Análise psicológica de Eu Nunca: luto, amizade e identidade
Equipe Eurekka
A história de Devi Vishwakumar cativou uma enorme audiência na Netflix. Retratando os dilemas da adolescência e de ser uma descendente indiana nos Estados Unidos, a série não só diverte como também alerta sobre diversos assuntos importantes. Então, uma análise psicológica de Eu Nunca não poderia passar em branco.
Por meio da vida tumultuada de Devi e de seu círculo social, a série explora uma série de temas psicológicos pertinentes para adolescentes e adultos, desde o luto até a identidade cultural e o desenvolvimento da personalidade.
Então, confira agora todas essas lições e, no fim, conte para nós qual a sua opinião!
Boa leitura!
Índice
Análise psicológica de Eu Nunca
Não é de hoje que filmes e séries são usados como forma de conscientização e expressão. E, ao fazermos uma análise psicológica, percebemos que com Eu Nunca não foi diferente.
Apesar das cenas engraçadas e do bom humor sempre presente, essa narrativa traz assuntos de extrema importância que não podem passar despercebidos. O que, desde o princípio, foi a ideia de Mindy Kaling, a criadora da série. A qual se baseou em aspectos da sua própria adolescência para criar a trama.
Sendo assim, abaixo você encontra temáticas importantes que irão fazer você refletir e entender mais sobre a série.
Luto e trauma
Primeiramente, o fio condutor emocional da história é o luto de Devi pela morte de seu pai. O trauma da perda é um tema recorrente, e a série aborda de maneira realista as complexas emoções que a protagonista experimenta.
Em segundo lugar, sua negação inicial, raiva e tentativas de evitar a tristeza são reações psicologicamente verossímeis diante de um evento tão traumático. Sendo que correspondem às fases do luto, que são:
- Negação
- Raiva
- Negociação/Barganha
- Depressão
- Aceitação
Além disso, a série destaca como o luto pode afetar diferentes aspectos da vida de uma pessoa, como suas relações sociais e desempenho acadêmico.
Identidade cultural e pressão social
Devi enfrenta um conflito interno em relação à sua identidade cultural, já que tenta encontrar um equilíbrio entre suas raízes indianas e o ambiente norte-americano em que cresceu.
Entretanto, essa luta por identidade é agravada pela pressão social de se encaixar e, ao mesmo tempo, se destacar em uma cultura que muitas vezes é desconhecida ou incompreendida por seus colegas.
Assim, a série ilustra como a busca por aceitação e autenticidade pode moldar as decisões e as emoções de uma pessoa.
E isso é muito real dentro da Psicologia, uma vez que fazer parte de um grupo social e ter um senso de pertencimento são necessidades do ser humano. Sendo que quando isso está em baixa, algumas crises podem surgir.
Por fim, outro ponto importante é que a cultura interfere de modo direto no nosso comportamento, já que o ambiente social e físico em que somos criados influenciam nas nossas crenças e práticas.
E na série, vemos que Devi se encontra em um choque cultural, dividida entre a cultura ocidental norte-americana e a cultura de sua família. E é por isso que muitas vezes a personagem se vê confusa sobre como agir, afinal seu comportamento está sendo moldado por duas culturas muito diferentes.
Saiba mais: O que é cultura para a análise do comportamento
Relações familiares
As relações familiares são exploradas em profundidade na série, destacando a dinâmica entre Devi e sua mãe, Nalini. A maneira como Nalini lida com o luto e tenta criar Devi sozinha revela as pressões e os desafios enfrentados pelas mães solteiras.
A série também destaca como a comunicação entre pais e filhos pode ser complexa, especialmente em um momento de dor e transformação.
Também podemos perceber como os modelos parentais influenciam nas escolhas e nos comportamentos dos adolescentes, sendo esse um ponto psicológico fundamental mostrado ao longo das temporadas.
Desenvolvimento da personalidade na adolescência
A adolescência é um período de grande desenvolvimento e formação da personalidade. A série aborda como Devi e seus amigos enfrentam desafios emocionais e psicológicos enquanto tentam entender quem são e onde se encaixam no mundo.
Por fim, a busca de identidade, a experimentação e a descoberta sexual são retratadas de maneira autêntica, destacando como essas experiências moldam a maneira como os adolescentes veem a si mesmos e aos outros.
Amizade e apoio social
A importância das amizades e do apoio social é evidente nas relações de Devi com suas amigas, Eleanor e Fabiola. A série explora como os amigos podem ser fontes de conforto, conselhos e estabilidade emocional durante os momentos difíceis.
Além disso, a dinâmica do grupo de amigas mostra como as interações sociais podem influenciar nas escolhas e atitudes dos adolescentes, tanto de forma positiva quanto negativa.
Saiba mais: O que é rede de apoio e como construir a sua
Importância da terapia em Eu Nunca
A terapia na série é retratada de maneira realista e detalhada. Por exemplo, quando Devi começa a ver a terapeuta, a Dra. Jamie Ryan, a série não romantiza ou exagera mostrando soluções rápidas.
Em vez disso, a terapia é apresentada como um processo gradual, no qual o personagem trabalha em questões profundas e confronta suas emoções. Isso reflete a realidade de que a terapia envolve esforço, autodescoberta e tempo para efetivamente lidar com as questões subjacentes.
Então, Devi, ao longo das sessões com a Dra. Ryan, reflete sobre suas emoções, motivações e reações a situações desafiadoras.
E esse olhar para dentro de si ajuda Devi a entender melhor suas ações impulsivas e a se conectar com suas emoções reprimidas devido ao luto. Essa abordagem reforça a capacidade da terapia de proporcionar reflexões e mudanças profundas.
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Psicossomatização
Uma doença psicossomática é aquela que acontece por causa de fatores emocionais. Ou seja, é quando a saúde mental está ruim e acaba afetando a saúde física.
Isso acontece porque mente e corpo estão ligados, então as nossas emoções e sentimentos podem se manifestar através sintomas físicos, como dores de cabeça, manchas no corpo e muitos outros.
E, em Eu Nunca, isso acontece quando Devi perde o movimento das pernas após a morte do pai. O corpo dela estava saudável e não havia nada que a impedia de andar, porém o trauma de ver o pai morrer na sua frente foi tão grande, que seu psicológico abalado a impedia de caminhar, por mais que estivesse bem fisicamente.
Apoio da família no tratamento psicológico
No início, a relação de Devi com sua mãe, Nalini, não era tão boa. O tratamento rígido para com a filha e a falta de compreensão de ambos os lados impedia que as duas formassem um rede de apoio uma para a outra.
Tanto que, em certo momento, Devi diz que preferia que a mãe tivesse morrido no lugar do pai. Essa cena é muito forte e impactante, pois mostra tanto a dor do luto, quanto a dor de não exisitir um laço real entre mãe e filha.
Porém, quando a Nalini começa a se abrir mais para entender como Devi se sentia, e vice-versa, ambas começam a construir uma relação boa, o que dá mais estabildade para Devi conseguir passar pelas fases do luto e até mesmo a ajuda no processso terapêutico.
Assim, a série mostra o quanto receber o apoio familiar é um grande potencializador do tratamento terapêutico e o quanto ter uma base sólida é importante no desenvolvimento pessoal.
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