O que é Discalculia? Sintomas das dificuldades com números

Maria Suyanne Oliveira de Morais

Você já ouviu falar em discalculia? Esse nome te faz pensar em cálculos? Se você respondeu que sim, saiba que não está cem por cento enganado.

A matemática faz parte do nosso dia a dia. Sendo assim, a discalculia pode afetar a pessoa não somente no contexto escolar, como em várias situações na rotina.

E se você é uma pessoa que não se identifica com a área de exatas, aposto que já deve estar pensando “com certeza tenho discalculia”. Mas calma, também não é bem assim. Tire suas dúvidas neste artigo!

discalculia

O que é discalculia? 

Mas, afinal, o que é discalculia? Discalculia é um transtorno de aprendizagem que se caracteriza pela dificuldade em entender termos matemáticos, assim como conceitos numéricos e operações.

É um transtorno identificado, em geral, na infância, no contexto escolar. O diagnóstico precoce favorece o uso de atividades que possam ajudar os pequenos a superar as dificuldades nesse processo de aprendizagem.

Tipos de discalculia

A matemática, muitas vezes, é considerada uma disciplina difícil. Aposto que você já deve ter achado complicado resolver um problema de lógica ou achar o X de alguma equação, não é? Por isso, é válido lembrar que a discalculia vai muito além de não gostar de matemática ou não se identificar com a área de exatas. Dessa forma, a discalculia pode ser dividida em seis tipos.

Léxica

Neste caso, a pessoa acha difícil a leitura de símbolos, operações ou conceitos quando escritos. Contudo, não apresenta problemas quando os números ou conceitos são ditados.

Verbal

A pessoa acha difícil de nomear as quantidades matemáticas, em geral quando são ditados. Ou seja, ela consegue ler e escrever os números com facilidade, mas se torna uma missão mais difícil quando ela os ouve e precisa escrever.

Gráfica

Tem problemas na escrita dos termos matemáticos. Ou seja, a pessoa é capaz de entender os conceitos mas, na hora de escrever, não consegue usar os símbolos corretos.

Operacional

Neste caso, a pessoa acha difícil realizar operações matemáticas, no geral. Ela tem dificuldade de completar operações, sejam elas escritas ou verbais. O problema está, em especial, no processo do cálculo, e não no entendimento dos conceitos.

Practognóstica

Tem problemas para enumerar quando precisa trazer a ideia abstrata para objetos reais. Pessoas com este tipo do transtorno conseguem entender os conceitos, mas acham difícil ouvir e manipular equações.

discalculia contando

Ideognóstica

A pessoa acha difícil realizar operações mentalmente. Isso quer dizer que a pessoa tem dificuldade de fazer “contas de cabeça”. Também há chances de que a pessoa não se lembre dos conceitos depois que aprendeu. Se você está pensando em uma criança, isso pode parecer normal; mas já pensou em um jovem adulto que não consegue, de jeito nenhum, fazer contas mentais?

Características e sintomas de discalculia

São vários os sintomas e fatores da discalculia. Eles podem variar de acordo com a idade.

Este transtorno da aprendizagem não tem nada a ver com o grau de inteligência da pessoa. Ou seja, ela pode ser muito boa em outras matérias e possuir grande dificuldade quando se trata de matemática.

Quando a criança entra na escola, os sinais ficam mais claros e, por isso, é vital que pais e educadores estejam atentos. Isso porque, à medida que crescem, as dificuldades aumentam. Portanto, isso afeta não só a aprendizagem, mas a autoestima da pessoa.

Para ajudar a perceber os sinais de discalculia no seu filho ou no seu aluno, veja alguns indicadores abaixo.

Crianças em idade pré-escolar e primária

Para as crianças em idade pré-escolar, os sinais são estes:

  • Acha difícil para aprender a contar
  • Quando, por exemplo, precisa realizar uma contagem a partir de um número, que não seja o primeiro da sequência, não consegue
  • Tem erros na ortografia, como trocar os números de posição
  • Confunde os sons de números parecidos
  • Confunde os símbolos
  • Tem problemas em compreender conceitos numéricos
  • Acha difícil associar número e objeto. Como, por exemplo, “eu tenho dois lápis”
  • Esquece algum número de uma sequência

Em idade primária, a criança já passa a ter contato com operações e alguns dos sinais são:

  • Reconhecer símbolos como  “+” e “-“
  • Usar quase sempre dos dedos para contar
  • Não consegue organizar problemas matemáticos
  • Tem problemas no raciocínio com problemas matemáticos
  • Tem problemas em realizar de contas básicas mentalmente
  • Acha difícil a orientação espacial e verificação de horas

Adolescentes no ensino médio

  • Acha difícil aplicar conceitos e operações no dia a dia
  • Fica inseguro em realizar operações básicas
  • Acha difícil lidar com frações
  • Tem problemas em questões mais gerais como orientação (norte, sul, leste, oeste)
  • Tem problemas para entender e ler gráficos
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Como a discalculia afeta o cérebro

A neurociência tem buscado explicações sobre como o cérebro funciona no processo de aprendizagem, já que cada área do cérebro tem suas funções.

Através de estudos de neuroimagem, encontraram uma área importante na aprendizagem de conceitos matemáticos: o lobo pariental. Ele é responsável por questões como orientação espacial, memória e raciocínio lógico. Portanto, a discalculia estaria ligada a uma menor ativação de neurônios no sulco intrapariental.

Causas

Não há uma causa específica para a discalculia. Questões genéticas, assim como disfunção em uma área específica do cérebro podem estar ligadas ao transtorno. Como também lesões cerebrais e causas ambientais, por exemplo, o uso de álcool durante a gravidez, o que traz vários riscos para o desenvolvimento e a maturação do bebê.

Quando a discalculia aparece?

Aparece na infância, mas, em geral, só é percebida na idade escolar. Isso porque a criança é exposta a um maior desenvolvimento na área do saber em vários contextos e situações. Isso faz com que seja mais fácil perceber as maiores dificuldades.

Teste de discalculia

O teste de discalculia não é só um teste, mas, sim, vários testes. São perguntas para que a criança responda e, assim, se pode identificar e fazer um possível diagnóstico.

Com a aplicação de testes, o profissional (psicopedagogo, psicólogo, neurologista) pode entender, e descartar, também, outros possíveis transtornos associados. No entanto, é vital um diagnóstico que vá além destes testes.

professora

Diagnóstico

Como a discalculia é percebida quase sempre na escola, o professor é o primeiro a perceber os problemas do aluno e alertar os pais. Porém, o diagnóstico definitivo pode ser feito por uma equipe multiprofissional, ou seja, uma rede com vários profissionais.

Que profissional pode fazer o diagnóstico?

Mesmo que pais e professores percebam sinais claros da dislexia, é um profissional qualificado que deve fechar o diagnóstico, ou, até mesmo uma equipe de profissionais. Por quê? Porque é importante descartar outros transtornos. Os profissionais que podem dar esta palavra final são:

Exames e testes

É ruim, mas o trabalho para perceber a discalculia é longo e, muitas vezes, o transtorno passa despercebido. Isso porque os estigmas em torno da matemática são muitos: “Ele não gosta de matemática e pronto”; “Meu filho puxou ao pai, não entende matemática”. E por aí vai…

A importância de exames e testes não está só ligada ao diagnóstico do transtorno de discalculia. Os testes também servem para ver se existem outros fatores envolvidos, outros transtornos e como proceder com o tratamento.

Tratamentos

A partir de um diagnóstico, é possível criar atividades e intervenções que possam ajudar a criança a superar suas dificuldades matemáticas na aprendizagem, por isso é tão útil o diagnóstico precoce.

As atividades para o indivíduo com discalculia devem priorizar o concreto, ou seja, o indivíduo deve poder ver o que está aprendendo.

Especialistas dizem que nas séries do Fundamental I e II esta preocupação é mais clara. No entanto, quando o aluno entra no Ensino Médio e a matemática fica mais abstrata, surgem os problemas mais graves.

Mesmo assim, é preciso pedir aos professores que, na medida do possível, mudem os conceitos abstratos para concretos, porque isso fará muito bem ao aluno com discalculia.

Atividade matemática para ajudar os alunos

Junto com outros profissionais como psicopedagogos, os professores podem fazer atividades que estimulem o aprendizado matemático do aluno. Nesse sentido, é vital que a maioria das atividades seja lúdica, a fim de despertar a simpatia do aluno pelos números.

Lembre que a estratégia lúdica serve para qualquer idade, inclusive para o Ensino Médio e a universidade.

Quando se aplicam jogos, a aprendizagem é favorecida, pois o aluno não vê a sua dificuldade como algo eterno e se dá conta que pode aprender, só que brincando.

As atividades matemáticas para o tratar a discalculia devem ser permanentes e devem ser feitas em coletivo, pela família e pela escola, por isso, os pais devem dedicar um tempo exclusivo para jogar com os filhos, fazer atividades ao ar livre e estimular movimentos coordenados. Exemplos são: caminhar, pular, saltar, contar, observar quantidades durante os passeios…

Discalculia tem cura?

Este transtorno não tem cura. Contudo, com o tratamento, você pode ter soluções que ajudem a ter menos dificuldades com os números. Além disso, é possível também melhorar a qualidade de vida de quem tem a discalculia.

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Discalculia e Dislexia: qual a diferença?

A  diferença entre discalculia e dislexia é que a dislexia está ligada à problemas na leitura e, a discalculia, com problemas na aprendizagem numérica. No entanto, as duas têm prejuízos no contexto escolar e para o dia a dia.

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