Depressão: guia completo com tudo o que você precisa saber
Eurekka Psicólogos
A depressão é uma doença silenciosa que afeta uma a cada quatro pessoas ao longo da vida. Por isso, ela é chamada de “o mal do século”, deixando pessoas prostradas, desanimadas e sem conseguir sentir prazer em atividades rotineiras.
Por isso, é muito importante entender melhor sobre esse transtorno, a fim de identificar os sinais em você ou em alguém próximo, buscando ajuda o mais rápido possível.
E, neste texto, nós vamos explicar o que é a depressão, a sua relação com outros transtornos e emoções, como ela se manifesta, quais as possíveis causas e como é o tratamento.
Boa leitura!
Índice
O que é depressão?
A depressão é uma doença que incapacita a pessoa de reagir aos estímulos ao seu redor. Assim, quem está em um quadro depressivo não consegue sentir prazer nas atividades diárias e nem ter forças para realizar tarefas do dia a dia, como trabalhar, arrumar a casa e até mesmo tomar banho.
É como se houvesse uma desconexão entre a pessoa e o mundo ao seu redor.
A diferença entre tristeza e depressão
A diferença entre a tristeza e a depressão é que a tristeza é uma emoção normal do ser humano. Ela aparece quando algo ruim acontece e tem a função de fazer com que você reaja a essa situação. Por exemplo, quando você termina um namoro, é a tristeza que faz com que você repense o que deu errado, procure ajuda de pessoas queridas e por aí vai.
Além disso, o ponto mais importante aqui é que a tristeza passa. Ela vem, fica por um tempinho, mas depois vai embora. Ela faz parte da vida.
Já a depressão não é uma emoção e nem um sentimento normal. Ela é uma doença que vem, desconecta a pessoa do mundo e não passa. Ela permanece e incapacita, não levando a uma melhora, mas sim a um estágio cada vez pior quando não tratada.
Ou seja, a tristeza faz parte da depressão, mas não é a depressão.
A diferença entre ansiedade e depressão
A ansiedade é uma resposta natural do corpo a algum perigo externo ou alguma situação que exige uma ação. Por exemplo, é a ansiedade que faz com que você estude para uma prova que está se aproximando ou que faz com que você ande mais rápido quando começa uma chuva muito forte na rua.
Já o transtorno de ansiedade é quando a pessoa interpreta que situações inofensivas, ou só um pouco ameaçadoras, são muito perigosas. Dessa forma, ela fica atenta a tudo ao mesmo tempo e muito tensa, como se estivesse se preparando para um leão atacar ela do nada.
Ou seja, a ansiedade leva a pessoa a reagir, em níveis normais e úteis ou em níveis exagerados, quando é o caso do transtorno.
Já a depressão é quando o organismo deixa de reagir aos desafios do ambiente. Assim, a pessoa para de sentir vontade ou capacidade de viver e de buscar uma vida plena. O leão aparece e ela fica ali, se sentindo incapaz de reagir, sentindo que não há nada que ela possa fazer: o leão vai engolir ela, que já nem foge.
Saiba mais sobre a diferença entre ansiedade e depressão
Principais sintomas de depressão
Como a depressão é um transtorno psicológico, não existe um teste único ou um exame de laboratório que indique se alguém tem ou não depressão. Dessa forma, a presença dela só pode ser percebida através de um conjunto de sintomas, que vamos te mostrar a seguir:
Sintomas emocionais:
- Tristeza persistente em diferentes graus;
- Humor deprimido na maior parte do dia;
- Perda de interesse por atividades que antes geravam prazer;
- Sentimentos de inutilidade e culpa;
- Dificuldade constante para se concentrar;
- Baixa consideração por si mesmo, sentir-se sem valor e com baixa autoestima;
- Dificuldade de sentir prazer e emoções positivas;
- Pensamentos de morte ou planos para suicídio.
Sintomas físicos:
- Cansaço que nunca passa;
- Fadiga excessiva;
- Muito sono ou insônia;
- Agitação motora ou lentidão dos movimentos;
- Muito apetite ou nada de fome — o que pode levar a ganhar ou perder peso.
E é interessante lembrar que a intensidade e a quantidade dos sintomas podem variar, dependendo de muitos fatores. Como, por exemplo, se a depressão acontece na adolescência, na terceira idade, qual o contexto em que a pessoa está inserida e outros pontos.
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Tipos de depressão
Apesar de a maioria desses sintomas se aplicarem a todos os quadros depressivos, existem vários tipos de depressão. Sendo que a diferença entre eles é a causa do transtorno e o tempo de predominância, confira!
Distimia
Antigamente, distimia era o nome usado para falar de depressão persistente. Entretanto, atualmente, distimia é entendida como um transtorno de humor causador de sintomas similares aos da depressão, porém por mais tempo e em menor intensidade.
Isso significa que a depressão “comum” tem sintomas mais fortes e duração mais curta, enquanto os sinais da distimia são mais leves e podem durar por muitos anos.
Depressão atípica
A depressão atípica é quando a pessoa manifesta sintomas diferentes do esperado em um quadro depressivo. Por exemplo, pacientes com depressão atípica ainda são capazes de sorrir e sentir felicidade quando expostos a certas situações específicas.
Eles também conseguem dormir muito — mas nunca se sentem descansados — (sendo que o “típico” na depressão, muitas vezes, é a insônia). Além disso, eles conseguem fingir que estão bem para as outras pessoas, porque não deixam de realizar as tarefas do cotidiano — ainda que, por dentro, estejam em muito sofrimento.
Depressão sazonal
A depressão sazonal é comum em pessoas que moram em regiões do mundo onde as estações do ano são muito intensas, tendo um inverno bem rigoroso e com pouca luminosidade. Assim, elas acabam desenvolvendo um quadro depressivo nessa época do ano.
As pessoas que já sofreram com a depressão devem ficar atentas, pois a ocorrência de dias frios, escuros e, muitas vezes, pouco divertidos, pode ser um gatilho para esse tipo de depressão.
Depressão pós-parto
É bem normal que depois de um parto — que é uma experiência intensa — as mulheres fiquem mais cansadas e tristes, principalmente por causa das mudanças hormonais e da nova rotina.
Assim, infelizmente, esse cansaço e tristeza podem evoluir para uma depressão. Ainda com a possibilidade extra de a mãe ter dificuldade de se conectar e cuidar do bebê como ela faria se não estivesse deprimida.
Saiba mais: Depressão pós-parto: o que é, sintomas e tratamentos
Depressão psicótica
É possível que, durante a depressão, a pessoa tenha delírios (acreditar em histórias que não são verdade, como que o governo está espionando ela) ou alucinações (ver coisas que ninguém mais consegue ver).
Esses casos são mais graves e apresentam maior risco de suicídio, além de serem mais complicados de tratar. Por isso, quanto antes identificar os sintomas da depressão psicótica e procurar um profissional, melhor.
Depressão exógena
A depressão exógena é aquela que é causada por fatores externos, como traumas e situações que a pessoa não consegue lidar de modo fácil, como a morte de alguém ou uma mudança de cidade.
Por esse motivo, é muito útil ficar atento a qualquer situação que te cause tristeza por um tempo muito longo, pois você pode estar com risco de depressão!
Depressão endógena
Já a depressão endógena é causada por fatores internos, como um desequilíbrio químico. Dessa forma, pode ser que não tenha acontecido nada na vida da pessoa, mas internamente o organismo não está produzindo as substâncias necessárias do modo certo, o que acaba gerando um quadro depressivo.
Porém, é importante lembrar que uma não exclui a outra. Isso porque fatores internos e externos podem agir juntos para desenvolver e/ou agravar a depressão.
Depressão perinatal
Diferente do pós-parto, a depressão perinatal acontece antes do nascimento do bebê, podendo se estender até depois do parto.
Depressão refratária
A depressão refratária é aquela que não apresenta remissão dos sintomas depois do tratamento convenvcional com antidepressivos.
Transtorno disfórico pré-menstrual
Mulheres que sofrem com o transtorno disfórico pré-menstrual sentem sintomas depressivos no período que antecede a menstruação, porém os sintomas melhoram após o período menstrual. Assim, o quadro depressivo se manifesta apenas nesse período.
Muitas vezes ele pode ser confundido com a tensão pré-menstrual (tpm), mas é importante ressaltar que os sintomas desse transtorno são bem mais intensos.
Transtorno disruptivo da desregulação do humor
O transtorno disruptivo da desregulação do humor pode se apresentar em crianças e adolescentes, sendo que seus principais sintomas são a irritabilidade e o descontrole comportamental.
Esse transtorno se enquadra na categoria de transtornos depressivos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), porque geralmente os pacientes com esse padrão de comportamento acabam desenvolvendo transtornos depressivos.
Saiba mais: depressão infantil
Fatores de risco
Os chamados “fatores de risco” são situações que as pesquisas científicas comprovaram que aumentam a chance de alguém ter depressão. E, abaixo, listamos alguns dos principais fatores de risco:
- Ter histórico familiar de depressão;
- Estar com uma doença grave ou em internação hospitalar;
- Passar por um estresse muito grande ou um trauma;
- Perder uma pessoa querida por falecimento ou separação;
- Perder o emprego ou fonte de renda;
- Estilo de vida não saudável
- Fazer uso de drogas.
Diagnóstico de depressão
O diagnóstico de depressão só pode ser feito por um profissional da saúde mental, como um médico psiquiatra ou um psicólogo. Para isso, ele leva em consideração os sintomas que você apresentou nas últimas semanas e o contexto da sua vida.
E, para ajudar no diagnóstico, ele pode pedir alguns exames, como um hemograma. Isso porque existem outras condições que podem se confundir com depressão.
Assim, o diagnóstico oficial só é dado quando se confirma que os sintomas não são explicados por outra doença, como hipotireoidismo, que é um problema hormonal que pode causar muitos sintomas semelhantes aos da depressão e requer um tratamento específico. Ou até mesmo a falta de vitaminas, que podem causar desânimo e apatia.
Então, após a exclusão de todas as outras hipóteses e confirmação do diagnóstico, o profissional vai começar a guiar você pelo melhor tratamento para o seu caso.
Tratamentos para a depressão
Tendo confirmado o diagnóstico, os tratamentos para depressão são:
Psicoterapia
A terapia é importante porque é nesse lugar que a pessoa com depressão irá entender melhor seus sentimentos e emoções, aprender a criar uma rotina antidepressiva e conhecer estratégias para lidar com esse transtorno.
Existem diversos modelos de psicoterapia realizados por psicólogos mundo afora, mas é importante a gente frisar que nem todas as psicoterapias vão funcionar para depressão com a mesma intensidade.
Terapias comportamentais e cognitivo-comportamentais são as que mostraram mais resultados positivos nesses casos. Então, se for possível, essas abordagens são as ideais.
Farmacologia
Quando necessário, além da terapia, o paciente também poderá fazer o uso de antidepressivos. Esse tipo de abordagem é importante porque o remédio ajuda a pessoa a ir à terapia e cumprir as atividades e tarefas que precisa, principalmente se a depressão for grave ou duradoura.
Por isso, a combinação de psicoterapia e fármacos é a melhor opção, já que não há garantia de que o remédio vá ajudar a pessoa a aprender estratégias para viver melhor e não ter depressão grave de novo. Então ele serve como uma “muleta temporária” enquanto a pessoa faz aquilo que realmente vai livrá-la da depressão.
Hoje em dia existe uma série de remédios para depressão que ajudam muita gente a melhorar. Eles podem ser úteis sempre que forem receitados e acompanhados de perto por um psiquiatra. Eles não têm efeito imediato, demoram cerca de dois meses para encontrar um equilíbrio no nosso organismo e de fato combater a depressão.
Confira abaixo alguns tipos:
Donaren | Mirtazapina |
Sulpirida | Duloxetina |
Citalopram | Escitalopram |
Paroxetina | Sertralina |
Amitriptilina | Remédios naturais para depressão |
Exercícios físicos
Fazer exercícios físicos libera substâncias que ajudam na regulação do humor, aumento do bem-estar e também do prazer. Além disso, o ato de sair de casa, ver pessoas e pegar luz solar também são atitudes que combatem e previnem a depressão.
Atividades terapêuticas
Muitas pessoas dizem: “futebol é minha terapia”; “limpar a casa é minha terapia”; “ouvir o artista fulano de tal é minha terapia”, entre outras coisas. Quando falam isso, elas querem dizer que acharam uma atividade que faz bem para elas, que as ajudam a se sentir mais no controle das emoções e a sentir mais satisfação.
Isso, inclusive, ajuda a diminuir o uso do celular e das redes sociais, o que é muito positivo para tratar a depressão. Então, é importante que você procure na vida tudo aquilo que é “terapêutico” pra você.
Mas lembre-se: atividades podem ser terapêuticas, mas não são terapia! O ideal é sempre unir esses bons hábitos com a ajuda do psicólogo.
Ao mesmo tempo, fique alerta para não cair em charlatanismos: não confie em “terapeutas” que prometem curar a depressão em dois dias, ou coisas do tipo. Existem muitos “terapeutas” sem formação que podem até passar informações erradas e piorar a sua saúde!
Como acelerar a cura da depressão e prevenir no futuro?
Depressão não é tipo catapora, que você pega uma vez e depois que você melhora você não tem mais.
Quem já teve depressão pode ter de novo. E por isso a psicoterapia é importante, para aprender formas novas e mais saudáveis de viver.
Durante o tratamento é importante que você esteja consciente de que o progresso, por mais que pareça bom e rápido de início, pode travar – ou até mesmo regredir.
Mas isso não significa que você não possa voltar a avançar em direção à cura! E abaixo vamos dar dicas de como fazer essa manutenção na sua vida sempre!
Criação de bons hábitos
Fazer exercícios físicos, se alimentar bem, ter uma hora certa para dormir e para acordar, ter uma vida social saudável, pegar sol e fazer atividades que geram prazer é essencial para sair da depressão.
Isso porque o seu corpo e a sua mente trabalham em conjunto, então é preciso garantir que seu organismo está recebendo os nutrientes e vitaminas necessárias, que você está descansando o suficiente e que está construindo uma vida gostosa para si!
E um ponto muito importante nisso é a alimentação!
Se você procurar, vai achar um monte de propagandas sobre alimentos que magicamente curam ou controlam a depressão. No entanto, não existe nenhuma evidência científica desse tipo de coisa.
O que sabemos é que uma dieta rica em açúcar refinado e alimentos ultraprocessados (como bolachas recheadas, salgadinhos e sucos adoçados) pode estimular em excesso os nossos neurotransmissores do prazer. Dessa forma, o corpo fica sempre pedindo mais açúcar para ter acesso a essa sensação prazerosa.
Além de te deixar mais cansado, menos disposto e dependente do “sugar rush” que esses alimentos proporcionam — aquela sensação de prazer logo após comer o seu doce preferido.
Então, prefira incluir na sua dieta mais alimentos in natura — frutas, legumes, grãos, carnes e ovos etc — priorizando o preparo deles em casa, na medida do possível. Ainda assim, lembre que aqui o foco não é a perfeição e parar totalmente de comer açúcar, mas comer 1% mais saudável a cada dia, beleza?
Saiba mais: alimentos para depressão
Maestria
Você sabia ter uma rotina são e sentir que cumpriu bem as tarefas são ótimos aliados para superar essa doença? A maestria é uma sensação de muito prazer que aumenta o bem-estar e o sentido da vida. Isso acontece quando você é capaz de, com sucesso, cumprir uma missão.
Mas calma! Não estamos falando de grandes metas que você demoraria muito tempo para fazer. Aqui na Eurekka, gostamos de falar em micropassos e micromissões. A felicidade em fazer as pequenas coisas.
Escrever uma parágrafo de um texto, tocar 15 segundos de uma música no violão, tirar uma dúvida com o professor na sala de aula… tudo isso pode ajudar você a aumentar sua maestria.
Inteligência emocional
A inteligência emocional (IE) é um conjunto de habilidades essenciais para auxiliar na luta contra a depressão. Além disso, ter domínio nesse tema é útil em várias áreas da vida: família, relacionamento, trabalho, negócios, etc.
Imagine que você está no trabalho e uma situação muito ruim acontece. Aí, você fica irritado, estressado, perde o foco e o seu dia de trabalho vai por água abaixo. Se você tivesse inteligência emocional, saberia lidar com esse seu sentimento para que isso afetasse muito menos o seu dia. Esse é um dos benefícios da IE.
Suicídio e depressão
A complicação mais grave da depressão é o suicídio. E existem vários mitos que precisamos desconstruir sobre esse assunto, sendo alguns deles:
- Falar sobre suicídio estimula as pessoas a se matarem;
- Quem quer se matar não fala sobre isso;
- Quem tenta e não consegue, acaba sobrevivendo, não vai se matar “de verdade” e só queria atenção.
Isso significa que pessoas que falam sobre se matar e que têm tentativas anteriores estão sim em risco e precisam que a gente converse com elas, que a gente leve elas no médico e no psicólogo.
Outra coisa para ficar atento é falas indiretas como “quando eu não estiver mais aqui vocês vão ficar tranquilos” ou atitudes como se desfazer de dinheiro, animais de estimação ou objetos importantes. A pessoa pode estar se preparando para deixar a vida, e é essencial ter a coragem de perguntar a ela diretamente sobre isso.
Agora, se você está planejando suicídio agora ou conhece alguém que esteja, por favor ligue gratuitamente para o Centro de Valorização da Vida (CVV) no número 188 ou procure por uma emergência ou emergência psiquiátrica na sua cidade.
Saiba mais: como ajudar alguém com depressão
Vencendo a depressão em Micropassos
A Eurekka é uma clínica de psicologia que, todos os dias, ajuda dezenas de pessoas a viverem uma vida melhor, mais produtiva e menos depressiva.
Com mais de 5000 sessões de terapia por mês, nossos psicólogos são especialistas no tratamento da depressão. E o melhor: todos trabalham com as Terapias Comportamentais Contextuais, que são as mais recomendadas para o caso.
E, se você chegou até aqui, queremos te dizer: a sua depressão tem solução — e você não precisa passar por isso sozinho.
Se você quiser melhorar a sua vida, um passinho por vez, nós temos a solução. Clique aqui e marque agora mesmo sua primeira sessão com um dos terapeutas da Eurekka.
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2 replies on “Depressão: guia completo com tudo o que você precisa saber”
Muito bom o artigo!