREIRA-DELIMA, FENG, 2020).”

Além disso, o uso de farmacológicos também pode se mostrar necessário a fim de aliviar os sintomas e ajudar no equilíbrio de substâncias do corpo.

“Embora ainda não haja um tratamento farmacológico específico e definitivo aos portadores de TEI, associado ao TCC, o tratamento medicamentoso com antiepilético, estabilizadores do humor, antipsicóticos e betabloqueadores têm apresentado resultados eficazes.” (SOUZA; GOMES; OLIVEIRA, 2021, p.19). 

fundadores da psicoterapia da Eurekka

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Referências Bibliográficas

BARRETO, Tania Maria da Cunha Doutel; ZANIN, Carla Rodrigues; DOMINGOS, Neide Aparecida Micelli. Intervenção cognitivo-comportamental em transtorno explosivo intermitente: relato de caso. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 62-76, jun. 2009. Disponível em: <https://bityli.com/k9RRYA>. Acesso em 16 mar. 2023.

SOUZA, Gabriela Leonita Vieira Souza; GOMES, Karolina Barbosa da Silva; OLIVEIRA, Sindy Kayhamma Domingos. Projeto de Intervenção: As Particularidades da Raiva e as Intervenções em Casos de Diagnóstico de Transtorno Explosivo Intermitente. 2021. 38 f. Dissertação (Trabalho de Conclusão de Curso), Centro Universitário de Belo Horizonte. Belo Horizonte, 2021. Disponível em: <https://bityli.com/X1VJLu>. Acesso em 16 mar. 2023.

KUNZLER, Lia Silvia; FERREIRA-DE-LIMA, Maria Cecília; FENG, Yu Hua. Uso de imagens para a reestruturação cognitiva: relato de caso. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, p. 107-113, dez.  2020. Disponível em <https://bityli.com/HIo0Q3>. Acesso em 16 mar. 2023. 

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