Análise psicológica de Gato de Botas 2: ansiedade e família
Equipe Eurekka
Atenção, fã de filmes de animação e contos de fadas! Para você que amou o universo de Shrek e todos os personagens que ele apresentou, trouxemos hoje uma análise psicológica de Gato de Botas 2: o último desejo!
Na primeira aventura do Gato de Botas, lançada em 2011, ele se envolve com feijões mágicos e ovos de ouro e aprende o verdadeiro significado de honra. Além de trazer reflexões profundas sobre perdão e amizade.
E, nessa continuação, seu desafio é ainda maior e envolve muitas questões psicológicas. Confira!
Índice
Resumo do filme Gato de Botas 2: o último desejo
Gato de Botas sempre foi um animal aventureiro, ousado, guerreiro e até mesmo inconsequente. Só que, essa vibração pela aventura lhe cobrou um preço: Gato acabou gastando oito de suas nove vidas.
Então, ele parte para uma missão, com a ajuda de Kitty Pata Mansa e um recém-amigo cachorro, em prol de encontrar a Estrela dos Desejos. Se conseguir, terá suas vidas restauradas. Caso contrário, a morte o levará.
A narrativa ainda conta com personagens clássicos como Cachinhos Dourados e os Três Ursos e João Trombeta, que tentam chegar à Estrela primeiro que o Gato de Botas.
Análise Psicológica de Gato de Botas 2
Numa história mágica, engraçada e envolvente, Gato de Botas 2 tem algumas reflexões valiosas para mostrar.
Isso porque, ainda mais que nos anteriores, a produção do filme enriqueceu a personalidade de Gato e seus amigos com características e sentimentos humanos, o que gera no espectador muita empatia e até mesmo identificação.
E a seguir está a nossa análise psicológica de Gato de Botas 2, que pode conter alguns spoilers. Portanto, caso não tenha assistido o filme, salve o texto e retorne mais tarde, após ter visto, para entender a moral da história!
A crise de ansiedade e pânico do Gato de Botas
Apesar de ser alertado que sua última vida corria perigo, Gato continuou vivendo seu estilo de vida cheio de confusões e boemia, tanto que, depois do diagnóstico, ele foi para o bar para descontrair. Entretanto, ele acaba se deparando com um possível caçador de recompensas, um lobo amedrontador, que anseia leva-lo com ele.
Então, quando Gato o desafia, mas não consegue vencer a luta, toda a sua confiança é colocada em dúvida. Ele não entende sua vulnerabilidade num primeiro momento, já que sempre quis construir uma imagem confiante de si, cheia de heroísmo.
Em suas crises durante o filme ele, inclusive, vê um último reslumbre de suas vidas passadas. Gato não entende como enfrentar essa nova sensação apavorante. Ele se sente com medo e perdido, e não tem coragem para enfrentar o que o está afligindo.
Além disso, sempre que ele ouve ou vê algo que lembra o seu inimigo, seus pelos eriçam, sua mente cria ilusões que causam tontura e ele perde o fôlego. Assim, podemos ver que o trauma causado pela luta gera no gato sintomas de ansiedade e alto nível de estresse.
Inclusive, num momento em específico, quem o ajuda a se tranquilizar num dos episódios de crise é o seu amigo cachorro, que apenas encosta sua cabeça na barriga do Gato. Nesse gesto de carinho, o nervoso logo passa e até mesmo entendemos um dos benefícios dos pets na saúde mental e também como ajudar alguém em crise.
Redefinição do conceito de família
Você conhece a história de Cachinhos Dourados e os Três Ursos?
A princípio, é sobre uma garota perdida na floresta que, ao final, foi adotada por uma família de ursos.
Durante o filme Gato de Botas 2, Cachinhos deseja fazer um pedido à Estrela. Ela quer encontrar seus pais humanos, àqueles que ela perdeu de vista quando era apenas uma criança.
Porém, durante o desenvolvimento de sua trama, a jovem entende que a verdadeira família é quem nos ama e acolhe, e não necessariamente precisa ser alguém com o mesmo sangue que o nosso.
Superação do medo da morte
Antes de tudo, Gato é um personagem destemido e já enfrentou poderosos vilões, até maiores e mais fortes fisicamente do que ele.
Porém, com a chegada do Lobo, ele não consegue usar sua força e habilidades brutas para vencê-lo.
E isso faz com que ele entre numa crise existencial, duvidando da sua identidade e histórico ao longo de sua vida como herói. A falta de autoconfiança diante da ansiedade, faz com que ele tenha pensamentos irreais e duvidosos a respeito de si mesmo.
Tudo isso já é muito sério, mas quando descobrimos que o Lobo, na verdade, é a morte, percebemos que a mensagem é ainda mais profunda.
Ao longo do filme, descobrimos que suas crises estão ligadas ao medo de morrer, já que esse é um “inimigo” que não pode ser combatido fisicamente. Então, Gato vai aprendendo que o melhor jeito de superar o medo da morte não é tentando pará-la, e sim aprendendo a lidar com ela e valorizando cada dia de sua vida.
Além disso, ele percebe que o que importa não é a quantidade de tempo que ele tem, mas o que ele faz com o tempo que lhe é dado, como diria Gandalf de O Senhor dos Anéis.
Assim, ele finalmente entende que é preciso olhar para si com olhos gentis e que não há problemas em ser vulnerável e sentir emoções diversas. E percebe também que as pessoas importam e que é necessário sim criar laços e se permitir amar.
Reflexão sobre o egoísmo e narcisismo
Em Gato de Botas 2: o último desejo, todas as personagens têm a honestidade e humildade desafiadas. Isso porque a Estrela só pode conceder um desejo.
Então, Gato, Kitty, Cachinhos e os três ursos e João Trombeta decidem lutar entre si para ver quem deve ficar com o desejo, e qual pedido vale mais a pena de ser realizado acima do que de qualquer outra pessoa.
Entretanto, um contraste interessante é o do cachorro Perrito. Ele diz que não tem nenhum desejo a ser realizado a ponto de precisar de um poder mágico para isso. Perro comenta que o que tinha vontade já aconteceu, que era ter amigos.
E nisso ele se difere da personalidade do Gato, por exemplo, a qual reflete algumas características narcisistas, como: ele menospreza a vontade alheia para benefício de si próprio, adora que o vangloriem, superestima e exagera suas habilidades e feitios.
Porém, nos últimos momentos do filme, vemos que ele aprende a lidar com um ponto fraco que é comum em pessoas narcisistas: a falta de capacidade de autoanálise.
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Livros fantásticos que também ensinam lições valiosas
A moral do filme Gato de Botas 2 é a de refletir acerca do que — e quem — é importante para nós e o que realmente merece nossa atenção, além de aceitarmos nossas falhas e aprendermos a ser fortes.
Em conclusão, Gato e seus amigos nos ensinam que devemos, e merecemos, viver a vida do jeito mais leve que conseguirmos.
Mas, para isso, precisamos nos cuidar. Nos permitir conhecer nossas maiores qualidades e defeitos faz com que o autoconhecimento se desenvolva. Assim, conseguimos estar mais cientes de quem somos, o que nos afeta e o que acontece ao nosso redor indiretamente.
Então, caso você também precise aprender a se entender, a Eurekka possui uma coletânea de livros com lições valiosas sobre autoconhecimento, família, amigos, felicidade e propósito, medos e muito mais. Já pensou em dar uma olhada? Vai que um deles se torna o seu livro favorito.
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