Análise psicológica de The Sims: qual o fator psicológico do jogo?
Equipe Eurekka
O jogo The Sims tem quase vinte anos de história e não para de trazer novidades. Por isso, a equipe da Eurekka decidiu fazer uma análise psicológica de The Sims! Afinal, será que este jogo ajuda ou atrapalha no desenvolvimento dos jovens? Será que o jogo que marcou gerações e traz nostalgia é algo bom para a mente ou um excesso de fuga da realidade?
Para ajudar a responder essas perguntas, trouxemos vantagens e desvantagens que podem surgir em um jogo de simulação virtual. Assim, você também passa a entender a importância de jogar com consciência.
Boa leitura!
Índice
O que é The Sims?
The Sims é um jogo de simulação da vida real, em que você cria um personagem e vive o dia a dia dentro do jogo. É uma rotina parecida com a vida real: você dorme, acorda, come, vai trabalhar, curte pela cidade…
Aliás, The Sims já virou uma série de jogos, já que tem várias versões. Também é possível ter extensões que complementam o jogo. Para você ter noção do quão vasto é o jogo, The Sims 4 acabou de revelar Kit Moda Íntima e Kit Banho e Higiene, que chegam em 19 de janeiro.
O jogo se tornou viral há muitos anos e não perde audiência desde então. São quase vinte anos de jogo, que iniciou no computador e seguiu para várias plataformas, como nos consoles de videogames.
Análise psicológica de The Sims: o que acontece quando jogamos
Para os fãs, The Sims é um jogo muito reconfortante, afinal criar um espaço seguro e divertido no jogo traz ótimas sensações. Mas será que são só benefícios?
A análise psicológica de The Sims da Eurekka vai te mostrar pontos vitais sobre o jogo virtual. Confira!
Fuga da realidade
O doutor em Psicologia Experimental Andy Przybylski disse ao site Irish Health que “o que torna os videogames atrativos e divertidos é que eles dão às pessoas a chance de assumir o papel que as pessoas gostariam de desempenhar idealmente”.
Ou seja, a fuga da realidade que o jogo proporciona pode ser fator vital para que ele seja tão famoso. Afinal, se você gostaria de ter uma vida diferente da que leva hoje em dia, pode resolver isso criando um avatar interessante e bem sucedido, por exemplo.
Contudo, essa fuga da realidade pode ser prejudicial. Isso porque se desconectar da vida real faz com que você esteja cada vez mais distante de conquistar os seus objetivos. É como se você colocasse toda a sua autorrealização no videogame e acabasse deixando sua vida real de lado.
Afinal, precisamos correr atrás do que queremos para ter uma vida feliz e saudável e não apenas nos contentarmos com o virtual, não é mesmo?
Mas calma, a fuga da realidade nem sempre é ruim! Durante a pandemia, o jogo voltou a fazer sucesso, e isso pode ser explicado pelo fato de que estávamos de mãos atadas na vida real. Então, foi um alívio enquanto nos adaptamos à rotina da quarentena ter algo com que se distrair e, de certa forma, remetar a nossa rotina normal, além de reduzir o estresse, conforme estudo do site Comfy Sacks.
Criação de uma personalidade
Uma parte importante do jogo é criar o seu personagem. Aliás, muitas pessoas demoram tanto tempo nessa fase que ficam desestimuladas a jogar o jogo real, com suas tarefas do dia a dia.
Isso acontece, porque criar uma personalidade online pode ter um fator psicológico muito forte.
Um estudo feito pelo psicólogo Thaddeus Griebel mostrou que os participantes do estudo colocavam em seus personagens de The Sims características deles próprios, mas também fatores que eles sentiam falta neles mesmos.
Por exemplo: uma pessoa pode ser tímida e criativa na vida real, e criar um personagem no The Sims que seja um artista, mas super-extrovertido, já que este era o seu desejo na vida real.
Se essa questão for bem trabalhada em terapia, por exemplo, pode ajudar no processo de autoconhecimento e de amadurecimento emocional. Assim, a pessoa entende melhor o que quer para si e o que pode proporcionar em sua vida real, sem precisar do jogo para liberar essas sensações.
Contudo, se a pessoa fica só no jogo o dia todo e não foca em ter mudanças positivas na sua vida, é claro que a história se complica. Independente do jogo, é preciso dar atenção para as suas necessidades da vida real, e não só para as necessidades do personagem!
Controle sobre as ações do jogo
Claro, ter controle sobre as ações do jogo pode trazer muita satisfação para quem joga. Assim, você pode saber tudo que está acontecendo, e mudar os fatores a seu favor. Mas é importante lembrar que a vida real pode ser um pouco mais frustrante do que isso, não é mesmo?
Às vezes, o jogo pode fazer o limiar de frustração baixar, principalmente porque existem os hacks para ganhar muito dinheiro sem ter que trabalhar e para aumentar os status das necessidades do sim, sem ter que realizar ações para que as “barrinhas” encham.
E isso é ruim para o desenvolvimento pessoal, já que na vida real, nós temos que nos mexer para resolver qualquer situação do dia a dia.
No entanto, se o jogador consegue suprir as necessidades seguindo a ordem natural do jogo, é um fator positivo para treinar as responsabilidades da vida real. Afinal, o público-alvo do jogo são os adolescentes, que ainda estão aprendendo a ser responsáveis, além de poderem criar o seu próprio final na simulação virtual.
Que jeito melhor de aprender do que jogando?
Jogar The Sims prejudica nossa mente?
A resposta para essa questão depende de como nós cuidamos do nosso corpo e da nossa mente em todos os momentos das nossas vidas, e não só na hora do jogo.
Ou seja, é preciso que você tenha um cuidado mínimo para estar bem, independente de jogar jogos de simulação ou não. Não há problema algum em jogar The Sims, contanto que você não coloque todas as suas fontes de realização no jogo e não se esqueça da vida real.
Além disso, é importante separar um momento específico do seu dia para jogar, de modo a não deixar afazeres de lado para cuidar do Sim o tempo todo.
O ideal é dormir bem, não se esquecer de passar um tempo longe das telas (pela saúde dos seus olhos) e, em especial, estar com a terapia em dia. Como já falamos antes, você pode até aproveitar para refletir sobre o seu propósito no jogo e abordar isso na terapia.
Então, não deixe de jogar por conta de padrões que você percebe. A melhor estratégia é começar a terapia e usar suas anotações mentais para melhorar o seu desempenho na vida real.
Ei! Se você chegou até aqui não deixe de nos acompanhar nas redes sociais:
Referências Bibliográficas
MOTA, Jéssica; THOMAZ, Marcos; QUEIROZ E MELO, Maria. O jogo The Sims como tela de projeção e elaboração de experiências. Estudos e Pesquisas em Psicologia, Rio de Janeiro, v. 15, n. 4, p. 1465-1483. 2015. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revispsi/article/view/20284/14615. Acesso em 30/01/2023.
SALEME, Samira Bissoli; QUEIROZ, Sávio Silveira de. Descrição e classificação de interações sociais virtuais no jogo The Sims. Ciênc. cogn., Rio de Janeiro, v. 14, n. 2, p. 210-224, jul. 2009. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-58212009000200014. Acesso em 30 /01/2023.
One reply on “Análise psicológica de The Sims: qual o fator psicológico do jogo?”
Que gerações? Esse jogo foi lançado em 2000 e uma geração leva por volta de 20, então ele marcou uma geração só. Ano 2000 foi relativamente há pouco tempo, não deu tempo de marcar “gerações”, só uma. Muitas pessoas que jogaram ou aí da jogam esse jogo hoje são adultas, mas são jovens. Achei exagero falar que marcou gerações no plural, não deu tempo pra isso.
E no caso do início do texto, a preocupação seria, especificamente, mais com as crianças e adolescentes, porque jovens os adultos também são e jogam esse jogo.