O impacto do filme A Mulher Rei e os traumas da protagonista
Equipe Eurekka
Hollywood é um dos grandes berços do cinema. Vemos filmes super bem produzidos sobre poderosos super heróis, como o Capitão América, símbolo estadunidense. Mas, no texto de hoje, a Eurekka vai falar de uma nobre líder, guerreira de um povo africano, que carrega grandes fardos e dores. Falaremos sobre A Mulher Rei e os traumas.
O filme conta a história da General Nanisca (Viola Davis), uma Agojie, grupo de elite de guerreiras que protegiam o reino africano de Daomé nos anos 1800. Assim, na história, Nanisca irá treinar uma nova geração de soldadas para a batalha contra um inimigo estrangeiro que tem o apoio dos portugueses, interessados no tráfico negreiro.
Além disso, o filme perpassa frenéticos momentos históricos, discute sobre a identidade cultural e entrega um valioso conto sobre a complexa construção de uma mulher forte, Nanisca.
Então, se aprofunde ainda mais nesse história incrível com esse texto que traz considerações importantes sobre o enredo da trama.
Boa leitura!
Índice
Por que a história de A Mulher Rei é tão importante?
A história de “A Mulher Rei” aborda temas relevantes e atuais, como a igualdade de gênero e a liderança feminina num ambiente de opressão e injustiça.
Dessa forma, o filme apresenta uma personagem principal forte e corajosa, que luta contra as tradições patriarcais de sua sociedade e prova sua habilidade para governar.
Mas, por que essa abordagem é necessária?
Pelo motivo que a representação positiva de mulheres em posições de poder é ainda rara na cultura popular, e essas histórias podem inspirar mulheres a buscarem liderança e igualdade. Além disso, faz com que possamos entender mais a pluralidade de culturas e a dor do próximo.
Numa entrevista para o AdoroCinema, Viola Davis, atriz que interpreta Nanisca disse:
“Essa é uma importante questão para as mulheres negras ao redor do mundo, que agora têm opções de se ver nas telas. Elas têm a chance de serem vistas de uma maneira que realmente não vimos antes […].
[Em A Mulher Rei] elas se vêem como valiosas e, esperançosamente, isso ajudará as mulheres negras a explorar esse espírito guerreiro que elas têm dentro delas, porque tudo vem de pontos de vista no filme. E é muito, muito importante que as mulheres negras vejam que podem avançar, porque não precisa ser uma presença masculina, nem precisa ser uma presença branca.”
A história real por trás da Mulher Rei
Se lembra de quando estava na escola, na aula de história, e aprendeu sobre o período colonial brasileiro?
Pois bem, a história de A Mulher Rei traz reflexões sobre esse momento histórico que aconteceu na vida real de nossos antepassados, há muito tempo atrás.
O filme trata do impacto que esses fatos da história tiveram na vida dos povos forçadamente subordinados no continente africano, antes de serem tirados de suas terras e enviados ao Brasil. Por meio dessa conscientização aprendemos, inclusive, que temos que respeitar nossas dores e a dos outros.
Essa produção cinematográfica também se baseia numa história real de um exército de mulheres guerreiras, as Agojies, que viviam exclusivamente em defesa do local em que viviam.
A Mulher Rei e os traumas
A Mulher Rei e os o traumas desenvolvidos pelas personagens na luta contra a opressão é um tema muito sensível e presente em toda a narrativa.
A personagem Nawi, por exemplo, é apresentada como uma jovem guerreira que carrega traumas de sua infância por conta de sua família. Ela enfrenta desafios para superar essas dificuldades e provar que pode ser uma boa guerreira Agojie, o que é uma metáfora para a jornada de muitas pessoas que buscam superar traumas pessoais.
Conjuntamente, o filme desenvolve traumas coletivos, como a opressão e a discriminação enfrentadas por mulheres e outros grupos marginalizados.
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A vulnerabilidade de Nanisca
Para que sua curiosidade seja despertada sem que nada crucial do filme seja entregue, não traremos spoilers a seguir. No entanto, precisamos ir mais a fundo na grandiosidade de A Mulher Rei para podermos falar sobre a vulnerabilidade de Nanisca.
Lider das Agojies, Nanisca é uma das figuras mais temidas dali e carrega a responsabilidade de tomar decisões guerrilheiras cruciais a todo momento, ainda mais quando seu povo começa a ser ameaçado.
Ao longo da narrativa, percebemos que Nanisca construiu uma “casca” grossa em torno de si para aguentar a responsabilidade de ser uma líder respeitada. Em alguns momentos, no entanto, ela se esconde e vai para o canto chorar por conta da pressão dos outros e de si mesma, nunca ouvindo seu “eu” interior.
Ela não gosta de mostrar vulnerabilidade, mas o único jeito de corajosamente enfrentar seu passado, que vem à tona personificado na personagem Nawi e num dos antagonistas, é entendendo e respeitando suas dúvidas, inseguranças e sentimentos, e que ser vulnerável sobre sua essência não a faz menos forte. Pelo contrário, dá mais força para lutar.
A Mulher Rei, Pantera Negra e Ela seria o rei
A Mulher Rei, assim como Pantera Negra, são filmes que mostram o poder que países africanos têm de serem autossuficientes na sua cultura, e que também podem protagonizar diversas histórias incríveis e envolventes.
Esses dois filmes quebram o estereótipo do homem branco e guerreiro europeu, de forma a contar a história do outro ponto de vista, tirando a visão do colonizador e dando ouvidos ao que os povos africanos têm a dizer sobre sua cultura, luta e história.
Além disso, também vemos esse cenário nos livros, como em Ela seria o rei. A obra traz uma narrativa muito parecida com a trama de A Mulher Rei e os traumas gerados por diversos fatores, discutindo, assim, sobre a posição da mulher negra na sociedade, os impactos da colonização e as diferentes culturas que nos cercam.
O livro intercruza três vidas diferentes. Primeiro, Lai, que nasceu na aldeia de Gbessa. Porém, ao nascer, ela é amaldiçoada e exilada de seu povo, pela suspeita de que fosse uma bruxa. Assim, depois de ser mordida por uma cobra e deixada para morrer, ela sobrevive.
Já em uma plantação na Virgínia, June Dey, nascido como escravizado, esconde sua força incomum, até que um confronto o obriga a fugir. E, nas montanhas azuis da Jamaica, Norman Aragon, filho de um colonizador britânico branco e de uma escravizada Maroon, herdou o dom da mãe e consegue ficar invisível.
Como dito anteriormente, essas perspectivas de personagens negros poderosos inspiram uma sociedade mais igualitária e respeitosa.
Essa negritude consiste em afirmar e definir a própria identidade. Junto a isso, o combate a aqueles que querem apagar demais culturas africanas e descendentes e, principalmente, a valorização dessa mesma diversidade.
Cinema & Livros
As histórias contadas nos cinemas e nos livros evidenciam o quanto a pluralidade é necessária.
Por meio delas, entendemos diferentes vivências, contextos, dores e denúncias que cada ser humano ao redor do planeta passa.
Ainda, há a possibilidade nos reconhecermos nas personagens, pois carregam sentimentos que podemos estar sentindo no momento em que consumimos aquilo. Isso gera uma sensação de conforto, pois nos vemos naquilo e raciocinamos que não estamos sozinhos. Vemos que nossa dor é real e precisa ser respeitada e levada à sério para, enfim, sermos curados.
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Referências Bibliográficas
ANDERY, Maria. Comportamento e cultura na perspectiva da análise do comportamento. Núcleo Paradigma, [S. l.], p. 207, 1 jan. 2023. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/pac/v2n2/v2n2a06.pdf. Acesso em: 3 fev. 2023.
AGUILAR, Nubia. “A Mulher Rei” e a oportunidade para se pensar o continente africano. [S. l.], 18 out. 2022. Disponível em: https://jornal.usp.br/artigos/a-mulher-rei-e-a-oportunidade-para-se-pensar-o-continente-africano/. Acesso em: 11 fev. 2023.
A MULHER Rei: “Hollywood nunca vai fazer isso”, Viola Davis achava difícil ver um filme liderado apenas por mulheres negras (Entrevista). [S. l.], 22 set. 2023. Disponível em: https://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-165849/. Acesso em: 11 fev. 2023.
2 replies on “O impacto do filme A Mulher Rei e os traumas da protagonista”
Parabéns ?? pelo texto cultura psicologia cinema obrigada
Ei, Francieli! Obrigada! Ficamos muito felizes em saber que você gostou do texto!
Abraços,
Gabi da Equipe Eurekka.