Automutilação é uma doença? Sintomas, causas e tratamento

henrique souza fundador da eurekka

Henrique Souza

Parece natural que, perto de algum perigo, a gente se cuide e se proteja ao máximo, a fim de não se machucar, certo? Mas então, por que algumas pessoas machucam intencionalmente partes do corpo? O que desencadeia a automutilação? E ainda, se pode dizer que a automutilação é uma doença?

Fique tranquilo, pois até o final desse texto você vai encontrar as respostas para essas perguntas! Além disso, vai entender melhor como ajudar alguém que está se automutilando e como funciona o tratamento mais adequado para cada caso.

O que causa a automutilação?

A automutilação costuma ser uma resposta de um indivíduo a um sofrimento emocional. Ou seja, uma pessoa que está passando por uma crise – um momento muito difícil – e acaba mutilando o próprio corpo como um último recurso.

No entanto, se precisa ressaltar que nem sempre o objetivo final dessa pessoa é a morte. Ela pode estar, em um primeiro momento, até pensando em suicídio, mas o mais comum é ter como principais objetivos:

  • Reduzir sofrimentos emocionais e tensões;
  • Se punir por acreditar que falhou;
  • Resolver problemas interpessoais;
  • Chamar atenção como forma de pedir ajuda.

Embora o objetivo principal não seja a morte, dependendo da gravidade do machucado e da presença de outros transtornos, em alguns casos, a pessoa que se automutila tem mais chances de cometer suicídio. Alguns transtornos comumente presentes no quadro de automutilação são:

Geralmente, os machucados são cortes e perfurações na pele (feitos com facas, agulhas os lâminas de barbear) ou queimaduras (feitas com cigarro).

A automutilação é doença?

Não, a automutilação não é uma doença! No entanto, é um sinal muito importante de adoecimento ou de transtorno mental. Como mostrado anteriormente, diversos transtornos mentais podem ter a automutilação como consequência.

Quando a pessoa corta a própria pele, é comum que ela se foque no momento presente, se desconecte de um turbilhão de pensamentos e libere opióides endógenos. Assim, o seu corpo está reagindo a favor de que você sinta uma dor física, para que você deixe de sentir essa dor emocional. Nesse sentido, a automutilação é apenas uma forma que o seu corpo aprendeu de lidar com o sofrimento.

Por que alguém se mutila?

Comumente, uma soma de fatores tende a levar à automutilação. Em primeiro lugar, uma vulnerabilidade emocional. A ciência já demonstrou que existem pessoas com uma predisposição a sentir as emoções de uma maneira muito mais intensa.

Já o segundo fator diz respeito a pessoa não ter desenvolvido, ao longo da sua vida, estratégias e técnicas para lidar com essas emoções mais intensas. Ou seja, é como você estar num dia frio e, além de você sentir esse frio, você também não está vestindo roupas que te aquecem.

Nesse caso, pode ser que tenha momentos na sua vida em que você esteja numa época de verão e não precise dessas roupas. Como também pode ser que você não passe tanto frio assim, porque você tem as roupas suficientes.

Então, esses dois fatores são os principais para gerar a chamada desregulação emocional. Também, é importante lembrar que a automutilação pode ocorrer em crianças e adolescentes. Por isso, fique atento aos sinais e não descarte essa opção, ok?

mãe filha chorando automutilação adolescência

Automutilação na Adolescência

A automutilação normalmente começa na adolescência e está ligada a diversos fatores. Porém, os principais são: frustração e depressão.

No entanto, não são todos os adolescentes que, ao passarem por um quadro depressivo, vão recorrer à prática de automutilação. Ainda assim, adolescentes que recorrem à prática de automutilação, muitas vezes, se encontram em um quadro depressivo. Por isso, é muito importante estar atento a outros sintomas de um quadro depressivo como, por exemplo:

  • Mudanças no sono, tanto para mais quanto para menos;
  • Mudanças no apetite e no peso da adolescente, tanto para mais quanto para menos;
  • Falas recentes sobre suicídio ou intenções suicidas.

Isso será muito importante, porque quanto antes nós pudermos perceber que esse adolescente está precisando de ajuda, melhor será o prognóstico. Ou seja, maiores são as chances do jovem se recuperar desse quadro de saúde mental.

Outro fator que devemos levar em consideração é o isolamento social. Infelizmente, muitos jovens que acabam se distanciando de amigos, ou que acabam não desenvolvendo amizades importantes, desenvolvem quadros de tristeza profunda e ansiedade. E isso tudo pode precipitar a automutilação.

Automutilação pode matar?

Sim! Infelizmente, a automutilação pode levar à tentativa de suicídio – e ao suicídio de fato. Isso ocorre especialmente porque, na tentativa de esconder as marcas das cicatrizes, muitas pessoas acabam recorrendo a locais que são mais letais.

Nessa situação, você pode acabar atingindo vasos sanguíneos, como artérias e veias, que são importantes para sua circulação – o que pode dificultar muito uma operação de resgate ou, até mesmo, pode levar ao suicídio.

Por isso, se você conhece alguém, ou você mesmo, que está passando por um período difícil e esse tipo de comportamento tem sido uma estratégia, é muito importante que você procure ajuda com psicólogo e psiquiatra, para recorrer ao tratamento adequado ao seu sofrimento.

menina e menino se abraçando

Como ajudar uma pessoa que se automutila?

O primeiro ponto é você abordar esse assunto de um ponto de vista compassivo, respeitoso e carinhoso. Se ela tem se automutilado, isso quer dizer que ela está num momento muito difícil emocionalmente – e você não quer ser mais um desafio pra ela, certo?

1. Seja compassivo e respeitoso

Quando você for abordar esse assunto para dizer que você tem notado algumas marcas no corpo e que você tem percebido que ela tem se machucado, faça em um momento em que você perceba que vocês estão sozinhos, em privacidade. Porque é importante que a pessoa se sinta aberta a compartilhar o que ela tem passado!

Além disso, é vital que você comente que quer ajudá-la e escutá-la, que você entende que ela está passando por um momento muito difícil e que você não acha que é frescura ou bobagem.

Dessa forma, você aumenta as chances dessa pessoa se abrir com você e de entender que você é um apoio, ou seja, que você é uma pessoa importante para ajudá-la no tratamento dessa dificuldade emocional.

2. Ajude a procurar tratamento

Porém, é claro a gente não pode parar por aí. No momento em que você perceber que está desenvolvendo uma confiança e abertura com essa pessoa, é a hora de perguntar para ela se ela quer ajuda para encontrar tratamento com psicólogo e com psiquiatra.

Você ajuda, então, pesquisando na internet indicações de profissionais e os tratamentos mais adequados. Ao fazer isso, você mostra compaixão e respeito pelo que ela está passando – que já são duas grandes ajudas.

Eu sei que pode ser muito difícil entrar nesse assunto, mas não não pode ser um tabu. Se você está percebendo que alguém está passando por isso, por favor, demonstre carinho e apoio, porque ela está passando por um momento muito intenso e muito difícil.

Automutilação: tratamento

Existem dois profissionais que fazem parte do tratamento da automutilação, trabalhando em conjunto: o psicólogo e o psiquiatra.

  • O psicólogo realizará a psicoterapia com você, de forma a identificar quais são os gatilhos da automutilação, que tipo de crises você tem passado e qual é o seu maior desafio emocional hoje. Além disso, te ajudará a desenvolver novas estratégias e novas habilidades, para não precisar recorrer à automutilação;
  • O psiquiatra fará uma avaliação e definirá se você necessita de medicações e se você precisará fazer algum outro tipo de tratamento.

É muito importante que você procure atendimento médico e psicológico para conseguir ajuda. Aqui na Eurekka, nós costumamos tratar a automutilação sob a ótica da Terapia Comportamental Dialética, que entende a automutilação como um recurso que a pessoa aprendeu, ao longo da sua vida, para passar por uma crise.

sede presencial da Eurekka

Inicie o tratamento com a Eurekka

Dentro da Eurekka, o psicólogo pode ajudar você a identificar novas formas e novas habilidades de como lidar com essas crises. Então, você não precisa passar por isso sozinho!

Espero ter respondido para você algumas das principais dúvidas sobre automutilação. E se você está percebendo que alguém próximo de você – ou você mesmo – está passando por isso, não deixe de buscar ajuda.

Também, te convidamos a marcar uma conversa inicial, clicando aqui, para entender um pouquinho mais sobre a terapia da Eurekka!

Além disso, fique à vontade para acessar nossos conteúdos em outras redes sociais, como: Instagram, Facebook e YouTube.

Parabéns por ter chegado até aqui! A gente quer interagir com você, então pode comentar aqui embaixo que a gente promete responder, tá?

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henrique souza fundador da eurekka

Henrique Souza

Henrique é psicólogo pela UFRGS, atuando na clínica com a Abordagem Analítico-Comportamental, apaixonado por criatividade e comunicação e co-fundador da Eurekka, a startup de Psicologia que se tornou a maior rede de psicoterapia do Brasil. Além de fazer mais de 5000 sessões por mês, a Eurekka também oferece telemedicina, franquia para Psicólogos e outros produtos tanto para quem busca mais saúde e uma vida com propósito, quanto para psicólogos querem alavancar sua carreira.

11 replies on “Automutilação é uma doença? Sintomas, causas e tratamento”

eu costumava me cortar. tive uma recaída ontem, cortei minhas coxas por prazer. não sei como as pessoas conseguem sentir prazer em sentir dor, e é por isso que me sinto tão estranho. os gostos das pessoas sempre são diferentes, mas as vezes são preocupantes. eu costumava compartilhar fotos dos meus cortes em redes sociais, fazia ligações com meu namorado, mostrando meus cortes e me cortando. e ele também se cortava, fazíamos ligações fumando, se automutilando, se masturbando, crianças são idiotas, sempre. eu quero desabafar, mas não sei por onde começar. tenho transtorno alimentar, e fico mais de 12 horas sem me alimentar. eu me corto, pois a dor psicológica é muito forte. as pessoas na internet dizem que meus cortes são bonitos, mas eu apenas queria morrer quando olho para eles. o que eu pareço? alguém que quer chamar atenção? um doente? eu também tenho sentimentos. eu nunca quis que isso acontecesse, mas mesmo assim, eu desejo meu próprio mal, por gostar da dor. eu sou burro, eu sei. talvez você ache que eu apenas quero chamar atenção, que eu sou doente, que eu preciso de ajuda psicológica, que eu preciso ser internado, mas eu tenho certeza que nada vai ajudar. eu já tentei ir em três psicólogos, e dois psiquiatras. mas, mesmo tomando remédios controlados, minha mente continua dizendo coisas fúteis, que irão me prejudicar. parece que as minhas medicações me deixam pior. eu me sinto inútil, porque eu apenas causo problemas para todos, meus amigos e minha família. meus cortes deixam minha mãe envergonhada, eu não quero ser mais um problema. eu penso em me matar todos os dias, marcas decoram o meu corpo, me trazendo o desgosto e a razão. meu irmão diz que minha automutilação é frescura, todos da minha família acham isso. quando minha irmã descobriu meus cortes no braço, há mais ou menos 2 meses, ela me bateu e me chamou de monstro. o sangue que corre pelo meu corpo… pode ser desagradável. eu pintei meu corpo de vermelho, mas dessa vez não era arte…

Tenho 24 anos diagnosticada com tpb a 12 , segunda gestação 1 tentativa de suicidio e várias mutilações. Pedir socorro n ajuda !

Minha filha tem 26 anos percebi cortes no abdômen e no pulso . Quando pergunto fala que se machucou abrindo alguma coisa . Não assume o que fez a conversa fica difícil para ajudar . Faz terapia mais não conta para terapeuta , tbm no psiquiatra para tratar a ansiedade e depressão. Mas não admite que faz automutilação e fica brava quando perguntamos . Fica difícil ajudar o que fazer ?

Olá, Elisete!

Sentimos muito pela situação da sua filha, realmente é uma questão delicada e difícil de lidar. Se ela faz terapia há muito tempo, mas não sente confiança na terapeuta para falar sobre o assunto e não tem tido os resultados esperados, talvez seja a hora de conversar com sua filha e perguntar se não seria melhor buscar outro profissional, alguém com quem ela se sinta mais a vontade para falar.

Além disso, recomendamos que você faça a terapia também! Pois assim você vai cuidar da sua saúde mental e também aprender aprender possíveis abordagens para melhorar a relação entre você e sua filha. E também continue ao lado dela, apoiando com paciência, pois com certeza isso faz a diferença!

Se quiser a ajuda de um profissional da Eurekka para passar por essa situação, você pode marcar uma Conversa Inicial com um de nossos psicólogos, aqui está o link: Terapia Eurekka

Abraços, Gabi da Equipe Eurekka.

Prezados, boa tarde!
Minha filha de 22 anos foi diagnosticada com TPB há dois anos, após o diagnóstico iniciou o tratamento com fármacos e psicólogo 1x semana. já está no 2º psiquiatra, pois não pode continuar com o 1º.Já se cortou nos braços, pulsos mais de 6x, em 3 dessas, precisei levá-la ao pronto socorro para medicar. Sofre de insônia e chegou a tomar 120 gotas de clonazepam para dormir na semana passada. Esta semana só dormiu com 2 comprimidos de quetiapina 100mg. Preciso saber se a terapia para este transtorno precisa ser com profissional específico, pois atualmente o psicólogo dela não é especializado neste transtorno. Apesar disso ela gosta de conversar com ele.

Existe algum grupo de apoio para os familiares? já entrei em um grupo, mas eles são de Transtorno Bipolar.
Deus os abençôe!

Minha filha começou com 16 pra 17 anos fui ao psiqyiatra mas continua com as pernas cheia de feridas coça ate sanfra enfim agora com 20 anos largo o tratamentoe vive com as pernas toda machucadas

Meu filho tem 18 anos e ao 16 começou a se automutilar tá tratando com psicólogo e psiquiatra mais o tratamento parece não ter eficácia oq eu faço?

Bom dia,
Minha esposa tinha boderline e fazia tratamento. Mudamos pra outro estado. De um mês pra cá, ela vem fazendo cortes no pulso e no abdômen esquerdo. A família dela (filhos menores de outro casamento, pais e tios) ficaram na cidade de origem. Ela mesmo pediu pra ir no psiquiatra e aí percebi os cortes, que ela escondia. Me pediu pra não falar com a família por eles acabariam nosso casamento. Compreendi a situação. Pedi pra que ela parasse a mutilação, e aguardaria pra avisar a família sobre a situação de acordo com a evolução. Depois disso ela fez mais 2 vezes… Faz uso de medicação. Ela não quer que avise ninguém. Temos nova consulta daqui a 4 dias. Não sei o que fazer pois é difícil ver o estado dela. Alternando felicidade é escondida se mutila. Não quero interná-lo pois isso seria ruim pra ela…

A minha filha tem 17.anos hoje eu fui fazer um bico e quando eu cheguei em casa ela estava bem depois de umas horas ela veio me falar que ela tinha machucado os dois braço só que aí miga irmã me liga falando disso que era pra mim ver os braço dela e conversar com ela porque a foto que ela viu ela ficou preocupada…esta é a primeira vez que ela faz issto

Irani, é bom quando a automutilação é reconhecida logo no começo. Tente ajudá-la sem julgamentos, porque ela está tão perdida quanto você nessa situação. A terapia vai ajudar muito sua filha a lidar com os problemas de uma forma diferente, sem precisar se machucar. Abraço!

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