Saiba de que modo a arteterapia ajuda na saúde mental
Equipe Eurekka
O famoso psiquiatra Jung dizia que a arte é vida e que a criatividade tem que ser explorada. Muitas pessoas não sabem, mas arte e psicologia podem andar lado a lado, como na arteterapia, uma técnica muito especial e com ampla finalidade.
Aplicada em ONGs, clínicas, hospitais e em clínicas públicas de saúde (como CREAS e CRAS), a arteterapia pode ser um passo vital para a recuperação dos mais variados problemas relacionados à saúde mental.
E, no texto de hoje, você vai entender mais sobre essa técnica, de onde surgiu, quais os benefícios e que tipos de arteterapia existem por aí.
Boa leitura!
Índice
O que é arteterapia
A arteterapia é, como o nome diz, uma forma de terapia. É uma técnica possível dentro da Psicologia para tratamento de diversas questões, podendo ser feita no âmbito individual ou em grupos.
Essa forma “híbrida” de terapia junta a psicologia com as artes plásticas para tornar o processo terapêutico mais amigável. Quem se interessa por pintura, dança, desenho ou escrita pode achar mais fácil se expressar dessa forma, ao invés de uma sessão de terapia convencional.
Quando surgiu a arteterapia?
Pelos estudos, a junção da arte no processo terapêutico ocorreu no início do século 19, com o médico alemão Johann Christian Reil.
Além disso, Carl Jung, psiquiatra e psicoterapeuta que fundou a psicologia analítica, também trabalhava com o fazer artístico e fazia muitas relações entre o produto artístico e o bem-estar do paciente.
Como funciona a arteterapia?
A arteterapia funciona em sessões, assim como uma sessão de terapia convencional.
Já o lugar em que a sessão se dá pode variar de acordo com a pessoa ou a instituição que fornece esta atividade terapêutica. E, como falamos antes, pode ocorrer em grupos, também!
No geral, se dá uma atividade para ser feita — por exemplo, pintar um quadro — e o processo terapêutico ocorre enquanto se pinta o quadro. Podendo, também, usar mais de um estímulo artístico por aula.
Diferente de uma aula de pintura, o foco nessas sessões não é a perfeição da atividade artística. O profissional não se importa se você não pinta o quadro muito bem ou se você dança de um jeito diferente.
O foco é o bem-estar da pessoa que participa da atividade, então, o principal é deixar a pessoa tranquila e à vontade para expressar os seus sentimentos através da arte.
E não é só o psicólogo que pode ser arteterapeuta, não! Profissionais da educação, artes, saúde e social também podem se especializar em arteterapia através da pós-graduação ou de outros cursos.
Para que serve a arteterapia?
Algumas pessoas podem ter dificuldade para falar de situações traumáticas ou muito ruins que ocorreram com elas. Por isso, usa-se a arteterapia para tentar chegar a esses conteúdos mais profundos de uma forma mais leve, a fim de não criar um confronto muito forte para o emocional dessa pessoa.
5 tipos de arteterapia
Como você já viu, esta é uma área ampla, que pode ser explorada de várias formas. Os estímulos artísticos variam bastante a depender do projeto que você busca, e isso é muito bom. Afinal, não somos todos iguais! Há pessoas que vão preferir pintar, outras vão preferir dançar ou, até mesmo, atuar!
Então, separamos aqui uma lista com as 5 práticas mais comuns na arteterapia.
1. Pintura
A pintura é uma das práticas mais comuns na arteterapia. Essa técnica coloca a pessoa em contato com as cores, sem se preocupar muito com as formas.
As cores estão muito ligadas às emoções, às sensações e aos afetos, assim o psicólogo irá analisar a forma como o paciente se sente a partir das escolhas feitas na pintura.
Sem contar que esse será um tempo em que a pessoa irá se expressar e refletir sobre as questões que estão latentes na vida dela.
2. Dança
Que a música nos emociona e nos motiva não é segredo para ninguém. É por isso, então, que a arteterapia alia música e dança para trazer à tona o que cada um precisa. A música é capaz de mudar humores e resgatar uma sensação infantil e despreocupada.
Quando a gente abaixa a guarda dessa forma, é mais fácil movimentar o corpo de acordo com o que estamos sentindo, liberando tensões e até mesmo deixando fluir a tristeza e a angústia. Afinal, a linguagem corporal também faz parte das análises psicológicas que se faz na prática clínica.
3. Escrita
Aqui na Eurekka, estamos sempre falando da importância de escrever sobre seus sentimentos. Já demos a dica do Diário da Gratidão e da escrita terapêutica, por exemplo.
E na arteterapia, exercícios que promovem a escrita servem justamente para ajudar as pessoas que são boas com palavras, mas acham difícil dizê-las en voz alta.
Entrando em um estado de flow na atividade, a pessoa pode escrever de forma livre, despejando tudo e qualquer coisa no papel, para depois analisar o que aquilo significa.
4. Narração
A narração na arteterapia pode surgir de duas formas: como contação de histórias e como dramatização.
Na contação de histórias, o foco é se identificar com os personagens dos contos, percebendo neles o que há em você. Dessa forma, é mais suave a percepção do que há de incômodo para, depois, começar a trabalhar em cima desses resultados.
Já na dramatização, representar um outro modo de vida que não o seu faz com que você se coloque no lugar dessa pessoa que vive uma realidade diferente da sua. Isso pode ajudar a expressar situações vividas em relação a esses papéis.
Por exemplo, uma pessoa pode dramatizar um professor e acabar expondo sua visão de que os professores são rígidos, cruéis e abusadores, o que mostra que essa pessoa deve ter passado por maus bocados no ambiente escolar. A partir disso, trabalha-se o entendimento desses papéis até uma ressignificação saudável.
Essas duas práticas são comuns com crianças, porque o lúdico ajuda muito no entendimento delas sobre a sociedade. A dramatização também é muito comum em Psicodrama, uma outra área da Psicologia.
5. Desenho
O desenho é um pouco diferente da pintura, pois se liga mais à forma das coisas, e não só à cor. O desenho trabalha também a concentração e a coordenação espacial e visual.
Além disso, essa prática busca materializar o que a pessoa está sentindo ou pensando, o que pode ser um grande alívio para quem tem algo “preso” na garganta, sem conseguir se expressar.
Com quais problemas a arteterapia pode ajudar?
Como a arteterapia faz vir à tona sentimentos e situações que estavam escondidinhos dentro da gente, ela pode ajudar em todos os problemas!
Claro, muitas vezes, é preciso juntar a arteterapia com sessões no consultório convencional e até mesmo com remédios, dependendo da demanda.
Mas a arteterapia é muito boa para trazer, com suavidade, problemas que incomodam as pessoas, mas que são mais difíceis de se comunicar.
Pessoas que passaram por traumas, como abusos, assaltos ou ataques, podem ter uma “trava” para falar sobre isso com o terapeuta, com medo de reviver a situação. Então, a arte faz com que a gente vá “comendo pelas beiradinhas”, por assim dizer.
A gente vai chegando perto do problema aos poucos, sem nem perceber, até que a gente chegue no ponto principal daquela situação que te incomodou e incomoda.
Por fim, mesmo que você não passe por situações assim, usar a arte para também é muito útil para conhecer mais sobre si mesmo e também como hobby.
Quais os benefícios da arteterapia
Essa ferramenta poderosa tem como foco principal a autorreflexão e o autoconhecimento.
Ou seja, a arteterapia é ótima para quem quer ou precisa se conhecer melhor e entender os próprios desejos e medos.
Além disso, estimula muito a criatividade e ensina sobre aproveitar o processo, sem se apegar muito ao produto final perfeito. Isso faz com que os níveis de estresse e ansiedade reduzam.
Por fim, na arteterapia em grupo, estimula-se também o convívio com outras pessoas e cria novos laços de amizade para quem participa das atividades.
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