Carol Nakamura e adoção ilegal: os perigos psicológicos
Equipe Eurekka
Se você já ouviu algo sobre o caso de Carol Nakamura e adoção ilegal, na última semana, talvez tenha ficado com algumas dúvidas enquanto a história se desenrolava. Afinal, por que aquela adoção foi ilegal? Tinha ou não tinha guarda provisória?
A Eurekka resolveu explicar melhor este caso para orientar sobre as possibilidades de adoção. Além disso, vamos te mostrar como cuidar de uma criança para que ela possa crescer saudável física e emocionalmente.
Boa leitura!
Índice
Entenda o caso de Carol Nakamura e adoção ilegal de garoto
Carol Nakamura contou em seu Instagram, no dia 31 de maio, que seu filho queria voltar para a mãe biológica. Se isso fosse sobre uma adoção legal, isso seria impossível, porque, depois de uma sentença judicial sobre a adoção, ela se torna irreversível, e a família biológica perde todo e qualquer direito sobre a criança ou adolescente.
No caso de Carol Nakamura, foi aí que a situação ficou mais difícil. Por ser uma adoção ilegal, ela não tinha a guarda do menino ou uma sentença judicial e, por isso, ele podia transitar entre a família biológica e a família adotiva.
Carol conheceu o menino Wallace há três anos, em uma ação social que realizava no lixão de Gramacho, localizado no Rio de Janeiro. Ao descobrir que ele nunca tinha ido para a escola, mesmo estando com nove anos, ela pediu permissão para a avó do menino para levá-lo para a sua casa e promover sua educação. A mãe não estava presente na época.
A avó consentiu e Carol ficou com o menino por três anos, ensinando-o a ler e a escrever, dentre outras coisas. De acordo com a atriz e apresentadora, conforme o menino foi crescendo, passou a “mudar de família” sempre que era repreendido, o que fazia com que ele perdesse, também, muitos dias de aula.
Por fim, depois de idas e vindas, o menino decidiu ir morar com a mãe biológica novamente. A atriz se pronunciou nas redes sociais sobre o ocorrido e dividiu opiniões pelo modo em que desenrolou o tema.
O que é adoção ilegal
Se você não entendeu por que o ato de Carol Nakamura se configura como adoção ilegal, não se preocupe. Vamos te explicar agora!
Para que uma adoção ocorra, você precisa ir até uma Vara da Infância e da Juventude e criar o seu cadastro para que possa adotar crianças e adolescentes. Estas crianças e adolescentes precisam estar disponíveis para adoção.
No caso de Carol Nakamura, a adoção foi ilegal porque este processo não ocorreu. Como ela mesma disse, a mãe do menino apenas autorizou que ele fosse morar com Carol e o marido para poder estudar e ter uma vida melhor, mas ainda mantinha contato com a família de origem. A atriz diz, ainda, que, com o tempo, ele passou a chamar ela e o marido de pais.
Sem uma sentença lavrada por um juiz, a adoção não existe. Por isso, dizemos que a adoção é ilegal, afinal, ela ocorreu, mas aos olhos da lei, não poderia ser feita desse jeito.
Em entrevista para o G1, a juíza Noeli Reback, do Tribunal de Justiça do Paraná e integrante do Fórum Nacional da Infância e da Juventude do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), explicou um pouco mais a fundo.
Segundo a juíza, se alguém tem a guarda, mas não tem vínculos biológicos com a criança, é uma adoção irregular, e é essa que a legislação vê como um risco para a criança, de acordo com a juíza.
Saiba mais: leia a entrevista completa aqui!
Como começar o processo de adoção?
Como já falamos, você só precisa ir à Vara da Infância e Juventude. Lá, eles vão te falar qual a documentação necessária para dar entrada no processo e podem tirar outras dúvidas que você tiver.
Feito o cadastro, uma equipe da Vara entrará em contato para dar início a uma série de entrevistas e visitas domiciliares. Geralmente, essa equipe é composta por um psicólogo e um assistente social.
É importante frisar que não existe “guarda provisória” no processo de adoção que dure anos, como a que Carol Nakamura falou em seus vídeos, antes de se corrigir.
O que existe é uma guarda para fins de adoção, que só é feita depois de passar por todo o processo de preparação, com um curso preparatório e vários outros trâmites legais.
Outra questão importante é que, quanto mais você limita as características desejadas, mais tempo demora o processo de adoção.
Isso ocorre porque, usando um único dado de exemplo, das 36.437 pessoas interessadas em adotar, só 2,7% delas aceitam adotar alguém acima dos 10 anos. Para você ter uma ideia, crianças com mais de 10 anos correspondem a 83% dos institucionalizados. (Fonte: Agência Senado)
O psicológico de uma criança abrigada
Uma questão comum, segundo estudos publicados, é que, além de não terem tido uma família bem estruturada e amorosa, a relação com os cuidadores do abrigo também não se dá de forma amorosa, não suprindo a necessidade de atenção dessas crianças e adolescentes.
Por isso, se mostram carentes e desconfiadas em relação a adultos carinhosos e protetores. Além disso, por passarem por algumas transferências entre abrigos, sofrem com uma situação de grande desamparo. Ocorrendo, assim, uma inconstância dos laços efetivos.
Crianças abrigadas que sofreram violência doméstica tendem a produzir “vinculações efêmeras” no futuro, segundo artigo dessa área de estudo. Ou seja, têm maior dificuldade em ter relações fortes e duradouras, quando não passam por um processo terapêutico para resolver isso.
Crianças e adolescentes que estão nos abrigos, com certeza, passaram por situações ruins e até mesmo por traumas, mas isso não quer dizer que eles não podem se reerguer.
Com a ajuda psicológica correta, eles tendem a ter uma melhora relativamente rápida, e o apoio e amor dos novos pais é vital para que isso ocorra da melhor forma.
Traumas psicológicos são comuns em crianças e em adultos, com ou sem a adoção envolvida. Por isso, a existência de um evento doloroso no passado não é uma sentença de vida infeliz ou sem saúde mental. O tratamento contínuo e bem feito garante estabilidade mental e emocional em um futuro bem próximo!
Assim, a equipe técnica multidisciplinar que estará com a criança tem como objetivo ajudar a criança em seu luto pela família de origem, promovendo o bem-estar, mas os novos pais também têm um papel muito importante no desenvolvimento da criança durante e depois do processo de adoção.
Qual o papel do psicólogo na casa abrigo?
Como já falamos em outro texto do blog, os estudos mostram que o acompanhamento psicológico deve acontecer antes, durante e depois da adoção. Afinal, toda a situação é nova e gera um mix de emoções para a criança e para os futuros pais.
A Psicologia é vital durante o processo de adoção para a construção saudável de vínculos familiares e, também, para servir como apoio na hora de lidar com a carga emocional de ambas as partes. Isso facilita a adaptação entre a criança ou adolescente e a família.
Além disso, há uma idealização da criança em relação aos futuros pais e vice-versa. Assim, essa situação precisa ser conversada, a fim de evitar problemas futuros ou grandes decepções.
No entanto, é vital entender que decepções e problemas de convivência existem em qualquer relação familiar, e isso não é motivo para desistir do processo de adoção.
Como a terapia infantil pode ajudar uma criança que foi adotada?
Depois que o processo de adoção finalizar, ainda é muito importante ter o acompanhamento de um psicólogo. Com atendimentos e orientações, a adaptação vai ocorrendo de forma saudável e sem muitos atritos.
Ademais, o psicólogo é como um mediador na relação, ajudando a ocorrer uma relação saudável e facilitando a estabilidade emocional. Por fim, também auxilia na construção de vínculos de confiança entre a criança ou adolescente e os novos pais.
Por isso, são úteis no processo de adoção a terapia individual, a terapia de casal, a terapia familiar e também a terapia infantil.
A terapia para crianças vai ajudar o pequeno a entender todo o processo de forma menos traumática, além de trabalhar situações anteriores à adoção, para que cresça como um jovem saudável e possa desfrutar da sua nova vida.
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