Análise psicológica de Atypical: um olhar sobre a vida de Sam
Equipe Eurekka
Muitas produções sobre o autismo já foram feitas, mas essa ganhou o coração do público. Seja pelos personagens ou pelo modo delicado com que retratam o transtorno, o fato é que essa série se mostrou excepcional, por isso hoje trouxemos uma análise psicológica de Atypical.
Neste texto, você vai encontrar um resumo do que acontece, detalhes sobre o autismo de Sam, um olhar da psicologia sobre as situações da série e o que podemos aprender com a história.
Boa leitura!
Índice
Resumo de Atypical
Atypical conta a história de Sam, um jovem de 18 anos que foi diagnosticado com o transtorno de espectro autista na infância.
A série inicia no período em que ele está no Ensino Médio e começando a pensar na faculdade. Assim, podemos acompanhar como ele lida com essa fase de transição para a vida adulta, seus dilemas, conquistas e dificuldades.
Outro ponto do qual a série parte é a vontade do Sam de conseguir uma namorada. Aliás, isso é tratado com muito bom humor, principalmente as tentativas de Sam de entender a lógica do namoro e dos contratos sociais implícitos.
Além disso, a série também se aprofunda na família de Sam, no modo como eles lidam com o autismo e as questões que eles enfrentam em suas próprias vidas.
Qual o tipo de autismo do Sam?
O tipo de autismo de Sam é o tipo 1, ou seja, é o transtorno de espectro autista leve. Nesse caso, como visto na série, ele não tem nenhum comprometimento intelectual, portanto, sua maior dificuldade são as interações sociais.
Como visto na classificação do DSM – 5 sobre o autismo nível 1:
“Dificuldade para iniciar interações sociais e exemplos claros de respostas atípicas ou sem sucesso a aberturas sociais dos outros. Pode parecer apresentar interesse reduzido por interações sociais. Por exemplo, uma pessoa que consegue falar frases completas e envolver-se na comunicação, embora apresente falhas na conversação com os outros e cujas tentativas de fazer amizades são estranhas e comumente malsucedidas.”
Análise psicológica de Atypical
Agora que você já entendeu qual o tipo de autismo de Sam, vamos para a análise psicológica de Atypical?
O dia a dia de uma pessoa portadora de TEA
Na rotina de Sam, podemos observar como o autismo se manifesta nas situações cotidianas. E um dos traços mais marcantes são os comportamentos restritos e repetitivos do protagonista.
Sam segue uma rotina fixa, sendo que as mudanças o deixam estressado. Ele sempre faz listas quando precisa pensar sobre algo e usa sempre o mesmo tipo de roupa. Fatos que também estão de acordo com o DSM – 5:
“Insistência nas mesmas coisas, adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualizados de comportamento verbal ou não verbal.”
Além disso, também podemos ver que ele sempre adota comportamentos repetitivos como balançar canetas e mexer em elásticos. Aliás, no primeiro episódio já é possível observar essa mania.
Também podemos ver o hábito de andar em círculos, mexer o corpo e repetir palavras-chaves, principalmente quando está nervoso.
Outro fator na rotina de Sam que retrata bem o autismo é a sensibilidade a sons, texturas, luzes e toques. Tanto que a marca registrada do protagonista são os fones de ouvido, que são usados para abafar o som ao seu redor.
Também podemos ver como ele não lida bem com luzes fortes e contato corporal com certos objetos e até mesmo pessoas.
Rede de apoio
A série retrata muito bem a importância da rede de apoio. Sam sempre tem pessoas com quem ele pode contar: a terapeuta, os pais, a irmã Casey, seu amigo Zahid e, depois, sua namorada Paige, entre outros.
E é interessante ver como, nos momentos de crise, Casey sabe o que fazer para acalmar o irmão e cuidar dele. Os dois têm, para além dos laços de sangue, uma amizade verdadeira, com paciência, compreensão e amor.
A mãe de Sam, Elsa, também se mostra uma peça importantíssima na vida de Sam. Ela cuida de tudo nos mínimos detalhes para que ele se sinta bem, como, por exemplo, comprar sempre as camisas de algodão que ele gosta, além de fazer o máximo para se adaptar à rotina dele.
E essa personagem também nos mostra o lado não romantizado da maternidade, ainda mais se tratando de criar um filho diagnosticado com autismo. É possível observar como ela também precisa da sua própria rede de apoio e, muitas vezes, se sente sobrecarregada com sua jornada diária.
Outra situação que mostra muito bem a importância da rede de apoio, é quando Paige consegue convencer a escola a fazer um baile silencioso, que seria acessível para pessoas autistas. Assim, ao invés de luzes fortes e música alta, cada pessoa escutava a música em seus fones de ouvido.
Essa ação revela também a necessidade de ações inclusivas nas escolas e em outros ambientes.
Relacionamento amoroso
No começo da série, Sam decide que precisa conseguir uma namorada. Para isso, ele conta com a ajuda de Zahid e da família. Porém, com a dificuldade de entender os padrões sociais, isso acaba não dando muito certo no início.
E, essa falta de compreensão dos diferentes contextos relacionais e as nuances que isso implica, também é destacada no DSM-5, como visto a seguir:
“Déficits na reciprocidade socioemocional, variando, por exemplo, de abordagem social anormal e dificuldade para estabelecer uma conversa normal a compartilhamento reduzido de interesses, emoções ou afeto, a dificuldade para iniciar ou responder a interações sociais.”
A situação só melhora quando ele conhece Paige e ela acaba fazendo de tudo para se adaptar ao Sam. Assim, ele também acaba se esforçando para entender melhor como funcionam os relacionamentos amorosos.
Também é interessante ver como Sam reage aos relacionamentos da irmã, de forma que ela se sente acolhida por ele e não julgada, o que mostra outro traço muito bonito na relação dos dois.
E outra questão também é o relacionamento de Elsa e Doug, que passa por altos e baixos durante a série, mostrando as dificuldades do casamento e a sobrecarga que pode acontecer durante a criação dos filhos.
Interesses fixos
Um traço que a série mostra e que também é um sintoma de pessoas com autismo são os interesses fixos de Sam.
Na história vemos que ele é apaixonado por pinguins e pela Antártida. Ele sabe tudo sobre o assunto e se interessa por tudo que tem a ver com esses tópicos. Tanto que o lugar de conforto de Sam é um aquário que tem vários pinguins.
Além disso, tem momentos em que ele até mesmo diz que queria morar na Antártida por ser silencioso, o que pode se relacionar também com sua sensibilidade a barulhos.
O tratamento terapêutico
Esse ponto não poderia faltar em uma análise psicológica de Atypical.
Na trajetória de Sam, podemos ver como a terapia é importante, tanto para o portador do transtorno de espectro autista, quanto para os familiares e pessoas que o cercam.
Isso porque o psicólogo é o mais adequado para ajudar a pessoa a lidar com os sintomas e melhorar sua qualidade de vida. Ele também ajuda as pessoas próximas a lidarem com a situação de forma saudável, de modo que elas aprendam as técnicas e ferramentas certas para o caso.
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A autonomia de Sam
Algo com que a mãe de Sam sofre muito é quando ele começa a tomar as rédeas da orópria vida. Como, por exemplo, quando decide ir para a faculdade, morar com Zahid, namorar e ir para a Antártida.
Todas essas situações se mostram muito difíceis para ela, pois o fato de ter cuidado dele a vida toda faz com que ela desenvolva um instinto muito protetivo em relação a ele, de modo que vê-lo tomando suas próprias decisões chega a ser doloroso.
Mas é interessante notar que, aos poucos, ela vai se acostumando com a ideia. Dessa forma, Sam também começa a aprender a lidar com situações do cotidiano que são difíceis para uma pessoa com TEA, como ter um colega de quarto.
Ao fazer uma análise psicológica de Atypical, percebemos que o personagem tem um desenvolvimento grande durante a série, de modo que com o tratamento adequado + rede de apoio ele consegue lidar com muitas situações novas e até mesmo aprender a se entender melhor.
Neuroatípicos
Como falamos alguns tópicos acima, Sam tem autismo leve, mas ele começa a frequentar um grupo de apoio para autistas e lá ele conhece pessoas com diferentes graus do TEA.
Se você assistiu à série, percebeu que cada um se comporta de uma maneira e enfrenta questões diferentes, e isso se dá por conta dos níveis de gravidade do autismo, os quais se manifestam de maneiras diferentes.
E é interessante a série trazer os diversos tipos de autismo para mostrar que nem todas as pessoas que têm o transtorno se comportam de modo parecido com Sam, que tem um tipo leve.
O que podemos aprender com a série Atypical?
A primeira coisa que nós podemos aprender com Atypical é a ver o autismo com outros olhos. Muitas vezes, pessoas com TEA não são compreendidas e acabam sendo taxadas de “esquisitas”, “solitárias” e “agressivas”.
Mas a série quebra esse paradigma, mostrando como uma pessoa com autismo se sente e como ela pensa, de modo que podemos entender melhor esse transtorno.
Além disso, também podemos aprender que ter amigos fiéis é mais importante que ter amigos perfeitos. Diversas vezes podemos ver os amigos de Sam tendo comportamentos estranhos, como Zahid com seu modo de agir excêntrico e Paige com seu jeito ansioso.
Todos eles são vistos como “estranhos”, mas todos se mostram amigos leais e que acrescentam muito na vida de Sam. Mesmo que cada um enfrente suas próprias dificuldades, eles estão sempre lá para apoiá-lo.
Também podemos aprender como a maternidade pode ser cansativa e que é necessário o diálogo, divisão de tarefas e tempo de descanso e qualidade, evitando transtornos como a depressão e o burnout.
Atypical nos ensina sobre diversidade, lealdade, superação, amor e perdão.
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