Análise psicológica de Dahmer: a realidade e os transtornos

Equipe Eurekka

Jeffrey Dahmer chocou o mundo com seus assassinatos nos anos 90. Conhecido como o “Canibal de Milwaukee”, ele foi o responsável pela morte de 17 pessoas entre 1978 e 1991. E a análise psicológica de Dahmer é um tanto quanto interessante.

Mas para deixar o caso ainda mais misterioso, em 2022, a Netflix lançou a série “Dahmer: O Canibal Americano”, que conta a história desse serial killer. Com o lançamento, surgiram questionamentos referente à veracidade dos fatos apresentados nela e sobre o estado psicológico do assassino. 

Afinal, Dahmer era um psicopata, certo? 

Se você quer entender mais sobre a análise psicológica de Dahmer, esse texto vai falar sobre possíveis diagnósticos do serial killer e desmistificar alguns aspectos sobre ele que caíram no senso comum. E é claro que precisamos te avisar que esse texto contém spoilers.

Boa leitura!

Dahmer real e Dahmer da série
Reprodução | Netflix

Quem foi Jeffrey Dahmer de verdade?

Vamos começar falando um pouco sobre a vida do Canibal de Milwaukee. Quem foi Jeffrey Dahmer?

Até os 6 anos de idade, Dahmer era uma criança típica. Até que, nessa mesma idade, passou por uma cirurgia de hérnia. Depois disso, começou a apresentar comportamentos diferentes do esperado para crianças da sua idade: como dissecar animais mortos. Com 8 anos, se tornou evidente que ele tinha falta de habilidades sociais

Já no início da adolescência, aos 13 anos, começou a apresentar problemas com alcoolismo. Durante os anos que se seguiram, não formou vínculos fortes ou amizades significativas. Assim, era conhecido na escola como o “esquisitão” que, por vezes, fazia os outros rirem para chamar atenção.

Em uma entrevista ao repórter Stone Phillips, Dahmer afirma que entre os 14 e os 15 anos passou a ter pensamentos violentos. Aos 16, já havia pensado em matar, mas não cedeu à vontade. Finalmente, aos 18 anos, comete seu primeiro assassinato, em 1978. Dahmer só mataria de novo em 1984.

Segundo ele, nessa mesma entrevista, foi a partir do segundo assassinato que desistiu de resistir à vontade de matar. 

analise-psicologica-de-dahmer

Tudo o que a série mostra é real?

Mas e a série? Ela se baseia em fatos reais ou é de ficção? A resposta é: um pouco de cada! A série mistura aspectos da história real de Dahmer com alguns toques de ficção. Vamos falar um pouco sobre alguns dos principais pontos que foram maquiados pela série.

Um dos pontos fictícios da série foi sobre Glenda Cleveland. Enquanto no seriado ela mora no apartamento ao lado do Dahmer, na vida real eles apenas moravam na mesma rua. A personagem foi, então, uma fusão de Glenda e Pamela Bass, que era de fato vizinha de Dahmer — moravam no mesmo prédio. 

Além disso, um ponto que a série aumentou é no que diz respeito ao destino dos policiais que negligenciaram a investigação de Dahmer. Um desses momentos de descaso foi quando eles entraram no apartamento de Jeffrey por conta de reclamações de vizinhas. 

Nesse momento, dois oficiais fizeram vista grossa na investigação do apartamento. Com isso, os restos mortais que eram mantidos ali não foram encontrados. Esse fato fez com que Jeffrey continuasse livre e fizesse mais vítimas. 

Esses policiais, na série, ganharam o prêmio de “policial do ano”. Entretanto, na realidade eles foram demitidos pelo chefe de polícia Philip Arreola. Mais tarde, em 1994, ambos foram reintegrados por um juiz.

Por fim, mais um ponto que chamou atenção no seriado foi a representação de Dahmer bebendo sangue. Na série, ele bebe uma bolsa de sangue e parece se deliciar com aquilo. Todavia, o assassino falou em depoimento que já provou um frasco de sangue, mas que cuspiu logo em seguida.  

Análise psicológica de Dahmer

Enfim, tendo visto um pouco sobre a sua vida, qual seria a análise psicológica de Dahmer?

Com uma observação dos atos de Jeffrey e, em especial, de suas motivações, é possível perceber algumas características bastante evidentes. Um dos aspectos mais latentes de Dahmer é seu medo de ser abandonado. Esse é, segundo ele mesmo, o motivo pelo qual matava e comia suas vítimas. Assim, conseguia mantê-las por perto. 

Além disso, ele tinha dificuldades em formar vínculos significativos e via as pessoas como objetos. Ainda, tinha surtos de raiva, momentos em que cometeu os primeiros assassinatos. Depois das primeiras mortes que causou, sentiu que seria impossível parar — e deixou de tentar. Assim, pode-se dizer que ele desenvolveu uma compulsão por matar.

Mas o que fez ele ser assim? Vamos falar a seguir sobre aspectos da sua infância que podem ter influenciado sua personalidade

analise psicológica da infância de Dahmer

A infância e adolescência dele influenciam na personalidade?

Quando se fala de infância, a primeira coisa que vem à mente é a relação da criança com os pais. E o relacionamento de Dahmer com seus pais não era dos melhores.

A mãe sofreu de depressão pós-parto e o pai priorizava a carreira, então passava a maior parte do tempo trabalhando ou estudando.

Ainda assim, Jeffrey não relata ter passado por uma infância triste. Segundo ele, houve momentos ruins, mas também momentos bons. Contudo, mesmo que Dahmer não tenha sofrido abusos dos pais, eles negligenciaram suas emoções. Um exemplo disso é quando foi abandonado em casa, sem dinheiro ou comida, por ambos. 

Essa falta de apreço que sua família demonstrava por ele pode ter afetado sua visão das pessoas. Assim, isso pode ter sido um fator responsável para que ele tivesse dificuldades em estabelecer vínculos. Enfim, essa experiência de abandono real pela qual passou possivelmente causou nele um medo excessivo de ser abandonado, desamparado, novamente. 

Jeffrey Dahmer era psicopata?

Então, se Dahmer tinha dificuldade em se relacionar com as pessoas, isso quer dizer que ele era psicopata?

Não! O traço principal da psicopatia é o sentimento de indiferença e a violação dos direitos dos outros. Essa característica surge na infância ou no início da adolescência e permanece na vida adulta. Além disso, é comum que exista uma relutância em seguir regras. 

No caso de Dahmer, ainda que ele, na vida adulta, tivesse uma falta de empatia, ele não tinha um problema com as regras. Sua dificuldade em seguir as leis se relaciona ao desejo de matar. Já em psicopatas, o desejo por descumprir regras e leis está relacionado à sensação de que nunca serão pegos, que está relacionado ao narcisismo.

Então, serial killers que são psicopatas tendem a se orgulhar dos seus crimes. Ao contrário, Dahmer diz que gostaria de nunca ter cometido o primeiro assassinato; assim como relata a sensação de descontrole depois de fazê-lo.

Jeffrey Dahrmer sendo julgado

Jeffrey Dahmer tinha que transtorno?

Agora que você já sabe que Dahmer não era um psicopata deve estar se perguntando “o que ele era então?”. Há diversas hipóteses sobre os transtornos psiquiátricos de Dahmer. Vamos abordar algumas delas. 

Transtorno de Personalidade Esquizóide – TPE

Há fontes que dizem que Dahmer tinha Transtorno de Personalidade Esquizóide. Este é marcado pela falta de desejo de construir relações afetivas íntimas com alguém. Assim como ter poucas — ou nenhuma — atividade que lhe proporciona prazer. 

Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT)

Além disso, uma possibilidade pouco discutida é a de Dahmer ter passado por um Transtorno de Estresse Pós Traumático (TEPT). Como dito acima, Jeffrey passou por uma cirurgia de hérnia na infância. Antes disso, ele era uma criança alegre e típica — nada sobre ele chamava atenção. Contudo, após essa cirurgia, sua personalidade mudou por completo.

Não avisaram a Dahmer o que aconteceria na cirurgia. Essa incerteza o fez ficar muito assustado e imaginar que pessoas estranhas explorariam seu corpo aberto. Depois dessa experiência, se tornou uma criança quieta e introspectiva. Foi quando começou a dissecar os animais que encontrava.

O TEPT pode ocorrer após a experiência de um grande trauma, que pode ser uma lesão grave, um risco de morte ou uma violência sexual. Dessa forma, pode-se especular que não saber o que aconteceria com o seu corpo e, posteriormente, ver os curativos, pode ter sido desesperador.

Assim, o TEPT, na infância, é caracterizado por brincadeiras que remetem ao trauma. No caso de Dahmer, é possível considerar dissecar os animais como uma forma de reviver o que acreditava ter acontecido consigo. Além disso, são comuns alterações negativas no humor — como passar a ter surtos de raiva e falta de alegria.

Ainda, crenças de que o mundo é ruim ou de que você mesmo é mau são comuns no TEPT. Assim como crenças distorcidas relacionadas ao trauma (como pensar que pessoas estranhas mexeram em seu corpo). Além disso, o interesse por atividades e por se relacionar com as pessoas pode diminuir. 

Transtorno de Personalidade de Borderline

Por fim, a hipótese mais discutida é a de que Dahmer teria o diagnóstico de Transtorno de Personalidade Borderline. Neste, há um medo muito grande de abandono e uma impulsividade em áreas autodestrutivas (o que pode corroborar para o vício em álcool, por exemplo).

Além disso, é comum ter sentimentos muito oscilantes sobre as pessoas. Ainda, muita raiva e dificuldade de controlá-la também são características do transtorno. Essa raiva pode resultar em agressões físicas e brigas recorrentes. Por fim, o Transtorno de Personalidade Borderline também reflete em instabilidade quanto à autoimagem.

Enfim, entendemos que Dahmer possuía uma série de problemas comportamentais e emocionais. Contudo estes não podem, hoje, ser relacionados, com absoluta certeza, a um transtorno específico, já que os laudos são insuficientes.

fundadores da psicoterapia da Eurekka

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