Análise psicológica dos personagens de Friends: da fã para fã

Equipe Eurekka

Café no Central Perk, desilusões da vida adulta, gargalhadas gostosas e, acima de tudo, amizade. Tudo isso, junto com a personalidade inesquecível dos protagonistas, fizeram com que a série ganhasse nosso coração. Por isso, hoje decidimos trazer para você uma análise psicológica dos personagens de Friends!

Com um toque de nostalgia, e muito carinho envolvido, neste texto, você vai revisitar aspectos importantes da vida de Monica, Chandler, Phoebe, Rachel, Joey e Ross, relembrando e percebendo como a trajetória de cada um impactou diretamente no comportamento e vida deles.

Boa leitura!

A série Friends

Poderíamos usar esse tópico apenas para as informações básicas da série. 

Ambientada na Nova York dos anos 90, Friends retrata a vida de 6 amigos e as situações da vida adulta que os cercam. Desde coisas normais, como trabalho e relacionamentos, até situações muito inusitadas, como fuga do casamento e ficar preso em uma calça de couro.

Porém, apesar de tudo isso ser muito cativante e render ótimas risadas, o que faz a série ser tão especial é o sentimento de pertencimento que ela traz ao telespectador. 

O “pulo do gato” dos produtores foi conseguir criar um ambiente tão acolhedor e personagens tão humanos que quem assiste se sente inserido no grupo de amigos. 

O sofá laranja do Central Perk, as piadas internas, o desenvolvimento dos personagens, as dificuldades que são as mesmas que as nossas, os lanches da Monica e seu apartamento acolhedor são aspectos que nos dão a ideia de proximidade, como se os conhecêssemos

Assim, além de trazer uma história engraçada e emocionante, Friends consegue criar um ambiente de conforto e identificação. E é por isso que sempre dá aquela vontade de maratonar de novo, ainda mais quando as coisas não estão tão legais do lado de cá.

personagens de friends sticom

Análise psicológica dos personagens de friends

Assim como o namorado psicólogo da Phoebe, agora vamos fazer a prometida análise psicológica dos personagens de Friends!

Espero que eles não fiquem bravos assim como ficaram com o Roger.

A personalidade de Monica Geller

Monica é a cola que une o grupo. É na casa dela que os friends sempre estão e é ela quem cuida de todos com seu jeito mandão e amoroso. 

Porém, algo que chama atenção na personalidade de Mon é o perfeccionismo e a competitividade. Sendo isso motivo de piada durante toda a série. 

Assim, muitos fãs acreditam que ela tenha o TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo).

E a verdade é que ela apresenta sim características que o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) classifica como sintomas desse transtorno. Calma, vamos explicar!

O TOC é caracterizado por dois sintomas: a obsessão e a compulsão. 

A obsessão está ligada aos pensamentos que a pessoa tem, os quais são intrusivos, indesejados, recorrentes e persistentes. Sendo que, geralmente, eles causam sofrimento e ansiedade.

Assim, o indivíduo com TOC tenta neutralizar esses pensamentos obsessivos com outros pensamentos ou ações. 

E isso acontece com a Monica diversas vezes, por exemplo, no episódio em que ela é desafiada a deixar os sapatos na sala, ao invés de guardá-los no lugar habitual. 

Assim, para provar que ela não se importa, ela deixa, porém não consegue dormir pensando nisso, por mais que tentasse. 

Ela cria diálogos em sua mente para tentar se acalmar e pensa em guardar os sapatos e de manhã cedo bagunçá-los de novo para ninguém perceber. 

Já a compulsão, está ligada às ações que o indivíduo é compelido a fazer para neutralizar esses pensamentos, visando prevenir ou reduzir essa ansiedade e sofrimento.

O que acontece tanto no exemplo citado acima, quando ela se levanta para organizar os sapatos, quanto em outros momentos, como quando ela limpa para diminuir a ansiedade.

É claro que muitos exageros acontecem, afinal é uma série de comédia. Porém, pode-se dizer que Monica tem sim traços característicos do TOC.

As questões familiares envolvidas

Ainda, segundo o DSM-5, os fatores ambientais são uma das causas do TOC. Assim, não podemos deixar de considerar o contexto familiar de Mônica.

Ela cresceu sob extrema comparação com o Ross e inúmeras críticas da mãe, o que pode ter contribuído para que ela desenvolvesse essa necessidade extrema de perfeição e competitividade. 

Como podemos ver sempre que ela joga algo, não aceitando perder. Um exemplo é o episódio em que eles jogam futebol americano no dia de Ação de Graças.

Mas nada disso impede que ela seja uma amiga fiel e amorosa. Além de uma cozinheira incrível e uma pessoa cativante. 

Os traumas de Chandler Bing

Chandler é o queridinho da maioria dos fãs, com um carisma imenso e um humor duvidoso, ele conquistou muitos corações. 

Mas, no decorrer da série, vemos que existe um passado bem triste por trás disso tudo. 

Por causa do divórcio dos seus pais no Dia de Ações Graças, quando ele era criança, ele não só cresceu odiando esse feriado, como também com medo de se relacionar, de ter uma família e até mesmo de ser abandonado. 

E esse trauma fica muito claro no episódio “Aquele sem a viagem de ski”, quando Ross e Rachel brigam e Chandler tem um pequeno “surto”. Assim, ele começa a dançar e cantar para chamar atenção, a fim de parar a briga.

Além disso, podemos até ver que, em vários momentos, ele usa as piadas e o sarcasmo para lidar com situações que o deixam desconfortável. 

Mas, é muito lindo ver como ele evolui ao longo da série. Ele não fica preso para sempre em seus medos e traumas, ele enfrenta isso de frente e aprende a lidar melhor com seu relacionamento com Monica e até decide pedi-la em casamento.

Sendo que, no grande dia, ele volta para a cerimônia mesmo depois de ter uma crise e achar que não conseguiria.

Além de também assumir uma postura madura em relação à vontade da Mon de ter filhos. E essa mudança se relaciona muito com uma premissa da Terapia Cognitivo Comportamental, que é: o que mais importa não é o que acontece com você, mas como você reage à situação.

Por isso, Chandler é um grande exemplo de como um trauma não define quem somos e que há meios de seguir em frente e ser feliz!

análise psicológica de monica e chandler
Aquele com o pedido de casamento | Reprodução

A vida complicada de Phoebe Buffay

Phoebe é única em tudo que faz. Desde o jeito de ser, até as roupas que veste e as músicas que escreve. 

Mas dentre todas as suas excentricidades, o que é mais incrível em sua personalidade é a resiliência e a força.

Por mais que ela leve tudo com muito bom humor, Phoebe passou por situações muito difíceis que a marcaram profundamente. Como o suicídio da mãe que a criou, o pai ausente, a vida nas ruas e o relacionamento ruim com sua irmã Ursula.

Porém, na série, ela fala disso tão abertamente, que acabamos naturalizando a situação e não percebendo quantas vezes ela teve que reunir forças e continuar, mesmo quando tudo estava um caos.

Além disso, Phoebe também se mostra muito corajosa e o tempo todo toma atitudes práticas para lidar com situações mal resolvidas do seu passado.

Como quando ela finalmente tomou coragem para conversar com o pai, mesmo tendo sentido medo na primeira tentativa. E também quando ela vai atrás da amiga de sua mãe e insiste em falar com ela, até que ela revelasse a verdade sobre o passado de Phoebe.

Assim, por causa dessa e de outras atitudes, ela consegue alcançar o que sempre quis, que era ter uma família, um lar, estabilidade e pessoas com quem pudesse contar.

A independência de Rachel Green

A trajetória de Rachel é muito inspiradora. Saindo de um lar luxuoso onde era sempre mimada e deixando para trás as convenções sociais do seu grupo, ela decide tomar as rédeas da sua vida.

Começando por fugir de um casamento e entrando no Central Perk vestida de noiva.

Trabalhar e ter sua própria independência era algo normal para os outros amigos, mas para ela que saiu da casa do pai, para logo depois ser sustentada pelo futuro marido, parecia uma coisa de outro mundo.

Mas, com muita coragem, ela se candidata ao primeiro emprego, que não era nada do que ela queria, passa por frustrações ao pagar o primeiro imposto e tem diversas desilusões. 

Rachel Green friends
Aquele com George Stephanopoulos | Reprodução

Assim, vemos ela ir crescendo na carreira aos poucos, sem mágica ou benefícios. E, por fim, ela consegue trabalhar no ramo da moda, que é o que sempre quis. Mas não vamos nos esquecer que até mesmo nessa área ela passa por muitos sufocos.

E é interessante ver que, com o tempo, ela passa a nem se identificar mais com as antigas amigas e com seu outro estilo de vida.

E é bem assim na vida real, né? O tempo passa e algumas pessoas vão embora, enquanto outras chegam para ficar. Em cada fase somos cercados por diferentes pessoas e é normal que nem todas elas façam mais sentido na nossa vida.

Outro ponto que mostra o amadurecimento de Rachel é a sua relação com suas irmãs, Jill e Amy, de modo que ela tenta sempre ajudá-las da mesma forma que foi ajudada por Mon.

Além de se tornar um grande exemplo para as duas.

A inocência de Joey Tribbiani

“How you doing?” 

Apesar de Joey fazer muito sucesso com as mulheres e ter várias parceiras românticas, é interessante notar como a série constrói uma inocência no personagem que não estava lá tão aparente nos primeiros episódios.

Apesar de sempre carismático, divertido e um amigo muito querido, no início podemos ver que Joey foi apresentado, primeiramente, como o amigo galanteador.

Porém, depois, percebemos que ao longo da série ele vai se tornando como uma criança vivendo uma vida adulta, no que diz respeito aos conhecimentos de mundo e atitudes gerais.

Isso pode ter sido feito para que Joey ganhasse um tom mais carismático, de modo que o público não o taxasse apenas como alguém que ficava com muitas mulheres. 

Mas, além disso, podemos ver algumas características na personalidade de Joey que são lindas demais. Como sua fidelidade aos amigos, sua boa vontade para ajudar e seu coração sincero!

Diversas vezes podemos ver como ele foi um ombro amigo e um abraço acolhedor para todos os friends, além de alegrar a todos com seu jeitinho especial.

Por fim, também podemos ver sua evolução na carreira que, por mais engraçado que fosse, acabou fazendo muito sucesso. Isso nos mostra que existem outras áreas a serem evoluídas além da área de relacionamentos.

A busca de Ross

Para fechar essa análise psicológica dos personagens de Friends com chave de ouro…

Ross é a prova viva de que todos nós passamos por situações difíceis, mesmo tendo um bom emprego, graduação e tudo mais que se considera como prestígio nos dias atuais.

Ele tinha tudo para viver como ele e seus pais esperavam, porém a vida sai do controle e diversas vezes ele se vê desamparado.

Depois que sua esposa assume outro relacionamento, ele entra em uma busca para achar outra pessoa com quem dividir a vida, como a Rachel, Julie, Emily, Mona e Charlie. E entre uma e outra, ele passa por diversas crises, de modo que até tem que se afastar do trabalho após ter surtos de raiva.

A situação, na série, é muito cômica, porém retrata muito bem os perigos de não lidarmos bem com nossas questões emocionais. Afinal, pela falta de dar um tempo a si mesmo, repensar sua atitudes e fazer a manutenção de suas emoções, Ross acaba criando uma bola de neve emocional, até que sua mente não aguente e ele desaba.

análise do personagem ross de friends
Aquele do sanduíche do Ross | Reprodução

Além disso, também podemos ver que sua busca é tão intensa, que acaba tendo comportamentos tóxicos e impulsivos. Como quando ele atrapalha o trabalho de Rachel e tem crises de ciúmes.

Porém, apesar de tudo isso, não podemos deixar de lembrar que ele tem um coração de ouro! Seu jeito amoroso também é capaz de direcioná-lo para boas ações, por exemplo, quando ele dá uma bicicleta para Phoebe e desiste do seu compromisso para ajudar Rachel.

Saiba mais sobre a Psicologia nas séries

E aí, gostou dessa análise psicológica dos personagens de Friends?

Se você ama sitcoms e não tem medo de gostar das duas rivais, confira aqui nossa análise psicológica de How I Met Your Mother!

Mas se você é fiel a Friends, confira aqui outras análises psicológicas de filmes e séries que não competem entre si

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